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O Bitcoin (BTC) caminha para fechar 2021 negociado a menos de US$ 50 mil, com alta de mais de 60% que, embora decepcione quem esperava os US$ 100 mil, segue deixando para trás os investimentos tradicionais – o Ibovespa, por exemplo, encerra 2021 com a primeira queda em seis anos após recuo de 11,92% – de 118.854 pontos no primeiro pregão, a bolsa brasileira fechou no dia 30 de dezembro em 104.822 pontos.
No entanto, apesar do retorno expressivo do Bitcoin, quem olhou apenas para ele no setor de criptomoedas perdeu valorização ainda maior em ativos alternativos – embora mais arriscados, eles provaram que, às vezes, o retorno pode compensar. No que ano que passou, as chamadas altcoins dispararam até 45.000%.
“Estamos entrando em uma fase nova de entendimento e aceitação que as criptomoedas vieram para ficar”, afirma Ricardo Dantas, co-CEO da Foxbit, que ressalta a entrada de grandes instituições e a criação de novos modelos de negócio, incluindo jogos, como os motivos por trás dos recordes. “Além de tudo isso, o momento econômico mundial tem consolidado as criptos como uma nova maneira de investir”, aponta.
A lista do ano é dominada por criptos de duas categorias que marcam épocas distintas do ciclo de mercado. De um lado, projetos rivais do Ethereum (ETH) que ganharam tração em meio a problemas de congestionamento na principal plataforma de contratos inteligentes, oferecendo mais velocidade e baixo custo para rodar aplicativos de finanças descentralizadas (DeFi), que viraram tendência ainda em 2020.
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Nesse campo, a que fez mais barulho foi a Solana (SOL), e nem dois episódios de pane na rede fizeram seu resultado menos impressionante, com alta anual de 9.441%. Ainda assim, seu resultado ficou bem atrás de projetos como a Terra (LUNA), que ganhou força principalmente no final do ano e se tornou uma das principais plataformas de DeFi com o surgimento da nova stablecoin UST.
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Usuários de DeFi também tiveram na Kadena (KDA) uma aposta promissora. Criada por ex-funcionários do JPMorgan, a rede permite transações de até custo zero. O valor de operação também foi o principal motivo de crescimento da Polygon (MATIC), que virou a “casa” de usuários de Ethereum cansados de gastar ETH demais para rodar um contrato inteligente.
Outro setor que marcou o ano foi também o último a surgir: o metaverso. Após o Facebook mudar de nome para Meta no final de outubro, o conceito se popularizou e fez disparar as buscas pela novidade, levando usuários a projetos de blockchain relacionados, como The Sandbox (SAND) e Decentraland (MANA).
Considerado ainda no seu primeiro estágio de desenvolvimento, o metaverso é uma das grandes apostas do ano que vem, segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney, e tem tudo para permitir novos recordes de valorização em ativos que sequer estão no radar do investidor – a campeã de retornos em 2021, por exemplo, já existia desde 2020, mas pouca gente conhecia.
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Veja a lista completa de maiores altas de criptomoedas no ano:
Criptomoeda | Preço em 1º de janeiro de 2021 | Preço em 31 de dezembro de 2021 (às 11h) | Valorização no ano |
Gala (GALA) | US$ 0,001 | US$ 0,47 | +45.825% |
The Sandbox (SAND) | US$ 0,03 | US$ 6,09 | +16.355% |
Axie Infinity (AXS) | US$ 0,54 | US$ 96,89 | +16.249% |
Polygon (MATIC) | US$ 0,02 | US$ 2,62 | +14.553% |
Terra (LUNA) | US$ 0,63 | US$ 90,55 | +13.842% |
Fantom (FTM) | US$ 0,016 | US$ 2,28 | +13.127% |
Solana (SOL) | US$ 1,80 | US$175,77 | +9.441% |
Kadena (KDA) | US$ 0,15 | US$ 13,24 | +9.050% |
Harmony (ONE) | US$ 0,004 | US$ 0,23 | +5.458% |
Decentraland (MANA) | US$ 0,8 | US$ 3,40 | +3.960% |
1. Gala (GALA)
A criptomoeda Gala (GALA) alimenta um ecossistema de jogos do estilo play-to-earn, que permite ganhar dinheiro jogando, e também está ligada ao conceito de metaverso. Criada em 2020 por cofundadores do estúdio de games Zynga, é a moeda digital nativa de uma loja de jogos similar à Steam. Os títulos, porém, estão disponíveis de graça.
Na prática, o usuário precisa ter a moeda para obter itens dentro dos jogos, como roupas, armas e outros itens úteis para avançar nas fases – todos eles são comercializados em formato NFT. Além disso, o token GALA é usado como recompensa para quem roda os nós (servidores) que ajudam a manter a rede em pé.
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Seu crescimento foi meteórico. De apenas US$ 0,001 em janeiro de 2021, o token GALA disparou para US$ 0,71 em novembro. Mesmo após uma correção de cerca de 34%, ela fechou o ano a US$ 0,47, com uma valorização acumulada de impressionantes 45.825%.
