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As eleições nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, colocam no radar a possível reconfiguração de políticas que podem impactar o mercado brasileiro, em especial setores estratégicos como commodities, energias renováveis e mineração.
Para a XP Investimentos, embora o Brasil não seja central nas agendas de política externa dos candidatos, as oscilações na política americana podem oferecer oportunidades distintas para ações brasileiras, a depender de quem vencer a corrida presidencial.
Já o Morgan Stanley aponta que o foco da discussão econômica se deslocou do México ao Brasil, passando do canal comercial para o financeiro. Os analistas dizem que as eleições nos EUA podem impactar diretamente a taxa de câmbio e, consequentemente, trazer mais desdobramentos para o mercado brasileiro, que já enfrenta um ambiente de incertezas.
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O relatório afirma também que, independentemente do resultado, existe potencial para um rali nas ações locais caso a vice-presidente Kamala Harris vença, e um cenário mais desafiador se o ex-presidente Donald Trump retornar ao cargo.
Setores com potencial sob Kamala Harris
Segundo os analistas da XP, a eleição de Kamala Harris pode beneficiar setores brasileiros relacionados a minerais críticos e investimentos verdes, já que ela provavelmente dará continuidade às políticas ambientais do governo de Joe Biden. A demanda por minerais necessários para a transição energética, como o níquel e o cobalto, pode impulsionar mineradoras brasileiras, entre elas a Vale (VALE3), que figura na lista da XP como um dos ativos com potencial de valorização.
Além da mineração, a equipe de estrategistas – formada por Fernando Ferreira, Jennie Li, Felipe Veiga e Júlia Aquino – afirma que empresas com exposição a investimentos verdes estão bem posicionadas em um possível governo de Kamala. A Suzano (SUZB3), produtora de papel e celulose, pode se beneficiar do crescimento de investimentos em produtos biodegradáveis, enquanto a WEG (WEGE3), com operações no setor de energia renovável, pode ver aumento na demanda por suas soluções em geração solar e eólica.
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Ainda que o cenário econômico geral nos EUA possa ser incerto, Harris tende a priorizar investimentos em infraestrutura e apoio a pequenas empresas, o que poderia aumentar o apetite dos investidores por mercados emergentes, conforme a XP. No entanto, suas propostas de elevação da carga tributária sobre grandes empresas americanas podem reduzir lucros corporativos e promover uma saída de fluxos de investimento dos EUA, que poderiam se direcionar ao Brasil.
Entre as ações destacadas pela XP estão:
- Suzano (SUZB3) – a empresa de papel e celulose pode ganhar com o aumento do investimento em produtos biodegradáveis, aproveitando a valorização de empresas com práticas sustentáveis.
- WEG (WEGE3) – com atuação em bens de capital e forte presença em projetos de energia renovável, como aerogeradores e geração solar, a WEG se beneficiaria de políticas de incentivo a energias limpas.
- Vale (VALE3) – produtora de níquel e cobalto, a Vale poderia se posicionar como um fornecedor alternativo estratégico para minerais críticos demandados pelos EUA.
- Serena Energia (SRNA3) – empresa do setor de energia elétrica, especialmente em geração eólica, que se alinha com um cenário de expansão dos investimentos verdes.
Caso a atual vice-presidente Kamala Harris vença as eleições, os analistas do Morgan Stanley projetam um cenário de alívio para o mercado brasileiro. A expectativa é de que Harris, se eleita, priorize uma política econômica que favoreça a estabilidade financeira e o fortalecimento das relações comerciais com a América Latina. Isso, segundo eles, poderia resultar em uma maior confiança dos investidores no Brasil, possivelmente elevando o valor das ações e proporcionando um suporte aos ativos locais.
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A conta dos estrategistas é simples: a combinação de uma política fiscal mais equilibrada e um fortalecimento das relações diplomáticas pode reduzir a pressão sobre a economia brasileira e oferecer oportunidades para setores que se beneficiam de um ambiente econômico mais estável.
O banco prevê que setores defensivos, como consumo básico e serviços públicos, têm potencial para se beneficiar em um cenário de vitória de Harris, enquanto setores mais cíclicos, como materiais e consumo discricionário, podem enfrentar pressões.
Entre as ações destacadas pelo Morgan Stanley estão:
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- Adecoagro – pode se beneficiar do aumento na demanda por alimentos e energias renováveis, especialmente com uma política que favoreça a sustentabilidade.
