As ações brasileiras que podem ganhar com Kamala ou Trump na presidência dos EUA

Políticas ambientais e comerciais podem impulsionar setores como agronegócio e renováveis; já Trump pode favorecer exportadoras e commodities

Murilo Melo

Kamala Harris e Donald Trump (Fotos: Nathan Howard e Jeenah Moon/Reuters)
Kamala Harris e Donald Trump (Fotos: Nathan Howard e Jeenah Moon/Reuters)

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As eleições nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, colocam no radar a possível reconfiguração de políticas que podem impactar o mercado brasileiro, em especial setores estratégicos como commodities, energias renováveis e mineração.

Para a XP Investimentos, embora o Brasil não seja central nas agendas de política externa dos candidatos, as oscilações na política americana podem oferecer oportunidades distintas para ações brasileiras, a depender de quem vencer a corrida presidencial.

Já o Morgan Stanley aponta que o foco da discussão econômica se deslocou do México ao Brasil, passando do canal comercial para o financeiro. Os analistas dizem que as eleições nos EUA podem impactar diretamente a taxa de câmbio e, consequentemente, trazer mais desdobramentos para o mercado brasileiro, que já enfrenta um ambiente de incertezas.

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O relatório afirma também que, independentemente do resultado, existe potencial para um rali nas ações locais caso a vice-presidente Kamala Harris vença, e um cenário mais desafiador se o ex-presidente Donald Trump retornar ao cargo.

Setores com potencial sob Kamala Harris

Segundo os analistas da XP, a eleição de Kamala Harris pode beneficiar setores brasileiros relacionados a minerais críticos e investimentos verdes, já que ela provavelmente dará continuidade às políticas ambientais do governo de Joe Biden. A demanda por minerais necessários para a transição energética, como o níquel e o cobalto, pode impulsionar mineradoras brasileiras, entre elas a Vale (VALE3), que figura na lista da XP como um dos ativos com potencial de valorização.

Além da mineração, a equipe de estrategistas – formada por Fernando Ferreira, Jennie Li, Felipe Veiga e Júlia Aquino – afirma que empresas com exposição a investimentos verdes estão bem posicionadas em um possível governo de Kamala. A Suzano (SUZB3), produtora de papel e celulose, pode se beneficiar do crescimento de investimentos em produtos biodegradáveis, enquanto a WEG (WEGE3), com operações no setor de energia renovável, pode ver aumento na demanda por suas soluções em geração solar e eólica.

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Ainda que o cenário econômico geral nos EUA possa ser incerto, Harris tende a priorizar investimentos em infraestrutura e apoio a pequenas empresas, o que poderia aumentar o apetite dos investidores por mercados emergentes, conforme a XP. No entanto, suas propostas de elevação da carga tributária sobre grandes empresas americanas podem reduzir lucros corporativos e promover uma saída de fluxos de investimento dos EUA, que poderiam se direcionar ao Brasil.

Entre as ações destacadas pela XP estão:

Caso a atual vice-presidente Kamala Harris vença as eleições, os analistas do Morgan Stanley projetam um cenário de alívio para o mercado brasileiro. A expectativa é de que Harris, se eleita, priorize uma política econômica que favoreça a estabilidade financeira e o fortalecimento das relações comerciais com a América Latina. Isso, segundo eles, poderia resultar em uma maior confiança dos investidores no Brasil, possivelmente elevando o valor das ações e proporcionando um suporte aos ativos locais.

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A conta dos estrategistas é simples: a combinação de uma política fiscal mais equilibrada e um fortalecimento das relações diplomáticas pode reduzir a pressão sobre a economia brasileira e oferecer oportunidades para setores que se beneficiam de um ambiente econômico mais estável.

O banco prevê que setores defensivos, como consumo básico e serviços públicos, têm potencial para se beneficiar em um cenário de vitória de Harris, enquanto setores mais cíclicos, como materiais e consumo discricionário, podem enfrentar pressões.

Entre as ações destacadas pelo Morgan Stanley estão:

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Setores com potencial sob Donald Trump

Caso Trump vença as eleições, setores de exportação de commodities, como o agronegócio, tendem a se beneficiar, segundo relatório da XP Investimentos. Esse segmento foi favorecido durante a guerra comercial com a China em sua presidência anterior, quando a demanda chinesa se voltou ao mercado brasileiro como alternativa aos produtos americanos. A lista da XP inclui empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), que podem observar aumento na demanda por grãos brasileiros.

Além do agronegócio, outros segmentos como o de mineração e siderurgia podem se destacar. A Gerdau (GGBR4), com forte atuação nos EUA, poderia se beneficiar das tarifas impostas aos produtos chineses, aumentando os preços do aço. Já a Braskem (BRKM5) pode ver um efeito positivo com a valorização do dólar, favorecendo sua receita em moeda americana, de acordo com o banco.

Contudo, os estrategistas da XP alertam que algumas políticas econômicas de Trump podem trazer desafios para o Brasil. Uma proposta de tarifa global de 10% sobre importações pode impactar produtos brasileiros como petróleo, aço semiacabado e café. Além disso, os analistas avisam que a expansão da produção de petróleo nos EUA, impulsionada por políticas de facilitação ambiental durante o governo Trump, pode pressionar os preços globais de petróleo para baixo, influenciando diretamente empresas de óleo e gás.

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Segundo a XP, entre as ações que podem capitalizar essa situação estão:

Para o Morgan Stanley, por outro lado, a reeleição do ex-presidente Donald Trump pode trazer incertezas adicionais para o Brasil. Os analistas concordam que Trump tem uma abordagem mais protecionista em relação ao comércio, o que pode resultar em uma pressão negativa sobre as relações comerciais e financeiras com os EUA.

Isso, diz eles, poderia exacerbar a fragilidade do real e aumentar as preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil, resultando em um cenário menos favorável para os investimentos. A falta de clareza nas políticas econômicas de Trump, conforme os especialistas do banco, pode dificultar a avaliação do impacto sobre o Brasil, criando um ambiente de volatilidade.

Algumas ações que podem se dar bem com a vitória de Trump, segundo o Morgan