Assaí (ASAI3), Carrefour (CRFB3) ou GPA (PCAR3): qual varejista de alimentos se destacou entre os dados prévios do 1º tri?

Analistas apontam que Atacadão, do Carrefour, foi destaque, em meio a mais um trimestre positivo para o atacarejo; GPA é visto com mais ceticismo

Lara Rizério

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Na véspera, as prévias do primeiro trimestre de 2022 das maiores varejistas de alimentos brasileiras foram divulgadas: GPA – Grupo Pão de Açúcar – (PCAR3), Carrefour Brasil (CRFB3) e Assaí (ASAI3), com os dados no geral, apontando para recuperação das companhia versus o quarto trimestre de 2021.

O Assaí teve recorde de vendas para um primeiro trimestre, registrando alta de 21,1% do faturamento na base anual. Já o GPA (PCAR3) teve crescimento de 2,2% de vendas totais em operações continuadas no primeiro trimestre de 2022, chegando a R$ 11,1 bilhões; o número considera lojas do chamado “Novo GPA Brasil”, do Grupo Éxito, braço da companhia no restante da América Latina, e dos postos de combustíveis. O Carrefour, por sua vez, teve aumento de 14% das vendas no 1º trimestre, com ganho de fatia de mercado.

Conforme destaca o Goldman Sachs, a visão sobre os números é positiva, com as vendas aumentando sequencialmente ao longo do trimestre e os volumes se recuperando gradualmente.

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No entanto, avaliam os analistas, as empresas continuam vendo um certo grau de crescimento nominal de vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) relatado abaixo da inflação de alimentos em casa (13,7% em março nos últimos doze meses, segundo o IBGE).

Enquanto isso, consistentemente com trimestres anteriores, o formato cash & carry (ou atacarejo) continuou mostrando um desempenho superior.

A XP ressalta que o destaque positivo foi o Atacadão, a operação de atacarejo do Carrefour, enquanto o negativo foi a operação do GPA Brasil.

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“Entretanto, é importante notar que nós ainda não temos visibilidade da rentabilidade, o que vemos como uma métrica importante para definir o tom da nossa leitura do resultado do primeiro trimestre”, apontam os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas que assinam o relatório.

Eles ainda avaliam que o fechamento das lojas Extra foi um vento a favor para a operação de varejo do Carrefour, uma vez que perderam temporariamente um competidor, e um vento contrário para o GPA Brasil, dado que as suas lojas tiveram questões de ruptura decorrentes de ajustes na malha logística.

A XP ressalta que o fechamento do Extra foi um desafio para o GPA tanto no varejo alimentar (SSS ex-gasolina em alta de 1%) como nos postos de gasolina. Entretanto, a performance do Grupo Éxito continuou forte, com o SSS em alta de 21% na base anual.

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Apesar da operação do varejo do Carrefour continuar abaixo do Atacadão, ela reportou uma forte recuperação trimestral, com SSS em alta de 3,1%, com alimentar crescendo 8,4% enquanto o não-alimentar seguiu fraco (SSS em queda de 5%) principalmente puxado pela categoria de eletrônicos (cerca de 55% do segmento), que caiu duplo-dígito. A XP reforça que o impacto positivo do fechamento de lojas Extra durante o trimestre deve ser temporário, uma vez que as lojas do Assaí devem abrir a partir do terceiro trimestre.

O Credit Suisse também ressalta que o GPA ainda passa por um período de transição pós-desinvestimento das lojas Extra Hiper, com uma logística reorganizada levando a falta de estoques.

Analistas ainda destacaram que a marca premium Pão de Açúcar, que responde por quase metade das ‘novas’ vendas do GPA Brasil, também foi afetada pela menor disponibilidade de produtos importados devido à falta de embalagens.

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Já o Assaí apresentou um desempenho promissor no trimestre, apontam os analistas do Credit, impulsionado por uma sólida execução de vendas com o sortimento correto do portfólio regional e maiores esforços promocionais, apesar das tendências de redução do consumo.

O Itaú BBA ainda avaliou que, mesmo com o desempenho de vendas mais fraco em janeiro, o Assaí registrou crescimento de vendas mesmas lojas de 6,7% no trimestre, desacelerando em relação ao forte 1T21 de 11,2%, mas ressaltando a resiliência do formato cash and carry e marcando uma recuperação da deterioração de 3% registrado no 4T21.

O crescimento acelerado do SSS e a abertura de lojas levaram a receita bruta para R$ 12,5 bilhões, bastante em linha com a expectativa do banco. O banco mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel, e preço-alvo de R$ 21 frente a cotação de terça-feira (19) de R$ 16,34.

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Já para o Carrefour, os analistas do BBA apontam que a companhia registrou bons números tanto no atacarejo quanto no varejo, com ganhos de participação de mercado.