- Embraer (EMBR3) – a fabricante de aeronaves poderá ver um aumento na demanda por aviação, já que a estabilidade nas relações comerciais com os EUA pode abrir novas oportunidades.
- Minerva (BEEF3) – poderá se beneficiar com um aumento nas exportações de carne para os EUA, à medida que as relações comerciais se fortalecem.
- Rumo (RAIL3) – com o aumento do comércio, a operadora logística pode ver uma alta na demanda por transporte de commodities.
- Nubank (ROXO34) – a digitalização e a inclusão financeira podem ser impulsionadas por políticas que favoreçam a inovação e a competição no setor financeiro.
- Suzano (SUZB3) – pode se beneficiar do aumento na demanda global por produtos sustentáveis, com um enfoque em práticas ambientais mais rigorosas.
- Cemex: a prioridade em investimentos em infraestrutura pode favorecer ações no setor de construção, beneficiando empresas como a Cemex.
Setores com potencial sob Donald Trump
Caso Trump vença as eleições, setores de exportação de commodities, como o agronegócio, tendem a se beneficiar, segundo relatório da XP Investimentos. Esse segmento foi favorecido durante a guerra comercial com a China em sua presidência anterior, quando a demanda chinesa se voltou ao mercado brasileiro como alternativa aos produtos americanos. A lista da XP inclui empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3), que podem observar aumento na demanda por grãos brasileiros.
Além do agronegócio, outros segmentos como o de mineração e siderurgia podem se destacar. A Gerdau (GGBR4), com forte atuação nos EUA, poderia se beneficiar das tarifas impostas aos produtos chineses, aumentando os preços do aço. Já a Braskem (BRKM5) pode ver um efeito positivo com a valorização do dólar, favorecendo sua receita em moeda americana, de acordo com o banco.
Contudo, os estrategistas da XP alertam que algumas políticas econômicas de Trump podem trazer desafios para o Brasil. Uma proposta de tarifa global de 10% sobre importações pode impactar produtos brasileiros como petróleo, aço semiacabado e café. Além disso, os analistas avisam que a expansão da produção de petróleo nos EUA, impulsionada por políticas de facilitação ambiental durante o governo Trump, pode pressionar os preços globais de petróleo para baixo, influenciando diretamente empresas de óleo e gás.
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Segundo a XP, entre as ações que podem capitalizar essa situação estão:
- SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3) – empresas do agronegócio, com potencial de aumento na demanda chinesa por grãos brasileiros, caso ocorra uma nova rodada de tarifas americanas sobre produtos chineses.
- Gerdau (GGBR4) – a siderúrgica, com operações relevantes nos EUA, poderia ver uma valorização no preço do aço devido a tarifas sobre produtos chineses, elevando a demanda local.
- Braskem (BRKM5) – no setor petroquímico, a empresa pode ser beneficiada por um dólar mais forte, uma vez que suas receitas são em dólares e parte dos custos em reais.
Para o Morgan Stanley, por outro lado, a reeleição do ex-presidente Donald Trump pode trazer incertezas adicionais para o Brasil. Os analistas concordam que Trump tem uma abordagem mais protecionista em relação ao comércio, o que pode resultar em uma pressão negativa sobre as relações comerciais e financeiras com os EUA.
Isso, diz eles, poderia exacerbar a fragilidade do real e aumentar as preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil, resultando em um cenário menos favorável para os investimentos. A falta de clareza nas políticas econômicas de Trump, conforme os especialistas do banco, pode dificultar a avaliação do impacto sobre o Brasil, criando um ambiente de volatilidade.
Algumas ações que podem se dar bem com a vitória de Trump, segundo o Morgan
- JBS (JBSS3) – a empresa pode se beneficiar do fortalecimento das exportações de carne, mas também pode enfrentar desafios se houver barreiras comerciais.
- Petrobras (PETR4) – poderia ver sua situação financeira melhorar com a recuperação nos preços das commodities energéticas, especialmente se as políticas de Trump favorecem a indústria de energia.
- Itaú Unibanco (ITUB4) – um dos maiores bancos do Brasil, poderá se beneficiar de um aumento no consumo e no crédito, embora a incerteza econômica possa afetar sua performance.
- Wal-Mart do México – a performance do Wal-Mart no México pode ser impactada por políticas protecionistas de Trump, afetando indiretamente o Brasil.