2. The Sandbox (SAND)
O projeto The Sandbox (SAND) foi o que mais chamou atenção no último terço do ano entre os ativos de metaverso, liderando a alta do mercado de criptomoedas logo depois que Zuckerberg anunciou a mudança de nome de sua empresa para Meta.
Lançado inicialmente como um rival do jogo Minecraft, o game logo incorporou elementos de cripto para incentivar a comunidade e anunciou o desenvolvimento de um mundo aberto colaborativo que conversa com a ideia dessa utopia futurista de mundo virtual sempre conectado.
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Marcas como a Adidas aderiram à plataforma e ajudaram a alimentar a expectativa de valorização do token usado como moeda nesse ambiente. Na sequência, a chegada da versão de testes foi o suficiente para dar o último empurrão no preço do token SAND, que bateu seu topo histórico de US$ 8,44 no dia 25 de novembro.
Nem a correção do mercado no final do ano abalou os números do ativo, que encerra 2021 com alta de 16.355%.
3. Axie Infinity (AXS)
A GALA pode ter valorizado mais, mas foi o Axie Infinity (AXS) que popularizou os jogos play-to-earn e abriu caminho para essa nova frente que une jogos e finanças usando criptomoedas. De 10.500 jogadores ativos por mês em janeiro de 2020, o game chegou a 850 mil em janeiro de 2021 e, em dezembro, já bate a marca de 2,5 milhões de jogadores.
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O formato surgiu como uma alternativa de renda para famílias na pandemia, e pegou inclusive no Brasil, onde diversos investidores lucraram não só com as criptos do jogo em si – além da AXS, ele tem a Smooth Love Potion (SLP) – mas também com aluguel de personagens em NFT nas chamadas “escolhinhas”.
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De qualquer modo, a valorização do AXS, o token de governança que permite aos detentores influenciar nas decisões sobre a plataforma, dá uma boa medida do sucesso da empreitada. No começo do ano, o ativo digital valia apenas US$ 0,54 e, na máxima em junho, chegou a atingir US$ 160. Ainda tenha caído bastante desde então, ele fecha o ano com avanço de 16.249%, a US$ 96,89.
4. Polygon (MATIC)
A Polygon (MATIC) é uma blockchain que chamou atenção no primeiro semestre após passar por uma reformulação e se vender como uma “Internet de blockchains”, espécie de hub em que diversas redes podem conversar para transferir ativos entre si.
Seu principal propósito é ajudar a acelerar e baratear as transações do Ethereum, que sofre constantemente com congestionamento e altas taxas. Enquanto uma transação comum de ETH pode sair por US$ 100 a US$ 300 em momentos de pico, a rede Polygon oferece uma infraestrutura de segunda camada que cobra frações de centavos de dólar para transacionar o mesmo valor.
A proposta agradou investidores do porte do bilionário Mark Cuban, que investiu na empresa por trás da tecnologia e ajudou a criar o hype em torno de uma possível valorização explosiva – e foi exatamente isso que aconteceu neste ano.
O token MATIC, usado para pagar as taxas da rede Polygon, viveu dois momentos de alta no ano. Em maio, atingiu a máxima de US$ 2,45 por oferecer uma saída viável para as transações caras no Ethereum. Já recentemente, em 27 de dezembro, renovou o recorde e alcançou US$ 2,92 pelo otimismo em torno de uma nova tecnologia de criptografia elogiada pelo cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin.
Negociada a US$ 2,62 no fechamento de 2021, encerra o período com salto expressivo de 14.553%.
5. Terra (LUNA)
O projeto Terra (LUNA) é um dos mais bem-sucedidos do ano tanto em termos de valorização quanto em uso real. Para além da especulação, o token LUNA disparou de preço porque a blockchain Terra passou a ser muito utilizada como alternativa ao Ethereum, principalmente para aplicativos DeFi, como serviços de rendimentos e empréstimos.
Um dos efeitos da sua adoção é o valor de mercado de sua principal stablecoin, a UST, pareada ao dólar, que se tornou a quarta maior do mercado, atrás apenas de Tether (USDT), USD Coin (USDC) e Binance USD (BUSD).
A adoção da plataforma foi tamanha a ponto de superar o valor investido na Binance Smart Chain, patrocinada pela exchange Binance. A Terra agora é a segunda maior blockchain no DeFi, com US$ 18,1 bilhões bloqueados em contratos inteligentes, segundo o rastreador DeFi Llama. A distância para o Ethereum, que registra US$ 153,8 bilhões ainda é grande, mas o ritmo de crescimento animou investidores.
O token LUNA era negociado a US$ 0,63 no primeiro dia do ano e chegou a disparar para US$ 103 em 27 de dezembro. Com o recuo nos últimos dias de 2021, o ativo encerrou o período negociado a US$ 90,85, com alta acumulada de 13.842% em 12 meses.
6. Fantom (FTM)
A Fantom (FTM) é uma plataforma de contratos inteligentes que usa um sistema bem diferente dos demais rivais do Ethereum. Lançada em 2019, a rede ganhou fama pela boa reputação dos criadores e sobretudo pela tecnologia que emprega.
