As boas notícias que fizeram as ações de Suzano e Klabin voltarem a se destacar na Bolsa

Ações sobem com notícia de alta de preço para Suzano e com melhora em termos de governança corporativa na Klabin; visão segue positiva para o setor

Lara Rizério

Setor de papel e celulose (Shutterstock)
Setor de papel e celulose (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O noticiário para o setor de papel e celulose é movimentado nesta sexta-feira para as empresas brasileiras, com Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3) registrando ganhos de cerca de 4% na sessão, após registrarem um mês de novembro relativamente morno na B3. Além da nova alta dos preços de celulose na semana, com a cotação da celulose de fibra curta avançando US$ 4 a tonelada, para US$ 464,30, o noticiário das próprias companhias também foi positivo.

Em destaque, os acionistas da Klabin aprovaram em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) a incorporação da Sogemar, uma empresa da família Klabin, na última quinta-feira (26). A decisão representou fim do pagamento de royalties sobre o uso da marca Klabin, encerrando uma saga de 25 anos e que é um grande passo em busca de efetivar a melhora na governança corporativa de maneira definitiva na companhia.

Conforme aponta a Levante Ideias de Investimentos, a companhia está tirando de seu balanço um contrato que, na visão da equipe de análise, representava um dividendo disfarçado exclusivo para os acionistas controladores.

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Além disso, apesar de a aprovação já ser esperada pelo mercado, a definição tira da frente qualquer possibilidade de reversão de expectativas. A operação de incorporação foi definida do seguinte modo: serão emitidas 69,4 milhões de ações ordinárias (KLBN3) para os acionistas da Sogemar, o representa aumento de 3,4% na quantidade de ações ON, com valor de mercado de R$ 325,5 milhões.

Com isso, todas as marcas da Sogemar que integram o termo “Klabin” serão transferidas para a Companhia. Além disso, a empresa Klabin Irmãos e Cia. (“KIC”) também deve transferir o registro mais antigo da marca, protegendo papel e caixas de papelão ondulado, além de conceder autorização de uso do nome Klabin como marca e nome comercial e direito de reter pedidos de registro e apresentar novos pedidos de registro da marca e do segmento de papel e papelão ondulado.

Além de elevar os parâmetros de governança corporativa, a equipe de análise da XP Investimentos destaca ver o movimento como positivo pois o valor da transação é inferior ao valor presente de pagamentos futuros de royalties (R$ 1 bilhão, na visão dos analistas). A recomendação para os papéis é de compra, com preço-alvo de R$ 32 por ação.

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A Klabin pagava royalties nos segmentos de papel cartão e embalagens de papelão ondulado no valor de 1% a 2% do faturamento desses produtos para a Sogemar. No prazo de dois anos, por exemplo, ela desembolsou R$ 110 milhões referentes aos royalties (R$ 58 milhões em 2019 e R$ 52 milhões em 2018)

A equipe do Credit Suisse, por sua vez, estima o valor presente líquido dos pagamentos de royalties em cerca de R$ 850-900 milhões, o que implica que o valor proposto aos preços de hoje de R$ 336 milhões para cessar o pagamento de royalties está chegando a um desconto de 62%.

Os analistas  do banco suíço também avaliam que a Klabin pode desbloquear um crescimento adicional à frente no segmento de embalagens de papelão ondulado. Isso, associado ainda ao projeto Puma II, que pode ser convertido em produção de papel cartão no futuro, pode acabar sendo ainda trazer mais benefícios aos acionistas do que os cálculos iniciais sugerirem.

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Para o Credit, a Klabin tem uma das ações de perfil mais defensivo de sua cobertura, uma vez que o seu negócio de papel está exposto a setores mais avessos aos ciclos de negócios. Contudo, os analistas permanecem cautelosos e seguem com recomendação neutra para o papel e mantendo o preço-alvo em R$ 26,50, destacando que o grande investimento relacionado ao projeto Puma II deve levar a geração de caixa negativo em 2020-2021 e também pressionar o seu endividamento.

Por outro lado, o Itaú BBA segue com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 32, destacando ainda um outro ponto sobre a empresa a ser monitorado no curto prazo: nos últimos dias, saíram na mídia notícias de desinvestimento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da companhia.

