Após forte turbulência no sistema financeiro, CEO do J.P. Morgan defende que “essa parte” da crise acabou

Banco anunciou hoje a compra de “maioria substancial” dos ativos do First Republic Bank após instituição ter falência decretada

Bruna Furlani

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Notícias envolvendo a falência de dois bancos regionais americanos no começo de março – Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank – trouxeram apreensão a agentes financeiros. Sentimento que voltou a assombrar investidores agora na virada do mês de abril com um novo caso, desta vez, afetando o First Republic Bank.

Apesar dos temores, a avaliação do presidente e CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, é que a falência do First Republic Bank decretada nesta segunda-feira (1) e a compra dos ativos da instituição trouxeram fim a um período de maior pânico no mercado envolvendo uma crise no sistema bancário. “Essa parte da crise terminou”, disse o executivo em teleconferência com investidores hoje.

A prestação de contas aos acionistas tem como objetivo explicar a compra de “maioria substancial” dos ativos do First Republic Bank pelo J.P. Morgan, o que inclui cerca de US$ 173 bilhões em empréstimos e US$ 30 bilhões em títulos.

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O anúncio da compra foi feito nesta manhã após o J.P. Morgan ter vencido leilão organizado pelos reguladores dos Estados Unidos. A leitura é que o tempo para encontrar uma solução para o banco americano havia terminado e que era preciso resolver o problema antes que ele afetasse outras casas e trouxesse maior pânico ao mercado.

A informação levou a uma alta dos papéis do J.P. Morgan no pregão desta segunda-feira (1). Depois de abrir a sessão cotada a US$ 142,26, as ações do banco eram negociadas a US$ 141,61, um avanço de 2,44%, por volta das 15h20 (horário de Brasília).

Com o negócio, a instituição financeira também informou que está assumindo todos os depósitos do First Republic Bank, no valor de cerca de US$ 92 bilhões. A conta incluiria US$ 30 bilhões em depósitos de bancos grandes, o que será reembolsado após o fechamento ou eliminado com o processo de consolidação.

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Durante a teleconferência, o CEO do banco procurou afastar preocupações de que o banco se torne ainda maior com a transação. “Nós precisamos de bancos grandes nas maiores e mais prósperas economias do mundo”, destacou.

Nos Estados Unidos, há uma lei que proíbe que um banco feche uma transação em que ele adquira uma participação maior do que 10% em todos os depósitos feitos no País. Mesmo assim, o negócio recebeu o aval dos reguladores.

Apesar de acreditar que uma parte da crise terminou, Dimon admitiu que nem tudo está bem e que pode haver problemas envolvendo alguns bancos e empresas do mercado imobiliário americano. Segundo ele, com o aumento dos juros nos Estados Unidos e a possibilidade de que a economia entre em recessão, será possível ver outras quebras no sistema. “Isso deve ser esperado”, alertou.

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Atualmente, os juros nos Estados Unidos estão na faixa entre 4,75% e 5,00% e há uma expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anuncie nova alta na decisão da próxima quarta-feira (3).

Segundo ferramenta do CME Group, os agentes financeiros acreditam que há 92,2% de chance de que Fed eleve os juros em 0,25 ponto percentual para o patamar entre 5,00% e 5,25% na quarta-feira.

Já para as próximas reuniões (junho, julho e setembro), a expectativa de maior parte do mercado é que haja manutenção da taxa. Já no encontro de novembro, quase metade dos agentes (40%) vê uma chance maior de corte dos juros para o patamar entre 4,75% e 5,00%.

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