O Itaú BBA ressalta que a varejista ganhou 1 ponto percentual (p.p.) de participação de mercado no 1T22, impulsionado principalmente pelos números do Atacadão. A divisão registrou receita bruta 3% acima das estimativas do banco, impulsionada por ganhos de produtividade – com ganho de SSS de 9,2% (4,7 pontos percentuais acima das estimativas) – e expansão da área.

A divisão de varejo se beneficiou de uma recuperação nos volumes da categoria de alimentos no 1T22. O SSS (ex-gasolina) atingiu 3,1% (impactado pelo momento ainda negativo nas categorias não-alimentos).

Já o banco Carrefour apresentou um crescimento saudável. A alta do faturamento foi de 11% na base anual, sendo positivamente impactado pela performance do cartão de crédito do Atacadão e crescimento do cross sell e novos produtos.

No digital, ressalta a XP, o Carrefour segue com um bom desempenho. O Volume Bruto de Mercadoria (GMV, na sigla em inglês) online do Carrefour seguiu com forte crescimento (alta de 51% na base anual), com alimentar como um destaque (alta de 153%) e o Atacadão sendo um importante vetor desse crescimento uma vez que ele já representa quase 60% do total do GMV alimentar. Dessa forma, o GMV alimentar do CRFB já supera em mais de 40% o do GPA Brasil (excluindo Extra).

Recomendações: GPA é visto com maior ceticismo

O BBA mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para CRFB3, com preço-alvo de R$ 24, ou potencial de valorização de 9% em relação ao fechamento da véspera.

Contudo, apontaram os analistas do banco, dada a valorização da ação nos últimos meses (no acumulado do ano, a ação sobe cerca de 45%), não vê catalisadores claros de curto prazo para a ação até que haja mais informações sobre a evolução do processo de integração com o BIG (particularmente a economia das lojas existentes). Assim, mantém as suas projeções até revisar as estimativas.

O mesmo banco também tem recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 21 (upside de 28,5%) para o Assaí. Os analistas viram os números como em linha com o esperado, mas reconhecem uma possível surpresa positiva para os os investidores após a desaceleração do SSS relatada no quarto trimestre. “No entanto, apesar da atraente avaliação da empresa, acreditamos que quaisquer gatilhos de curto prazo serão altamente dependentes da percepção do mercado sobre as lojas Extra convertidas, que não devem ser inauguradas antes do segundo semestre de 2022”, ressaltam.

O Credit Suisse e o Goldman Sachs possuem recomendações para Assaí e GPA. O banco suíço tem recomendação outperform para ASAI3 com preço-alvo de R$ 20 (upside de 24%) e neutra para PCAR3, com target de R$ 29, ou potencial de alta de 22%. O Goldman também tem visão mais positiva, de compra, para ASAI3, com preço-alvo de R$ 21 (upside de 28,5%), enquanto a recomendação é neutra para o GPA, com preço-alvo de R$ 27 (upside de 14%).

A XP tem preferência pelo Assaí, com recomendação de compra e preço-alvo e R$ 22 (upside de 34%), enquanto Carrefour e GPA têm recomendação neutra, com preços-alvo respectivos de R$ 22 (leve queda de 0,27%) e R$ 32 (upside de 35%). O Morgan Stanley, por sua vez, tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado)  para Carrefour e Assaí, enquanto tem recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para o GPA.

Assim, apesar do Carrefour ser vista como um destaque entre as prévias do 1T22, analistas apontam o forte desempenho no ano para os papéis como um fator limitador para maiores altas da ação, como destacou o BBA, com o grande catalisador sendo mais informações sobre sinergia com o BIG. Enquanto isso, ASAI3 e PCAR3, ainda que também registrem alta no acumulado de 2022, têm ganhos mais modestos do que CRFB3, de 31% e 11% respectivamente. O cenário para o GPA é visto com menor otimismo, enquanto o maior ânimo com o Assaí se destaca justamente pela posição em atacarejo, que tem ganhado espaço em meio a um ambiente de maior inflação, com os consumidores em busca de preços mais baixos.

Assim, a XP destaca que o Assaí deve apresentar um benefício no curto-médio prazo em relação ao cenário macro mais desafiador em que estamos vivendo, sendo um papel defensivo e resiliente, além de apresentar muito crescimento pela frente.

Às 11h11 (horário de Brasília), os ativos ASAI3 eram destaque de alta entre as companhias que divulgaram as prévias, com ganhos de 2,51%, a R$ 16,75, enquanto CRFB3 registrava leves ganhos de 0,73%, a R$ 22,22, e PCAR3 subia 0,21%, a R$ 23,81.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.