Apple perde US$ 73 bilhões em valor e cria pânico nos mercados com anúncio inédito

Empresa culpou a China pelo enfraquecimento nas vendas de iPhones, confirmando o medo de muitos investidores  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Em carta de pessimismo inédito assinada por Tim Cook, a Apple criou um ambiente de caos nas bolsas mundiais desde a noite da última quarta-feira (2).

A empresa abriu o pregão desta quinta com queda de mais de 9%, o que representa uma perda de valor de mercado de cerca de US$ 70 bilhões na comparação com o fechamento de quarta-feira. No fechamento das negociações, a queda havia chegado a 9,75%, ou US$ 73 bilhões. 

A queda também afetou as ações de tecnologia da Europa, que despencavam, enquanto os índices chineses caíram quase 1%. O índice Nasdaq fechou em queda de 3,04%, ante baixas de 2,48% para o S&P e 2,83% para o Dow Jones.

O pânico vem da confirmação de algo que muitos já haviam alertado: as vendas de iPhones estão caindo. Segundo a Apple, a culpada é a China.

“Estamos revisando nossas expectativas para o primeiro trimestre de 2019”, começa a carta de Cook, dirigida a investidores. “Nossa receita será mais fraca que nossas expectativas originais, enquanto os outros indicadores permanecem em linha”, escreveu, após o fechamento das negociações do primeiro dia útil do ano.

Segundo Cook, a empresa previu “desafios em mercados emergentes”, mas “não a magnitude da desaceleração econômica, principalmente na China”. No momento da publicação da carta, os papéis despencaram 8%.

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Cook não deixou de mencionar as tensões comerciais entre os Estados Unidos e o país asiático. “Os efeitos parecem ter atingido também os consumidores, com queda nas nossas lojas de varejo e parceiros com o avanço do trimestre”, diz a carta.

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Por outro lado, alguns analistas questionam o método da Apple para vender seus produtos. À Reuters, Kiranjeet Kaur, da empresa de pesquisa de mercado IDC, diz que parte da razão para a perda do mercado tem relação com os preços dos iPhones acima de US$ 1.000. “Isso é quase três vezes o valor dos celulares de outras fabricantes que compreendem o mercado de massas”. 

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O mercado de smartphones em geral viu queda no tigre asiático em 2018. As empresas que mais perderam foram a própria Apple e a rival sul-coreana Samsung, enquanto fabricantes chinesas tiveram desempenho melhor.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney