Após sell-off, Magalu reitera tom positivo a analistas e ganho de fatia de mercado em 2021, mas concorrência segue no radar

Companhia divulgou comunicado e realizou teleconferência com analistas após queda da ordem de 9% das ações na sexta-feira (10)

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Depois de as ações do Magazine Luiza (MGLU3) terem afundado quase 9% na Bolsa na sexta-feira (10), a companhia divulgou um comunicado citando possíveis motivos para o movimento e realizou uma teleconferência com analistas para trazer novas sinalizações.

Segundo o Bradesco BBI, que participou do encontro online, a empresa passou um tom positivo aos analistas, reiterando que agosto foi um dos meses mais difíceis de comparação em relação a 2020 e que os planos de crescimento da companhia para 2021 seguem no caminho certo.

“Portanto, embora o valor mensal possa ter decepcionado, dada a desaceleração, achamos justo que a administração esteja destacando que a base de comparação precisa ser usada como contexto”, escreve o time de análise.

Na avaliação do banco, o movimento do preço das ações na sexta parece exagerado em um contexto de crescimento que se manteve melhor do que o esperado no início do ano. As preocupações de curto prazo em torno de concorrência, contudo, são válidas, escrevem.

O Bradesco chama atenção ainda para os 100 mil vendedores ativos no marketplace do Magalu no terceiro trimestre de 2021, o que, segundo os analistas, compensou parte do vento contrário da difícil base de comparação na categoria de eletrônicos 1P (na plataforma própria).

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“Entendemos que o recrutamento de novos vendedores (em parte usando a base de lojas) está no caminho certo e isso está ajudando a diversificar ainda mais o mix de categorias. Um ponto que a administração destacou é que o perfil dos vendedores é muito diferente daquele que vem sendo embarcado pelos concorrentes, principalmente pelos novos entrantes e, portanto, não sentem uma ameaça competitiva nessa área”, escreve o time de análise.

Concorrência no radar

Para o Bradesco BBI, a principal preocupação do mercado com a companhia recai sobre o aumento da concorrência, com o crescimento de empresas como Shopee e Ali Express.

“Concordamos que os novos participantes não têm as vantagens competitivas que o Magazine Luiza possui – como logística eficiente, uma rede de lojas estratégica e uma marca forte – e que dificilmente vão consumir a participação de mercado de longo prazo do Magalu”, escrevem os analistas.

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“Dito isso, esses players têm potencial para causar perturbações no curto prazo (como já estamos vendo no caso dos custos de marketing) e suspeitamos que este seja um problema que pode continuar pesando sobre as ações, principalmente no ambiente atual de incerteza macroeconômica e ‘risk-off’.”

Além da concorrência, o banco afirma que tem uma visão mais cautelosa com as ações MGLU3 desde o começo do ano, dado o valuation da companhia e uma análise mais cautelosa com relação ao crescimento. Segundo o time de análise, os dois fatores melhoraram desde então e hoje, a relação entre risco e retorno é mais atrativa.

Contudo, o Bradesco BBI segue com sua posição neutra em MGLU3 após o “sell-off”, e destacou ter reduzido o preço-alvo para as ações de R$ 27 para R$ 25, ainda que com um potencial de alta de 43% em relação ao fechamento da última segunda-feira (13).

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Aumento da taxa de juros

No comunicado divulgado na segunda-feira (13), o Magalu afirmou que as “oscilações atípicas” podem ser atribuídas a notícias veiculadas pela imprensa ou por consultorias especializadas, “que não têm relação direta com o Magalu nem com seus fundamentos de longo prazo”.

Entre elas, a empresa cita o resultado da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, apresentado em reportagem no jornal Valor Econômico, intitulada “Tempestade Perfeita Atinge Eletroeletrônicos”, bem como relatórios da consultoria YipitData e notícias sobre aumento de capital de uma empresa asiática do setor.

Em relatório, o Itaú BBA escreve que a queda das ações no fim da semana passada pode ser atribuída, majoritariamente, a sinais de um crescimento mais devagar no terceiro trimestre de 2021 do que o esperado pelo mercado.

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“A nosso ver, o comunicado ao mercado abordou esse assunto, mostrando que, no final do dia, a empresa continua ganhando participação de mercado em um ritmo sólido. Observamos, no entanto, que o aumento das taxas de juros juntamente com o alto duration de Magalu também podem estar pesando negativamente sobre as ações, e esperamos que esse fator continue a exercer alguma pressão sobre os valuations de nomes do comércio eletrônico”, escrevem os analistas.

O Itaú BBA tem recomendação outperform (acima da média do mercado) para os papéis da companhia e preço-alvo de R$ 24, ou alta de cerca de 38% em relação ao fechamento da véspera.

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