SÃO PAULO – Em tempos de crise, quando a renda fixa torna-se um porto seguro, o investidor se pergunta: será que as minhas aplicações em fundos estão rendendo o que foi prometido?
Para responder a esta pergunta, o InfoMoney procurou o educador financeiro Mauro Calil, que desenvolveu uma conta “mágica” que dará ao leitor o caminho das pedras.
“A busca pelo trinômio Rentabilidade x Segurança x Liquidez continua, para a maior parte da sociedade, sendo feita na renda fixa por meio de produtos padronizados oferecidos pela rede bancária de varejo”, explica o educador financeiro.
Neste sentido, Calil ensina a fórmula para calcular a rentabilidade no caso de um fundo de renda fixa cuja taxa de administração seja de 1,5% ao ano, com aplicação mínima de R$ 1.000,00 e com rentabilidade prometida de 10,25% no ano.
O IR do aplicador seria de 17,5%, pois teríamos mais de 361 dias com os recursos aplicados. Consideramos ainda que a inflação do período foi de 5,91% – inflação oficial acumulada. Veja o resultado impressionante do real rendimento da aplicação.
Principal | R$ 1.000 |
Rentabilidade prometida (10,25% a.a.) | + R$ 102,5 |
IR (17,5% a.a.) | – R$ 17,94 |
Inflação (5,91%) | – R$ 59,10 |
Taxa de Administração (1,5%) | – R$ 16,53 |
Resultado final | R$ 1.008,93 |
Lembrando apenas que a taxa de administração é calculado em cima do total “Principal + Rentabilidade” e o IR sob a Rentabilidade. Por sua vez, o valor abatido da inflação é calculado somente sob o “Principal”.
Repare que a rentabilidade final do investidor foi de 0,89% e não de 10,25% como mostraria o prospecto do produto. Além disso, a instituição financeira, por cobrar a taxa sobre o Patrimônio Total fica com R$ 16,53, o que representa 16,12% da rentabilidade bruta ou 71,7% da rentabilidade final do investidor.
“Esse é mais um motivo pelo qual é bom ser sócio dos bancos. A rentabilidade do banco é maior que a do investidor”, ressalta Calil.
Tesouro Direto: uma opção para aumentar a rentabilidade
Neste caso, qual seria a solução? Calil explica. “Uma vez que 60% ou mais dos fundos de renda fixa estão lastreados em títulos públicos, a alternativa é investir via Tesouro Direto onde o investidor capitalizaria parte da taxa de administração ao invés de pagá-la”.
As instituições depositárias cobram pequenas taxas, que variam de 0,2% até 1% ao ano, valor considerado muito baixo em relação a outras aplicações mais rentáveis que a poupança, como um fundo DI. Além disso, há corretoras que deixaram de cobrar taxas para este investimento, veja a tabela no site do Tesouro Direto.
Aqui você pode acessar os títulos disponíveis hoje pelo Tesouro Nacional e calcular o quanto receberá ao final do período, usando a tabela do professor Calil.
Na nova conta, devem ser acrescidas outras taxas, mas menores. Primeiro os emolumentos, cobrados pela BM&FBovespa que representam as taxas de negociação, liquidação e de registro para algumas operações, que neste caso corresponde a 0,03% sobre o valor da compra.
Segundo, as cobranças da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) que é a responsável pela guarda dos títulos do Tesouro. No momento da compra do título, é cobrada uma taxa de negociação de 0,10% sobre o valor da operação. Há também uma taxa de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos, que é cobrada a cada semestre ou no encerramento da posição.
Essa taxa é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor mantiver o título a cada semestre ou no encerramento da posição, e é calculada até o saldo de R$ 1.500.000,00 por conta de custódia.
Inflação fora da conta!
Lembrando ainda que, no caso dos títulos NTN-B, NTN-B Principal e LFT, além da rentabilidade mostrada, o investidor receberá também a variação do indexador de cada título (IPCA, IPCA, e Selic, respectivamente) entre a data da compra e a data de vencimento, ou seja, a inflação, que absorve boa parte da rentabilidade no fundos de renda fixa, sai da conta!
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