As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no mês de outubro

3R Petroleum e PRIO foram destaques positivos do índice, com ganhos de cerca de 30%, enquanto MRV liderou perdas, recuando 18%

Mitchel Diniz

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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Outubro foi um mês de alta volatilidade para a Bolsa brasileira, que respondeu aos resultados das eleições em dois momentos. No primeiro turno, a diferença apertada entre os candidatos à presidência derrubou ações que tinham encabeçado as altas do Ibovespa em setembro: as do segmento de educação e construtoras, em especial as de “baixa renda”. As empresas fazem parte do chamado “kit Lula” – apelido dado um conjunto de setores que tende a se beneficiar com a eleição do petista e uma política mais expansionista.

As chances de uma vitória do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno fizeram o índice disparar, sustentado por setores mais tradicionais da Bolsa, como o de commodities. A Petrobras (PETR3;PETR4), estatal de maior peso da Bolsa, surfou nesse movimento, atingindo valor de mercado de US$ 100 bilhões na penúltima semana do mês. Nesta sexta-feira (31), porém, a petrolífera encabeçou as perdas do Ibovespa e não conseguiu chegar ao grupo das cinco ações que mais se valorizaram no mês.

Outras petrolíferas, porém, conseguiram encabeçar a lista. “As empresas do setor privado foram alternativa à Petrobras, que muita gente não quis se posicionar”, disse Anderson Meneses, da Alkin Research. Segundo ele, as junior oils conseguiram surfar melhor na valorização do preço internacional do petróleo, que segue em patamares elevados.

Outubro também foi o mês em que o Ibovespa perdeu 7 mil pontos em apenas três pregões com maior chances de Lula se eleger, o que acabou se confirmando no último domingo. Isso sem falar no peso vindo do exterior, com a inflação e ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e outras nações desenvolvidas.

Maiores altas

3R Petroleum (RRRP3) e PRIO (PRIO3)

A 3R Petroleum liderou as altas do Ibovespa no mês de outubro, subindo 30,58% no período. A PRIO (PRIO3), por sua vez, avançou 28,55% no mês.

No começo do mês, o BofA iniciou cobertura para 3R Petroleum, com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 90. Analistas da casa avaliam que a petrolífera tem potencial para expandir produção de petróleo e gás em campos maduros adquiridos nos últimos anos, e acreditam que a empresa deve investir na revitalização dos ativos que possui atualmente em seu portfólio.

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Para o BofA, o preço da ação no início do mês não refletia o potencial aumento de produção da companhia. Essa disparidade também é vista por outras casas que começaram a acompanhar a companhia, como Inter Research e BTG.

Também foi em outubro que a companhia captou US$ 500 milhões em debêntures para concluir compra do Polo Potiguar da Petrobras, no Rio Grande do Norte, vendido por US$ 1 bilhão.

Já a PRIO começou outubro anunciado crescimento trimestral de 37% na produção de petróleo no terceiro trimestre. Em setembro, a empresa alcançou sua maior produção mensal de 2022 – 49,6 mil barris de petróleo por dia.

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O BTG Pactual avaliou que a empresa está em posição única no mercado brasileiro, e tem potencial para crescer ainda mais a produção, assim como espaço para reduzir custo.

A XP iniciou a cobertura de PRIO3 nesta sexta-feira, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 41,60 para o final de 2023.

“Vemos a empresa como a melhor júnior brasileira para continuar crescendo seu portfólio de ativos com alto retorno, para os próximos anos. Mapeamos vários ativos que a empresa poderia engajar em M&A, no curto, médio e longo prazo. No entanto, o alto grau de alavancagem operacional da PRIO é fonte de risco, assim como os riscos operacionais (parada de produção, derramamento de óleo, campanhas de perfuração, entre outros)”, avaliam os analistas da casa.

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Braskem (BRKM5)

As ações da petroquímica subiram 28,47% em outubro, mas ainda acumula queda de 39% no ano. A possível mudança no controle da empresa com as notícias sobre o interesse da gestora Apollo voltou a mexer com o preço do papel. Controlada pela Novonor (antiga Odebrecht), com 50,1% de seu capital votante, a Braskem também também tem a Petrobras como acionista – a petrolífera possui 47% do capital da empresa.

Ambas já demonstraram interesse em vender suas participações mas informaram que as negociações para que isso aconteça não se desenvolveram de forma significativa.

Também foi em outubro que a empresa divulgou prévia operacional do terceiro trimestre. As vendas no Brasil permaneceram estáveis e as exportações caíram 18%. Diante desses números, analistas avaliam que a venda das participações na Braskem seriam importante para destravar valor ao papel.

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“Acreditamos que os investidores continuam a ver sua potencial venda como um dos poucos gatilhos para as ações em meio ao difícil cenário macro”, disse o BTG Pactual em relatório.

