As ações que podem pagar dividendos acima da Selic mesmo após o Copom subir juros para 3,5%

Bancos, elétricas e mineradoras aparecem em lista da XP como as melhores pagadoras de dividendos para este ano

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Como esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a Selic em 0,75 ponto percentual, para 3,5% ao ano, já deixando indicado que deve realizar uma nova alta da mesma magnitude em sua reunião de junho.

Essa alta de juros pode levar muitos investidores a acreditarem em uma melhora do retorno da renda fixa em comparação com o mercado de ações. Porém, segundo os analistas da XP, não deve haver uma grande mudança, já que os juros reais (juros nominais menos a inflação) devem continuar próximos de zero.

Com projeções de inflação a 4,9% e Selic em 5% no final de 2021, as taxas reais de juros seguirão muito baixas, resultando em um retorno ainda baixo para a renda fixa. E com isso, as companhias conhecidas como boas pagadoras de dividendos seguem como uma boa estratégia, superando o retorno dos juros.

A XP fez um levantamento com 21 ações de cobertura dos analistas da casa que podem pagar um dividend yield (rendimento dos dividendos, ou valor do dividendo sobre o preço da ação) acima dos 4%.

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Destas, 16 devem pagar um dividend yield acima de 5%, que é a projeção de boa parte dos analistas de mercado para a taxa básica de juros até o fim do ano. Confira a lista completa das ações:

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A XP aponta ainda que investir em ações com foco em dividendos é uma boa oportunidade, pois os investidores possuem uma “garantia” de retorno, além de seus possíveis ganhos com a performance da ação. Ou seja, além da possibilidade de ganho de capital, o investidor conta também com uma rentabilidade adicional na forma de proventos.

Vale lembrar que as companhias têm a obrigatoriedade, por lei, de remanejar pelo menos 25% seus proventos para os acionistas.

Confira as recomendações da XP para as maiores pagadoras de dividendos:

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Copel (CPLE6) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 16,01%

A XP destaca que a companhia divulgou uma nova e robusta política de dividendos em janeiro de 2021. De acordo com a nova política as propostas de dividendos regulares serão calculadas conforme os critérios: (i) alavancagem abaixo de 1,5 vez igual a 65% do Lucro Líquido Ajustado, (ii) alavancagem entre 1,5 vez e 2,7 vezes igual a 50% do Lucro Líquido Ajustado e (iii) alavancagem acima de 2,7 vezes igual a 25% do Lucro Líquido Ajustado.

Com isso, a estimativa é de um dividend yield de 12,8% no biênio de 2021-2022 para CPLE6. “Mantemos nossa recomendação de compra nas ações da Copel, com um preço-alvo de R$ 7,50 por ação”, aponta.

CSN Mineração (CMIN3) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 12,1%

Os analistas da XP enxergam em um forte potencial de valorização das ações da CSN Mineração, sendo a empresa a top pick do setor de mineração. “Na nossa visão, a forte geração de caixa, aliada à manutenção do preço do minério de ferro em patamares elevados e alavancagem baixa deverá render altos dividendos aos acionistas”, avaliam.

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Para este ano, a estimativa é de um retorno com dividendos de 12,1%, considerando um preço de minério de ferro médio em US$ 135 por tonelada (contra US$ 189/t atualmente). “Em termos de valuation, também vemos as ações em patamares atrativos, negociando a 3,8 vezes EV/EBITDA 2021 (contra média do setor em 5,5 vezes)”, diz a XP. A recomendação é de compra para as ações CMIN3, com preço-alvo de R$ 14 por ação.

Engie Brasil (EGIE3) – recomendação neutra e dividend yield esperado de 9,84%

A Engie Brasil, avalia a XP, tem destaque por sua capacidade diferenciada de se proteger de efeitos hidrológicos adversos, somada a sua diversificação de portfólio com a entrada nos setores de transmissão de energia e transporte de gás.

“Acreditamos que a companhia deverá manter uma prática de distribuição de 100% do lucro líquido aos acionistas em 2021, assim como ocorreu em 2020. Estimamos um dividend yield de 9,8% em 2021. Temos recomendação neutra em EGIE3 com preço-alvo de R$ 44 por ação”, avalia.

