Aposta de alta da Selic derruba varejistas e concessões; veja destaques

Boas pagadoras de dividendos também são prejudicadas por possível aumento na taxa de juros; LLX sobe com parceria, Usiminas cai à espera do resultado e Biomm dispara 43%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em sua oitava queda nas últimas nove sessões, o Ibovespa encerrou esta segunda-feira (18) com variação negativa de 0,50%, aos 57.613 pontos – menor patamar desde 4 de dezembro. A repercussão das apostas do mercado sobre uma retomada da alta da Selic ainda neste 1º semestre voltou a pressionar a renda variável brasileira – em especial varejistas, empresas de concessões rodoviárias e pagadoras de dividendos.

Uma possível alta na Selic acaba dificultando o crédito por parte do consumidor, que acaba reduzindo o consumo, prejudicando as companhia do setor. Nesta segunda-feira (18) a B2W (BTOW3) acabou liderando as perdas no Ibovespa, com recuo de 5,89%, valendo R$ 13,25 – menor patamar 26 de novembro. No ano, os ativos da varejista online já acumulam perdas de 22,06%.

Outra empresa que teve um dia negativo foi a Hypermarcas (HYPE3) – queda de 2,99%, cotada a R$ 17,21. Ainda no setor, os papéis da Lojas Americanas (LAME4) encerrou o dia valendo R$ 17,60, com desvalorização de 1,12%, enquanto a Lojas Renner (LREN3) recuou 0,69%, para R$ 74,60. Em relatório, o Santander avaliou que as ações do setor possuem um potencial limitado de alta e estão saindo fora do radar dos grandes investidores.

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Empresas de concessões também caem
Seguindo o setor de consumo, os papéis das empresas de concessões rodoviárias também foram prejudicadas pelo noticiário. A Arteris (ARTR3) foi a maior prejudicada no dia, com suas ações caindo 2,58%, valendo R$ 20,75. A companhia, além da empresa ser muito mais focada em rodovias do que seus pares, ela também apresenta boa parte de suas dívidas calculada pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), explica um analista de mercado que não quis ser identificado.

Menos expostas às variações de juros, a Ecorodovias (ECOR3) ficou estável nesta sessão aos R$ 17,70, enquanto a CCR (CCRO3) teve desvalorização de 1,03% a R$ 20,15.

Pagadoras de dividendos também sofrem
Um possível aumento da taxa de juros também afeta as companhias consideradas boas pagadoras de dividendos. As ações dessas empresas são tidas como uma forma defensiva de investimento, porém, com a alta dos juros, os investidores acabam optando pelo retorno da renda fixa, que se torna mais atrativa.

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Entre essas empresas está a Souza Cruz (CRUZ3), que chegou à sua terceira sessão consecutiva de queda ao recuar 1,56%, para R$ 30,85 – seu pior fechamento de 2013. A Telefônica Brasil (VIVT4), companhia que está a meses na liderança das recomendações de dividendos, também apresentou desvalorização neste pregão e caiu 0,35%, valendo R$ 48,14.

Usiminas cai antes de divulgar resultado
No mesmo dia em que apresenta seus resultados de 2012, os papéis da Usiminas (USIM3; USIM5) fecharam com queda no Ibovespa. As ações da USIM3 caíram 3,64%, a R$ 10,85, enquanto USIM5 recuaram 3,35%, a R$ 9,80.

A expectativa do mercado é que a empresa reporte um prejuízo de R$ 88,7 milhões no último trimestre de 2012, segundo média das projeções entre Santander, Ágora, Votorantim e Itaú Unibanco. No mesmo período do ano passado, a siderúrgica lucrou R$ 77,5 milhões.

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Alexander Hacking e Thiago Ojea, do Citi, dizem que um resultado fraco já é esperado pelo mercado, sendo que o foco principal dos investidores estará nas perspectivas da empresa para este ano.

LLX sobe após contrato de prestação de serviços
As ações da LLX Logística (LLXL3) subiram 0,50%, indo para R$ 2,02, após a empresa assinar contrato com a Asco Brasil Participações para prestação de serviços de logística, para empresas de exploração e produção de petróleo e seus fornecedores, conforme comunicado divulgado nesta manhã.

De acordo com a companhia, com esta associação, o Superporto do Açu passará a “ofertar soluções logísticas completas e integradas de padrão internacional, com tecnologias avançadas, atendendo aos mais exigentes requisitos de eficiência, segurança e proteção ambiental da indústria de óleo e gás”.

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Biomm dispara com projeto e projeção de novas altas
Fora do índice, destaque para a Biomm (BIOM3; BIOM4), empresa especializada em produtos biotecnológicos. As ações ordinárias subiram 36,20%, indo para R$ 6,81, enquanto as preferenciais registraram valorização de 43%, sendo cotadas a R$ 7,15. Nos últimos 12 meses, os ativos subiram 216,74% e 286,49%, respectivamente. Contudo, é importante mencionar a baixíssima liquidez dessas ações: enquanto BIOM4 teve 31 negócios nesta segunda-feira, os papéis BIOM3 tiveram apenas 2 negócios realizados – empresas com menor liquidez tendem a ter seus preços mais facilmente manipulados, já que menos investidores operam com esses ativos.

Um projeto da empresa, prevê a construção de uma nova fábrica de insulina pela companhia, que deve fazer uma nova emissão de ações e procurar financiamento de bancos de desenvolvimento para captar recursos.

Mesmo com o desempenho robusto, a Fama Investimentos acredita que ainda há espaço para a valorização dos papéis da companhia, e que isso deve ocorrer à medida que maiores informações acerca do projeto sejam divulgadas, seguido pela efetiva captação de recursos e posterior inicio de produção e vendas da insulina.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.