WEG (WEGE3)

Uma das queridinhas da Bolsa brasileira, a ação WEGE3 subiu 25,33% em outubro. Parte dessa valorização foi impulsionada pelos resultados da companhia no terceiro trimestre de 2022. A receita líquida da companhia cresceu 28% na comparação anual, para R$ 7,9 bilhões. A WEG teve bons números em suas divisões tanto dentro do Brasil como no exterior.

O lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,56 bilhão, alta de 37,1% na base anual e em linha com as projeções. O lucro líquido, de R$ 1,16 bilhão, por fim, subiu 42,5% frente ao mesmo período de 2021 e ficou 18,5% acima da expectativa.

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“Vemos os resultados do terceiro trimestre reforçando a WEG como um raro alinhamento de crescimento e retornos, com aumento sequencial de receita e recuperação de margens como surpresas bem-vindas”, defendem os analistas Lucas Laghi e Pedro Bruno, da XP Investimentos.

Analistas do Credit Suisse, chefiados por Regis Cardoso, vão na mesma direção.

“A WEG divulgou resultados fortes no terceiro trimestre, acima do consenso e de nossas estimativas mais otimistas”, diz a equipe do banco suíço.

“No ciclo curto, a demanda continua forte com os segmentos de agricultura e mineração impulsionando a demanda no mercado local, enquanto a WEG continua com uma boa carteira de pedidos nos mercados externos, incluindo Europa. No ciclo longo, petróleo e gás e papel e celulose continuam impulsionando a demanda tanto no mercado local quanto no externo”, debatem.

Locaweb (LWSA3)

No começo deste mês, a empresa anunciou em encontro com investidores os planos para ampliar serviços financeiros e o lançamento de uma marca para atender clientes corporativos. A Locaweb também quer expandir canais de vendas globais a partir do ano que vem. Outro foco da companhia é aumentar a oferta de canais para grandes empresas e ampliar a base de clientes de pequeno e médio porte. A ação subiu 21,44% em outubro.

Após o encontro, o Goldman Sachs elevou o preço-alvo de LWSA3 para R$ 12,50, reiterando recomendação de compra. Para o banco, a Locaweb tende a surfar na tendência de digitalização no Brasil. O Safra disse que a empresa é uma das mais bem posicionadas para captar oportunidades digitais em pequenas e médias empresas brasileiras. Para o BofA, a maior integração deve aumentar as vendas cruzadas da companhia.

Confira as maiores altas do Ibovespa em agosto:

Empresa Ticker Cotação Variação
3R Petroleum (RRRP3) R$ 46,50 +30,58%
PRIO (PRIO3) R$ 35,39 +28,55%
Braskem (BRKM5) R$33,71 +28,47%
WEG (WEGE3) R$40,28 +25,33%
Locaweb (LWSA3) R$10,93 +21,44%

Maiores baixas

MRV (MRVE3)

A construtora foi uma das maiores altas em setembro e agora encabeça a lista de perdas do Ibovespa em outubro, apesar da alta nesta segunda. No mês, o papel MRVE3 recuou 18,04%. Os números operacionais reportados pela construtora MRV (MRVE3), referentes ao terceiro trimestre, vieram abaixo do esperado, com destaque negativo para queima de caixa de R$ 1,2 bilhão no período.  Além disso, a companhia teve a recomendação para as suas ações reduzidas.

O Itaú BBA decidiu rebaixar as ações da MRV de outperform para market perform (equivalente à neutro) após assimetria menos atraente depois da prévia operacional. O preço-alvo foi reduzido de R$ 15 para R$ 12.

Para analistas do BBA, por outro lado, não há motivo para alarme, pois não parece haver risco de liquidez para empresa. A MRV possui, possivelmente, ativos líquidos (como recebíveis, estoque, unidades Resia e Luggo) que poderiam ser monetizado, se necessário.

No geral, os números operacionais da MRV ficaram abaixo do projetado pelo Credit Suisse, mas analistas do banco enxergam os incrementos de preços na operação de baixa renda como uma conquista positiva. Mesmo que a forte queima de caixa possa ser “chocante” e “preocupante”, a empresa está no caminho certo para expandir as operações da Resia, o que enxergam como positivo em um horizonte de longo prazo.

IRB (IRBR3)

A ação da resseguradora aparece entre as maiores baixas do Ibovespa pelo segundo mês consecutivo. Em outubro, o papel IRBR3 caiu 14,55%. A empresa termina o mês como penny stock, ou seja, valendo menos do que o R$ 1, o que pode levar a grupamento de ações da companhia, de acordo com as regras da B3.

A empresa apresentou números referentes a agosto, quando registrou prejuízo líquido de R$ 164,7 milhões, ante lucro de R$ 84,8 milhões um ano antes, quando foi favorecido pelo ganho de ação judicial referente ao PIS/Pasep.

