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O Assaí (ASAI3) comunicou ontem à noite (7) que seu acionista controlador, o grupo francês Casino, iniciou trabalhos preliminares para uma venda adicional de participação na companhia, implicando em uma diluição de participação de 30,5% para 17,5%, ao preço atual da ação.
Segundo comunicado, a transação deve se concretizar antes da próxima assembleia de acionistas do Assaí, marcada para 27 de abril. Apesar das ações registrarem queda em um dia bastante positivo para o Ibovespa, com baixa de 0,85%, a R$ 17,60, às 12h45 (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) em meio a uma possível pressão vendedora para as ações no curto e no médio prazo, analistas veem a medida como um possível catalisador para os papéis.
Para Credit Suisse, a operação além de melhorar a liquidez das ações de 70% para 82%, aprimora a governança corporativa do Assaí, sinalizando mais um passo adiante para se tornar uma corporação.
Se a transação for concluída, o Assaí proporá mudanças no Conselho de Administração para refletir a participação resultante do Casino na empresa. Assim, no Conselho de Administração reorganizado, o Casino teria no máximo 2 assentos (abaixo dos 5 atuais, de 9 no total), excluindo o CEO Belmiro Gomes, que deve permanecer no Conselho.
Analistas do Credit Suisse ainda ressaltaram que o grupo francês deve buscar monetizar sua participação remanescente no Assaí, sujeito às condições de mercado, de forma a acelerar seu processo de desalavancagem.
O Morgan Stanley, por sua vez, disse acreditar que um caminho para uma participação contínua e reduzida do Casino no Assaí seria bem recebido pelo mercado.
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Se a transação ocorrer e o Casino perder esses 3 assentos, a XP vê como um marco importante para a companhia, potencialmente fazendo com que o mercado deixe de atribuir um desconto de governança no valuation da ação, além de posicioná-la no radar de investidores internacionais.
Na opinião da XP Investimentos, é muito provável que a transação ocorra em pouco tempo, com notícias indicando que ela pode ocorrer ainda no mês de Março.
Analistas da XP acreditam que o Assaí deve aproveitar a AGE de abril com os acionistas para propor novas mudanças em direção a se tornar uma Corporation (sem controlador definido), como a introdução de um plano de stock option mais robusto para seus executivos e a redução do seu poison pill (mecanismo de proteção contra aquisições hostis).
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Com relação à mudanças no conselho, a XP espera que os novos membros: tenham i) habilidades complementares; ii) expertise no segmento; iii) experiências em outros Conselhos; e/ou iv) sejam bem reconhecidos pelo mercado. “Além disso, a companhia deve adicionar um pouco de diversidade na composição dos membros, em linha com a temática ESG”, completam analistas.
Segundo o Goldman Sachs, a redução no participação no capital social do Assaí e manutenção de 2 assentos no conselho tornaria a companhia efetivamente em uma corporation completa.
A equipe de research do banco americano espera que o Assaí reduza a alavancagem financeira ainda mais este ano por meio de sua própria geração de caixa e atinja 2 vezes dívida líquida/Ebitda ao final do ano. Além disso, o CEO mencionou em call após a divulgação do comunicado que uma atualização na política de poison pill (mecanismo de proteção contra aquisição hostil) para 20% (de 25% atualmente) para evitar maior concentração de capital seria discutido na AGE, bem como uma atualização sobre o plano de opção de compra de ações para executivos.
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Em termos de operações, o CEO não espera mudanças relevantes, com foco no curto prazo remanescente nas conversões das lojas Extra adquiridas.
A XP Investimentos reiterou sua recomendação de compra e preço alvo de R$ 27,0/ação, enquanto continua enxergando o Assaí como uma história de crescimento sólido, com fortes resultados e negociando a um valuation atrativo (9,3 vezes o Preço/Lucro para 2024).
O Credit Suisse manteve classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 25, o que representa potencial de valorização de 40,8% frente a cotação de fechamento de terça-feira (7) de R$ 17,75. O Morgan Stanley também reiterou avaliação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 27. Goldman Sachs manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 22.