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No domingo, o grupo brasileiro Arco Educação, cujas ações são negociadas na Nasdaq com o ticker ARCE, anunciou acordo para comprar da Pearson a COC e o Dom Bosco, dois sistemas de educação, por R$ 920 milhões, de forma a ampliar a base de alunos para 1,9 milhão no total.
A transação será efetivada com pagamento em dinheiro e o valor da compra representa cerca de 14,4 vezes o múltiplo entre o valor da empresa e o Ebitda de 2020. Os múltiplos estão levemente acima dos 13 vezes pagos pelo sistema de educação da Positivo, também pela Arco (R$ 1,6 bilhão) e um pouco abaixo dos 16,6 vezes envolvendo a troca de ativos da Eleva com a Cogna (COGN3), destacam os analistas da Levante Ideias de Investimentos. Vale ressaltar que a Cogna também estava na concorrência pelos ativos da Pearson.
Conforme destaca a casa de research, o movimento marca a continuidade da consolidação e foco em nichos específicos das empresas de educação no Brasil, com o grupo Pearson (líder mundial no setor e vendedora da COC e Dom Bosco) focando no ensino de idiomas com as bandeiras Wizard, Yázigi e Skill. Enquanto isso, a Arco amplia a presença e buscando escala para sua plataforma de ensino.
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A transação ainda passará pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), assim como a troca de ativos pela Eleva e Cogna, anunciada em fevereiro.
Conforme destaca a Levante, com a presença cada vez menor do programa de financiamento estudantil FIES no balanço das gigantes de educação, o foco das empresas vem migrando para segmentos mais específicos do nível superior que possuem um baixo grau de evasão. Dentre eles, medicina e educação básica, este último que não depende de financiamento estudantil pesado, sendo um segmento mais resiliente e essencial na economia.
O movimento mais forte na educação básica tem sido liderado pela Arco e pela Cogna, sendo que esta última fez a abertura de capital da Vasta Educação em julho. A Vasta, apontam os analistas, ainda parece mirar aquisições interessantes e começa a ensaiar um movimento já feito pela Arco de adquirir concorrentes.
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“Enxergamos como positivo este movimento no setor de educação para as empresas citadas, de modo que o foco maior em segmentos mais específicos tende a ter um ganho de escala e eficiência para a operação”, avalia a Levante.
Sobre a aquisição em específico anunciada no fim da última semana, o Bradesco BBI avalia que é positiva para a Arco, por avaliar que se trata de um mercado em que a escala é vital para diluir custos e obter informação de mercado. O Bradesco BBI vê perspectiva de valorização para a Arco a partir de sinergias. As compras também podem ampliar o alcance da Arco para novas faixas de preço, e permitir mais oportunidades de vendas, já que apenas 25% dos clientes de COC e Dom Bosco utilizam produtos suplementares da Arco.
O BBI também destacou que o anúncio ocorre semanas após a Cogna ter anunciado, por meio da Vasta, a aquisição do sistema de ensinos Eleva, em um outro movimento de consolidação do mercado. O banco reafirmou a recomendação para a Arco em outperform, com preço-alvo de US$ 52 para a Arco, frente os US$ 33,7 de fechamento dos ADRs negociados na Nasdaq na sexta-feira.
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O Morgan Stanley aponta que a aquisição abre espaço para a Arco crescer em novos segmentos e acelerar a incorporação de novos consumidores. Por outro lado, o banco diz esperar que a Arco enfrente obstáculos para o crescimento orgânico. Por isso, avalia que a Vasta oferece uma perspectiva melhor como investimento. O banco mantém avaliação equal-weight (perspectiva de valorização dentro da média do mercado) para a Arco, com preço-alvo de US$ 43 para a ação listada na Nasdaq.
O Credit Suisse destaca, por sua vez, que o caixa da Arco é o suficiente para cobrir os pagamentos no curto prazo. Os analistas mantêm recomendação outperform (perspectiva de valorização acima da média do mercado) para a Arco, devido à previsão de novas fusões e aquisições, e uma estimativa de resultados muito melhores em 2022. O banco mantém preço-alvo de US$ 55 para a ação da companhia negociada na Nasdaq.
Voltando à análise do setor em geral, a Levante enxerga educação como um dos mais afetados pela pandemia na B3, de modo que ainda depende fortemente do fluxo de pessoas e do nível de emprego no país, sobretudo no nível superior. Na educação básica, as duas empresas líderes (Vasta e Arco) parecem se favorecer dos investimentos e suas plataformas virtuais, aproveitando o momento ruim do setor para consolidar ativos com aquisições mais baratas, se aproveitando dos recursos levantados em seus IPOs nas Nasdaq nos EUA.
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A avaliação é de que este movimento no setor de educação é positivo para as empresas citadas, de modo que o foco maior em segmentos mais específicos tende a ter um ganho de escala e eficiência para a operação.
Eles traçam um paralelo com o setor de calçados que recentemente presenciou a troca de ativos da Alpargatas, Vulcabrás e Grendene, cada uma focando em seu nicho mais forte.
Porém, avaliam, para o setor de educação, a recuperação e os resultados da consolidação ainda podem demorar mais que os demais setores da economia.
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Neste sentido, cabe destacar, a ação da Cogna, que tem a Vasta como uma de suas subsidiárias, ainda é alvo de cautela pelos analistas de mercado, com os especialistas destacando principalmente preocupação com relação ao desempenho do ensino superior (veja mais aqui).
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