A atribulada companhia, que nos últimos anos tenta superar os efeitos de um escândalo de fraude, neste ano teve que fazer uma oferta de ações para levantar cerca de R$ 1,2 bilhão para atender requerimentos mínimos de capital devido a novos prejuízos, desta vez ligados a sinistros com a quebra de safra.

Com as perdas de agosto, o prejuízo líquido do IRB nos oito primeiros meses de 2022 chegou a R$ 516,4 milhões, ante prejuízo de R$ 168,9 milhões no mesmo período de 2021.

No caso de mais um prejuízo trimestral expressivo, os analistas supõem ser difícil imaginar que sobrará muito colchão de capital, mesmo após a recente oferta de ações. Assim, avaliam, a empresa precisa se ajustar para evitar que tema do capital retorne e pressione as ações novamente.

Petz (PETZ3) e Americanas (AMER3)

Outubro também foi um mês difícil para ações das varejistas. Os papéis sofreram novamente com uma alta nos juros ao longo do mês. Além de acompanhar a perspectiva de aperto monetário nos Estados Unidos, os DIs acompanharam a volatilidade provocada pela incerteza eleitoral. Muitos são os questionamentos sobre o desempenho das vendas no quarto trimestre, sobretudo no e-commerce.

“No geral, esperamos que o terceiro trimestre seja de resultados fracos para o setor [varejista], diante da renda disponível ainda pressionada, desafios relacionados ao clima e uma base de comparação mais normalizada”, diz relatório da XP, divulgado nesta quinta-feira (20).

As ações PETZ3 recuaram 13,86% em outubro. A empresa é vista por alguns analistas como uma das small caps mais descontadas da Bolsa. A empresa divulgará resultados trimestrais no próximo dia 10 de novembro.

“Esperamos resultados mistos, com um desempenho sólido de receita (+33% A/A), embora continuem com margens pressionadas, explicadas principalmente pelos planos de expansão da companhia. Como resultado, esperamos que a margem EBITDA (Petz Standalone) caia 2,2 pp A/A (para 9,1%), enquanto esperamos dinâmica semelhante para a Zee.dog T/T, com EBITDA negativo de -R$3mi. Finalmente, o lucro líquido deve vir em R$28 milhões (-24,5% A/A)”, diz relatório da XP.

As ações AMER3, por sua vez, caíram 8,48% no mês. A empresa também divulgará seus resultados em 10 de novembro. Das empresas de e-commerce acompanhadas pela XP, Americanas é que deve ter o maior prejuízo no terceiro trimestre, segundo analistas da casa. De acordo com a projeção da XP, a última linha do balanço da varejista deve ficar negativa em R$ 344 milhões. No segundo trimestre, a empresa já tinha registrado prejuízo líquido de R$ 6 milhões.

Vale (VALE3)

A ação de maior peso do Ibovespa terminou outubro com a quinta maior baixa do índice no mês. O papel VALE3 recuou 6,82% no período. A queda ficou concentrada no final do mês, com novas baixas no preço do minério de ferro e a repercussão sobre os resultados da companhia.  O balanço da mineradora no terceiro trimestre de 2022 decepcionou o consenso de mercado.

O ponto de atenção dos analistas foi o dado de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, de US$ 4,002 bilhões, que ficou 43,4% abaixo do mesmo intervalo de 2021 e 27,6% abaixo do segundo trimestre. A expectativa era de recuo para cerca de US$ 4,5 bilhões.

“Os investidores sabiam que a lucratividade estaria sob pressão uma vez que os preços das commodities caíram no trimestre. Mas os números abaixo das projeções vieram de todos os lugares. O Ebitda de minério de ferro ficou 9% abaixo do consenso e o do segmento de metais básicos ficou abaixo do consenso por 23% principalmente com custos mais altos de [produção de] níquel (que parecem ter alguns componentes pontuais)”, destacou o JPMorgan.

A XP também aponta que menores preços de minério de ferro e menores preços de níquel aliados a custos acima do esperado impactaram significativamente os resultados da mineradora, apesar de um ambiente de melhoria na produção e nas vendas de minério de ferro.

Novos lockdowns da Covid-19 na China, expectativas de novos aumentos nas taxas de juros nos EUA e sinais de aumento da oferta de minério de ferro também têm pressionado os preços. Diante desse cenário, algumas casas de análise mostram maior cautela com o papel.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em agosto:

Empresa Ticker Cotação Variação
MRV (MRVE3) R$ 10,18 -18,03%
IRB (IRBR3) R$ 0,94 -14,54%
Petz (PETZ3) R$13,86 -8,76%
Americanas (AMER3) R$15,54 -8,48%
Vale (VALE3) R$67,13 -6,81%

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados