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SÃO PAULO – A Saudi Aramco deu mais um passo para o denominado grande evento do mercado de petróleo global. A gigante do setor petroleiro revelou que venderá 1,5% de suas ações em sua oferta pública inicial de ações (IPO), ou 3 bilhões de papéis.
Com a estimativa de preço de cada ação entre 30 e 32 riyals, a moeda local, a companhia teria valor de mercado de cerca de US$ 1,65 trilhão, abaixo dos US$ 2 trilhões pretendidos inicialmente pelo príncipe saudita Mohammed bin Salman.
O preço das ações no IPO deve ser estabelecido após o final do procedimento de coleta de intenções (bookbuilding), em 4 de dezembro. Depois disso, a negociação das ações deve ser iniciada na Saudi Stock Exchange (Tadawul).
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Os analistas do Bradesco BBI, Vicente Falanga e Gustavo Sadka, destacaram que a fatia da venda, de 1,5%, foi menor do que a esperada (entre 2% e 3%), apontando ainda que os recursos dessa abertura de capital deverão vir em peso dos investidores domésticos e também dos chineses.
Em relatório elaborado na última semana, os analistas ainda apontaram ver um valuation menor da gigante petroleira, com o valor de mercado da saudita sendo de US$ 1,3 trilhão.
Para tanto, eles fizeram uma análise comparando a empresa com a Petrobras (PETR3;PETR4), que também pode ter suas ações ofertadas no mercado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Isso porque a instituição já sinalizou a intenção de se desfazer dos papéis da petroleira brasileira.
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Ao olhar para os pontos positivos da Aramco, os analistas apontam que haveria a justificativa para um prêmio de 90% frente a avaliação para a Petrobras levando só em conta os pontos positivos da saudita frente à brasileira.
Enquanto isso, ao levar em conta somente os pontos negativos, eles justificariam um desconto de 96% da Aramco em relação à Petrobras. Assim, ao fazerem uma ponderação, chegaram a um múltiplo similar de negociação das ações das duas companhias.
A estimativa do múltiplo EV/Ebitda (relação entre valor de mercado da empresa, levando em conta a dívida, e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Aramco foi estabelecida como de 5,2 vezes para 2020. Enquanto isso, o múltiplo para a Petrobras é de 5,5 vezes (ou seja, ligeiramente acima da gigante saudita).
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Sobre os pontos positivos, que justificariam um prêmio da Aramco sobre a Petrobras, Falanga e Sadka destacaram: i) o menor custo da dívida (de 3,5% em dólares para a Aramco ante 5,9% para a Petrobras); ii) menor risco-País (de 112 pontos-base da Arábia Saudita versus 200 pontos-base do Brasil); iii) menor beta (que mede a volatilidade de um ativo frente a um índice de mercado. Um ativo mais volátil, portanto, é aquele que varia de forma mais significativa em relação às flutuações de mercado), ao estabelecer um mesmo valor para a Aramco ante as outras empresas listadas no índice Tadawul e iv) ativos mais eficientes, com menor custo para extrair petróleo e necessidade de menos investimentos para manutenção.
Já entre os motivos para justificar um desconto da Aramco ante a Petrobras, estariam i) a maior taxa de imposto de renda (Aramco pagando imposto de renda de 50% versus imposto de renda de 25% e 9% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para a Petrobras, totalizando 34%); ii) menor crescimento de produção da companhia saudita (Petrobras expandindo produção em 5% nos próximos 5 anos e Aramco não devendo crescer a produção mais de 1% em igual período); iii) estrutura de capital e iv) maior risco geopolítico para a petroleira saudita (vive ataque de drones que destruiu instalações da petrolífera em setembro).
Desta forma, os analistas veem um múltiplo bastante similar entre as duas companhias. E, se por um lado, o crescimento da produção conta a favor da Petrobras, por outro os menores custos são fatores positivos para a empresa saudita.
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