Em vez de uma blockchain, ela adota uma DAG, um tipo de rede que confirma informações baseando-se no histórico de transações. Ela não é a única rede do tipo no mundo das criptomoedas, mas é uma das poucas a adotar um sistema inovador e mais seguro de consenso (mecânica de acordo entre os nós da rede sobre os dados processados).
Entre as vantagens da Fantom está a possibilidade de liquidar transações em menos de dois segundos, bem mais rápido que outras soluções, tornando-a ideal para pagamentos e aplicações em geral em finanças descentralizadas – atualmente, a plataforma é a sexta com maior valor investido em apps DeFi, logo atrás da Solana, com US$ 5,75 bilhões.
O token FTM começou 2021 cotado a menos de US$ 0,20 e, em 28 de outubro, atingiu a máxima de US$ 3,48. Encerra o ano negociado a US$ 2,28, com ganho similar ao do LUNA, de 13.127%.
7. Solana (SOL)
Patrocinada pelas corretoras FTX e Alameda Research, do empresário Sam Bankman-Fried, a Solana (SOL) chamou atenção por oferecer uma alternativa viável ao Ethereum sem abdicar tanto da descentralização como fez a Binance Smart Chain, que se tornou em dado momento do ano a plataforma mais popular para contratos inteligentes.
A Solana logo ganhou muitos adeptos, principalmente no ramo dos NFTs pelo baixo custo de criação, e no setor de jogos, por conta da velocidade da rede. Um dos games mais comentados do ano, por exemplo, foi o Start Atlas, que roda nesta blockchain e virou uma das maiores apostas na intersecção entre jogos, NFT e metaverso, mesmo antes do seu lançamento.
Todo esse crescimento foi refletido no preço do token SOL, utilizado para pagar as taxas cobradas por transações na rede. O ativo disparou de US$ 1,80 na abertura do ano para US$ 175 em 31 de dezembro, em valorização anual de 9.441%.
8. Kadena (KDA)
A oitava criptomoeda que mais valorizou no ano é a Kadena (KDA), criada por dois ex-funcionários do JP Morgan que trabalharam na divisão de blockchain do banco de investimentos.
Também voltada para contratos inteligentes, ela pode ser vista como mais uma concorrente do Ethereum, mas com a promessa de oferecer transações tão baratas que, em alguns casos, podem sair até de graça. Mas, o que chama mesmo a atenção é sua capacidade de processamento: quanto a Solana suporta 50 mil transações por segundo, a Kadena diz aguentar até 480 mil operações a cada segundo.
A blokchain ainda aposta em no mecanismo de consenso Proof of Work (Prova de Trabalho), o mesmo do Bitcoin, que tende a entregar maior segurança do que o Proof of Stake (Prova de Participação). Ao mesmo, oferece pontes para que usuários movam ativos de diferentes redes, como Celo, Cosmos, Terra e Polkadot.
O sucesso da Kadena foi repentino, com o token KDA explodindo de valorização no último terço do ano: de US$ 1,76 em 1º de outubro, o ativo já registrava preço de US$ 24 em 10 de novembro. Dezembro foi especialmente ruim para o ativo, com recuo forte de quase 50%, mas o patamar de US$ 13 no dia 31 garante um salto anual de mais de 9.000%.
9. Harmony (ONE)
A Harmony (ONE) é uma blockchain lançada em 2017 por Stephen Tse, um especialista em criptografia com doutorado pela Universidade da Pensilvânia, e ex-funcionário de Google e Microsoft.
O projeto ganhou tração por oferecer uma solução diferente para o conhecido problema de crescimento de blockchains, que costuma esbarrar na segurança e descentralização da rede. Para resolver a questão, ela usa o sharding, tecnologia que divide os validadores em blocos e permite verificações de blocos simultaneamente – em outras blockchains, as verificações ocorrem um bloco por vez.
Como consequência, a Harmony tem uma capacidade teórica de 10 milhões de transações por segundo, o que a tornaria a mais eficiente do mundo. Apostando nisso, investidores fizeram o preço do token ONE subir de US$ 0,004 para US$ 0,23 em 2021, um crescimento de 5.458%.
10. Decentraland (MANA)
O Decentraland (MANA) foi o projeto que mais chamou atenção no segundo semestre, ao lado do The Sandbox, com a popularização do metaverso, e está presente mesmo antes do termo virar moda.
A plataforma oferece as bases para a criação de mundos colaborativos com uma economia interna própria que permite criar experiências como festas e visitas virtuais, além de negócios ligados ao mundo real. Tudo dentro do ambiente digital é comprado com a criptomoeda MANA.
Apesar de ter crescido bem menos que o The Sandbox, o Decentraland é visto como mais maduro, sobretudo porque já oferece uma solução que funciona. Não coincidentemente, esse foi o metaverso que mais registrou comercialização de terreno digital no ano. Em novembro, um lote foi vendido por US$ 2,4 milhões em MANA.
O ativo entra no ranking dos melhores desempenhos de 2021 após disparar 3.960%: de US$ 0,08 em 1º de janeiro, encerra o ano a US$ 3,40.
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