Cabe lembrar que o banco de fomento tem 7,5% de participação na empresa e teve um papel relevante para revisar os termos para incorporação da Sogemar, além de conseguir o compromisso de instalação de três comitês de assessoramento ao conselho de administração da companhia.

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A expectativa é de que a venda das ações pela instituição leve a uma pressão de curto prazo para os ativos mas que, em um prazo maior de tempo, seja positivo, aumentando a liquidez dos papéis da companhia.

O Bradesco BBI destaca ainda que o acordo não envolve pagamento em dinheiro e sim em ações, o que é positivo para a companhia. Os analistas reiteraram recomendação equivalente à compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 27.

Suzano: alta de preços guia visão positiva

Contudo, os analistas do BBI têm a Suzano como a top pick do setor na América Latina. Nesta sexta-feira, o portal RISI, especializado em informações sobre o setor de papel e celulose, informou que a Suzano elevará o preço da celulose de fibra curta na China na ordem de US$ 30 por tonelada, o que leva o valor da commodity usada na produção de papel para US$ 500 a tonelada, o que também impulsiona a ação da empresa na sessão.

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Conforme destaca o Itaú BBA, o anúncio indica que o aumento de preço de US$ 20 a tonelada previsto para embarques em novembro foi totalmente implementado. No final de outubro, executivos da Suzano afirmaram que a empresa estava “cautelosamente otimista” sobre a demanda por celulose em 2021 e que a empresa tinha conseguido implementar um aumento de US$ 20 na tonelada vendida à China naquele mês, mas o mesmo não ocorreu nos Estados Unidos e na Europa na época, mais impactadas pela pandemia do novo coronavírus.

Assim, uma vez que a empresa estava cautelosa em fazer ajustes recentemente, o reajuste sinaliza a confiança da administração da companhia na força do ciclo do mercado.

Os analistas do Itaú BBA apontam que o adiamento recente da conclusão do projeto de Modernização e Ampliação da Planta Arauco (MAPA), da chilena Copec, fará com que os preços da commodity ganhem mais tempo para recuperação, uma vez que a MAPA poderia colocar mais celulose no mercado.

“Estimamos que cada aumento de US$ 10 a tonelada nos preços realizados poderia resultar em alta de R$ 550 milhões (ou de cerca de 3%) no Ebitda esperado para 2021 da Suzano”, avaliam os analistas do Itaú BBA.

O BBI também destaca a visão positiva para o preço de celulose. Além da menor oferta por conta do adiamento do projeto MAPA para o fim de 2021, a visão é também apoiada pelo crescimento da demanda em comparação aos pontos mais baixos de 2020. Isso principalmente na China, por enquanto, mas que os analistas esperam que se espalhe para outras regiões ao longo de 2021, especialmente com o enfraquecimento da pandemia COVID-19.

“Dessa forma, esperamos que as condições de mercado mais apertadas ao longo de 2021 apoiem os aumentos nos preços da celulose”, avaliam os analistas.

Na mesma linha, o Morgan Stanley destaca ter uma visão positiva para o preço da celulose, projetando uma tendência de alta sustentável para começar no quarto trimestre de 2020, apoiada pela: 1) continuação de uma recuperação econômica global; 2) uma oferta mais restrita de celulose devido às paradas para manutenção programadas na segunda metade de 2020; e 3) maior consumo global de papel no segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021 conforme o trabalho nos escritórios é retomado (por exemplo, lenços de papel fora de casa e até mesmo demanda de papel para imprimir e escrever).

“As empresas de celulose devem se beneficiar dos preços mais altos da celulose e do câmbio fraco, o que resultará em uma geração de caixa mais forte”, avaliam, mantendo recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para a Suzano e equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para a Klabin.

Assim, apesar da forte alta das ações das companhias no ano – a alta acumulada para Klabin é de 36% e da Suzano é de 40% -, os analistas seguem com uma visão positiva para os papéis em meio ao cenário mais positivo para a commodity.

Confira abaixo o quadro abaixo com a compilação da Refinitiv com as recomendações dos analistas de mercado:

Empresa  Recomendação de compra Recomendação neutra Recomendação de venda Preço-alvo médio Potencial de valorização*
Suzano 10 1 1 R$ 58,04 +1%
Klabin 9 4 0 R$ 28 +13%
*em relação à cotação das 17h da sessão desta sexta-feira

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.