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SÃO PAULO – Uma série de anúncios na manhã desta quinta-feira (15) fez com que a ação do Magazine Luiza (MGLU3) disparasse até 7,15% no pregão, em meio à avaliação de que a companhia está reforçando ainda mais a sua posição de destaque no seu segmento, num contexto de seguidas aquisições da empresa (e também de aumento da concorrência). A ação fechou longe das máximas, mas ainda com ganhos expressivos, de 3,45%, a R$ 23,72.
A varejista anunciou acordo para a compra do KaBuM!, empresa fundada em 2003 reconhecida pelo pioneirismo no comércio eletrônico brasileiro. Hoje em dia, o KaBuM! é o maior e-commerce do segmento de tecnologia da América Latina, com mais de 2 milhões de clientes ativos.
O valor da operação será pago em três etapas. A primeira parcela, à vista, é de R$ 1 bilhão. A segunda etapa envolve a transferência de 75 milhões de ações ON do Magalu, ao longo de um ano e meio. A terceira etapa de pagamento — de até 50 milhões de ações — ocorrerá em janeiro de 2024 , sendo condicionada ao cumprimento de metas da plataforma adquirida.
Isso leva a um valor de cerca de R$ 3,9 bilhões para a compra, considerando o preço de fechamento das ações na véspera (ou 2,6% do valor de mercado de Magalu), segundo cálculos do Credit Suisse. Para financiar esta aquisição, a empresa anunciou uma oferta de ações de R$ 3,4 bilhões, podendo ir para até R$ 4,6 bilhões, considerando lote adicional. Essa oferta, de acordo com o Credit, apoia um balanço patrimonial muito saudável e que fornece ainda mais poder de fogo para sustentar fortes perspectivas para crescimento, tanto de forma orgânica como inorgânica.
“Os recursos captados terão como destino a expansão do Magalu em novos mercados, investimentos em logística, com abertura de novos centros e hubs de distribuição e o pagamento de aquisições estratégicas”, disse a empresa em comunicado.
Itaú BBA, BTG Pactual, Bank of America, JPMorgan, Bradesco BBI, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Santander Brasil, UBS BB e XP Investimentos são os coordenadores da oferta.
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“A Magalu segue buscando expansão via aquisições e crescimento na distribuição e sua área de logística”, destacou Régis Chincila, analista da Terra Investimentos, ressaltando que a decisão ocorre mesmo com a empresa tendo encerrado o primeiro trimestre com caixa líquido ajustado de R$ 4 bilhões.
Previsões do Magazine Luiza para os próximos anos divulgadas mais cedo chancelam o prognóstico, com a companhia estimando um crescimento no número de centros de distribuição de 26 neste ano para 33 no seguinte, enquanto as unidades logísticas devem passar de 225 pra 450 no mesmo período.
Com relação especificamente ao KabuM!, os analistas do Credit Suisse veem a transação positivamente, como um catalisador de crescimento de longo prazo.
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Dentre os produtos da plataforma do KaBuM!, encontram-se mais de 20 mil itens diferentes em estoque. De hardwares, periféricos e produtos para o universo gamer até produtos para a casa inteligente, como câmeras, lâmpadas e assistentes virtuais, o KaBuM! também tem participação ativa no setor de eSports, ainda nascente no Brasil em comparação ao cenário dos EUA.
“Com a compra do KaBuM!, nos consolidamos como um dos líderes do e-commerce formal brasileiro e reforçamos nossa atuação em um dos mercados que mais crescem no mundo – o de produtos para geeks e gamers”, afirmou o presidente-executivo da companhia, Frederico Trajano, em nota.
No ano passado, as vendas cresceram 128% em relação a 2019 e nos primeiros cinco meses de 2021 apresentaram alta de 62% ante mesmo período de 2020, com a empresa se beneficiando do boom do e-commerce. Nos últimos 12 meses, teve receita bruta, de R$ 3,4 bilhões e lucro líquido de R$ 312 milhões.
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“Esse nível de rentabilidade apresentado pelo KaBuM! não é comum em players de e-commerce, o que mostra a eficiência da gestão da companhia”, acrescentou Trajano. “Isso mostra que a empresa é muito alinhada com a filosofia do Magalu, que também apresenta crescimento acelerado com resultados sustentáveis.”
Para a Levante Ideias de Investimentos, a nova aquisição coloca o Magazine Luiza, novamente, em uma posição de destaque dentro do cenário de e-commerce, reforçando a sua liderança. Agora, como a própria empresa colocou no material de divulgação, com a aquisição, “o Magalu reforça o pilar estratégico de novas categorias, com um sortimento extremamente complementar ao atual e com enorme potencial de crescimento.”
Dentre as sinergias derivadas da nova compra, o Magazine Luiza destacou as seguintes como “uma série de oportunidades” a serem aproveitadas pelas empresas: i) a utilização dos produtos da adquirida no SuperApp do Magalu; ii) a inserção da multicanalidade do Magalu para os clientes do KaBuM!; iii) a complementaridade de produtos entre as empresas, com diversos produtos do Magalu completando o sortimento da adquirida e iv) os produtos financeiros do Magalu, como cartão de crédito e seguros, serão oferecidos aos clientes do KaBuM!
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Para o Credit, os múltiplos de aquisição da KabuM! são atrativos, avaliando que as métricas de rentabilidade da companhia são sólidas. Com relação ao valor da operação, os analistas do banco suíço ainda apontam: “como já destacamos, no e-commerce, o caixa não é mais um grande diferencial. O uso correto desse caixa é o que faz a diferença. O Magazine Luiza parece ter a capacidade de combinar as pessoas certas com uma estratégia atrativa. Além disso, os fundamentos de longo prazo do comércio eletrônico (ou seja, aumentar a penetração das vendas online) permanecem intactos, apesar dos desafios de curto prazo com as bases de comparação mais difíceis de 2020. Nós acreditamos que o Magalu é beneficiário dessa tendência positiva”, afirmam. Apesar dessa visão, os analistas do Credit possuem recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 24,97 por ativo MGLU3, ou potencial de alta de 8,90% frente o fechamento de quarta-feira (14).
(com Reuters)
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