Aspirador dos EUA está ligado e vai afetar Brasil nos próximos anos, diz economista-chefe da Paineiras

Cenário para o segundo semestre parece não ser um dos mais otimistas, segundo José Carlos Carvalho, economista-chefe da Paineiras Investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Após alguns anos prósperos em economias ao redor do mundo, com ativos valorizados e alta liquidez da economia, o cenário para este segundo semestre parece não ser um dos mais otimistas.

Em entrevista ao programa Papo com Gestor, José Carlos Carvalho, economista-chefe da Paineiras Investimentos, afirmou que o “aspirador” dos Estados Unidos está ligado e que países emergentes, como é o caso do Brasil, serão os mais afetados. “No começo [últimos cinco anos] não sentíamos, porque acreditávamos que o movimento estava sendo feito de forma muito lenta, mas já estamos sentindo um pouco desde o início deste ano”, diz.

“Se você pegar o jornal do México, vai dizer que o peso desvalorizou porque o Lopez Obrador ganhou e a negociação do Nafta está ruim. Se pegar o jornal da Turquia, é porque o Erdogan está influenciando no Banco Central, se pegar o jornal da Argentina vai dizer que o BC local está agindo de maneira incompetente, se pegar o jornal da Austrália vai dizer que é influência da China, se pegar o jornal do Brasil vai dizer que o problema é a eleição. Mas qual é o denominador comum de todos esses países? É essa política restritiva. E isso é uma coisa que vai afetar os mercados emergentes nos próximos anos e está o tempo todo em nossa cabeça”, explica o gestor. 

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Com doutorado em Yale e um dos fundadores da JGP, uma das maiores gestoras do Brasil, Carvalho explica que vamos começar a sentir os efeitos tradicionais de uma política restritiva do Federal Reserve já neste semestre. “Ligaram o aspirador nos EUA, subiram os juros, então o dinheiro vai sair dos mercados emergentes e voltar para os centrais, por isso vemos todas as moedas emergentes se desvalorizando”, diz.

Na opinião do especialista, que administra o fundo Paineiras Hedge, com rentabilidade de 165% do CDI em 11 anos, o Fed será mais agressivo nesses próximos meses e o mesmo deve acontecer com demais economias de países desenvolvidos: “O banco central europeu já avisou que a partir do ano que vem vai parar de comprar ativos, ou seja, deixará de injetar dinheiro na economia, e que a partir de setembro de 2019, vai continuar a subir os juros. Além disso, o banco central do Japão também anunciou que vai parar de intervir na taxa de 10 anos, que começou a subir e afetou a taxa de 10 anos nos EUA”, explica. E alerta os investidores: “É um efeito que vai aumentar, então é bom a gente ter isso em mente”. Confira a entrevista completa neste link.