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Banco do Brasil (BBAS3) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 8,73%

Na avaliação da equipe de análise, o banco combina: i) preço atrativo, pela sua carteira de crédito defendida e pela soma das partes atraente; e ii) uma frente digital competitiva. “Desta forma, acreditamos que haja poucas avenidas de crescimento de valor ao banco, tornando a distribuição de dividendos uma alternativa atrativa”, aponta.

Devido ao limite de distribuição de dividendos imposto pelo Banco Central em 2020, a XP estima um divend payout (dividendo sobre o lucro) de 50% em 2021 e um dividend yield de 6,1%. A recomendação é de compra para Banco do Brasil e preço-alvo de R$ 43/ação.

AES Brasil (AESB3) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 7,97%

A XP destaca que a AES Brasil (antiga AES Tietê) usualmente apresenta lucros consistentes, embora possa haver um certo grau de volatilidade dependendo da incidência de chuvas.

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Em 2020 a companhia apresentou um dividend payout de 88% que se traduz em um dividend yield de 5,4% no ano, o que reforça a visão dos analistas de que a AES Brasil é uma das preferidas como pagadora de dividendos. “Estimamos um dividend yield de 8,0% em 2021-2022 para as ações. Temos recomendação de compra em AESB3 com preço-alvo de R$ 18 por ação”, destacam.

BB Seguridade (BBSE3) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 7,46%

Os analistas esperam que a BB Seguridade se beneficie principalmente de: i) crescimento de prêmios impulsionado pela retomada da atividade econômica; e ii) da capacidade de distribuição pelas agências do Banco do Brasil. Desta forma, dada a baixa necessidade de capital, a BB Corretora apresenta margens altas impulsionando os retornos da companhia.

Portanto, veem um dividend yield de 7,46% para 2021 e possuem recomendação de compra para a ação com preço-alvo de R$ 35.

Cesp (CESP6) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 7,37%

A Cesp vem reforçando sua sólida geração de caixa nos últimos trimestres, avalia a XP. Com isso, a expectativa é de que a companhia deve continuar a distribuir pelo menos o dividendo mínimo de R$ 1,85 por ação previsto pelo seu estatuto.

“Em 2020 a companhia atingiu uma distribuição de 49% sobre o lucro líquido, reforçando a nossa visão de que a CESP é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos. Estimamos um dividend yield de 7,4% entre 2021 e 2022. Reiteramos nossa recomendação de Compra na CESP, com um preço-alvo de R$ 36 por ação”, reforçam.

Vale (VALE3) – recomendação de compra e dividend yield esperado de 7,10%

Destacando seguirem otimistas com Vale, considerando um cenário de manutenção dos preços de minério de ferro em patamares elevados, com uma demanda saudável por conta dos estímulos econômicos na China, e um cenário mais desafiador para a oferta, os analistas esperam um retorno com dividendos mínimo de 7,1% em 2021, considerando um preço de minério de ferro médio em US$ 135 a tonelada (versus US$ 189 a tonelada atualmente).

Em termos de valuation, as ações estão em patamares atrativos, negociando a 3,3 vezes (versus média do setor em 5,5 vezes), abaixo de sua média histórica. Os analistas reiteram recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo de R$ 122 por ação.

Santander Brasil (SANB11) – recomendação neutra e dividend yield esperado de 6,26%

Apesar de o Santander ser o banco com menor diversificação de receita entre os incumbentes, os analistas da XP apontam que a instituição apresenta uma combinação de: i) alta exposição ao crédito de varejo; e ii) níveis de inadimplência relativamente abaixo da média.

“Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Devido ao limite de distribuição de dividendos imposto pelo Banco Central em 2020, estimamos um payout de 75% em 2021 e vemos um dividend yield de 6,3%”, avaliam.

Itaú Unibanco (ITUB4) – recomendação neutra e dividend yield esperado de 6,12%

A XP aponta que o banco combina: i) uma fonte diversificada de receitas, contando com a maior seguradora do Brasil; e ii) uma exposição menor a créditos mais arriscados do que em outras crises.

Assim, como no caso do Santander, eles acreditam que, enquanto não houver boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Devido ao limite de distribuição de dividendos do BC, a estimativa é de um payout de 60% em 2021 e um dividend yield de 6,1%. A recomendação é neutra com preço-alvo de R$ 29 por ação.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.