Publicidade
SÃO PAULO – Em um ano de projeções de recessão para a economia nacional após taxas de crescimento pouco empolgantes nos anos anteriores, era de se esperar que muitas empresas reduzissem o apetite por novos investimentos. A regra, que parece lógica e certa, tem sido ignorada por uma série de empresas com ações listadas na Bovespa, conforme aponta estudo editado pela Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas). Segundo o Anuário Estatístico das Companhias Abertas, 10% das 130 companhias estudadas deverão ampliar seus investimentos em pelo menos 30% em 2015.
No ano passado, o mesmo anuário mostrou que empresários já colocavam o pé no freio, sobretudo na indústria. O cenário parece ter se agravado de lá para cá, com a nova edição do relatório revelando que a cautela é bem maior. A maioria das companhias que constam no levantamento reduziu os investimentos para 2015. Nesta lista, apertam os cintos em um ano de vacas magras blue chips como CSN, JBS, Gerdau e Vale. No entanto, Paranapanema, CCR, Totvs e mais dez empresas ignoram a tendência e ampliam suas apostas. A companhia elétrica prevê aumento de 175,36% no volume de investimentos deste ano, em comparação com 2014.
Empresas do setor financeiro, que apresentaram resultados muito positivos no ano passado, também ampliaram seus gastos em 2015. O maior aumento é do Banco do Brasil, 56,3%. A instituição que em 2014 gastou R$ 1,9 bilhão pretende aplicar este ano quase R$ 3 bilhões em projetos de modernização e suporte. Enquanto isso, o Bradesco projetou gastos de R$ 6,6 bilhões, uma alta de 32% em comparação com os R$ 4,9 bilhões aplicados em 2014. Os recursos serão destinados a infraestrutura, tecnologia da informação e telecomunicações. Já o Itaú Unibanco não detalhou os gastos deste ano.
As tabelas a seguir mostram alguns resultados do estudo feito pela Abrasca:
Quem vai investir mais?
Empresa | Setor | 2013 (R$ milhões) | 2014 (R$ milhões) | Variação |
Paranapanema (PMAM3) | Energia elétrica | 69,0 | 190,0 | 175,36% |
CCR (CCRO3) | Transporte e logística | 2.100,0 | 4.808,5 | 128,98% |
Totvs (TOTS3) | Tecnologia da informação | 373,0 | 774,0 | 107,51% |
Estácio (ESTC3) | Educação | 189,1 | 350,0 | 85,1% |
ALL (RUMO3) | Transporte e logística | 1.094,9 | 1.900,0 | 73,53% |
Fleury (FLRY3) | Serviços médicos-hospitalares | 118,0 | 189,0 | 60,17% |
Tractebel (TBLE3) | Energia elétrica | 619,0 | 988,0 | 59,61% |
Banco do Brasil (BBAS3) | Bancos | 1.900,0 | 2.970,0 | 56,32% |
Embraer (EMBR3) | Máquinas e equipamentos | US$ 430,0 | US$ 650,0 | 51,16% |
Klabin (KLBN11) | Papel e celulose | 2.945,0 | 4.172,0 | 41,66% |
Guararapes (GUAR3) | Atacado e varejo | 358,0 | 500,0 | 39,66% |
Bradesco (BBDC3; BBDC4) | Bancos | 4.998,0 | 6.620,0 | 32,45% |
Lojas Americanas (LAME4) | Atacado e varejo | 670,9 | 878,0 | 31,87% |
Quem vai investir menos?
Continua depois da publicidade
Empresa | Setor | 2013 (R$ milhões) | 2014 (R$ milhões) | Variação |
CPFL (CPFE3) | Energia elétrica | 1.622 | 253 | -84,4% |
Cemig (CMIG4) | Energia elétrica | 4.513 | 2.166 | -52,01% |
Ser Educacional (SEER3) | Educação | 295,6 | 142,8 | -51,69% |
Grendene (GRND3) | Tecidos e vestuário | 119,1 | 60,0 | -49,62% |
CSN (CSNA3) | Siderurgia e metalurgia | 2.236,0 | 1.300,0 | -41,86% |
JBS (JBSS3) | Alimentos e bebidas | 4.276,8 | 3.000,0 | -29,85% |
Ultrapar (UGPA3) | Holdings diversificadas | 1.969,0 | 1.418,0 | -27,98% |
Ecorodovias (ECOR3) | Transporte e logística | 1.010,0 | 737,0 | -27,03% |
Natura (NATU3) | Atacado e varejo | 505,7 | 385,0 | -23,87% |
Gerdau (GGBR4) | Siderurgia e metalurgia | 2.300,0 | 1.900,0 | -17,39% |
Braskem (BRKM5) | Petróleo e gás | 2.526,0 | 2.135,0 | -15,48% |
Vale (VALE3; VALE5) | Mineração | 11.979,0 | 10.167,0 | -15,13% |
Fonte: Anuário Estatístico das Companhias Abertas/ Abrasca