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Após renúncias em massa em seu governo em meio a novos escândalos, Boris Johnson anunciou nesta quinta-feira (7) que deixará o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, depois de ser abandonado por ministros e pela maioria de seus parlamentares conservadores.
“O processo de escolha do novo líder deve começar agora”, disse Johnson à porta do número 10 da Downing Street. “E hoje eu nomeei um gabinete, como farei, até que um novo líder esteja no cargo.”
Ele permanecerá na função de forma interina enquanto o Partido Conservador escolhe seu sucessor. Johson ainda informou que as nomeações feitas nas últimas 24 horas vão ajudar a fazer esse processo de transição.
“Os líderes do Partido Conservador decidiram que é melhor formar um novo governo e eu concordei em entregar o cargo. As datas dos próximos passos serão anunciadas na próxima semana”, disse em frente ao nº 10 de Downing Street. Johnson reconheceu que as recentes revelações tornaram o governo insustentável e que “nos últimos dias tentou persuadir os aliados a não mudar o governo”.
“É uma pena que isso não tenha sido bem sucedido e que tenhamos que mudar nesse momento. Ninguém é indispensável”, acrescentou.
Falando do sucessor, “vou-lhe dar todo o apoio que puder e para o povo britânico, sei que muitos vão estar aliviados, alguns desapontados, eu quero dizer que estou muito triste de abrir mão da melhor profissão do mundo”. “Quero agradecer pelo imenso privilégio que recebi do povo”, pontuou ainda.
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O agora ex-premiê lembrou dos desafios do mandato, como o processo de saída da União Europeia, a pandemia de Covid-19 e a “guerra de Vladimir Putin na Ucrânia”. E agradeceu o serviço prestado pelos membros do governo e pelos profissionais da saúde. Além disso, prometeu que o governo continuará a apoiar os ucranianos de forma concreta.
A libra esterlina subiu em relação ao dólar depois que Johnson anunciou sua saída do cargo. A libra era negociada a US$ 1,1973, alta de 0,34%, às 8h58 (horário de Brasília, 12h58 no horário do Reino Unido). Enquanto isso, o índice de ações FTSE 100 subia 1,27% após o discurso de Johnson.
Nos mercados de bonds, o rendimento dos títulos do governo do Reino Unido de 10 anos subiu para 2,124%.
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Johnson conseguiu sacramentar a saída da União Europeia, porém viu seu apoio popular derreter por causa do “Partygate”, escândalo da participação de membros do governo britânico, incluindo o próprio político, em confraternizações durante períodos de lockdown contra a pandemia de Covid-19.
Multado pela polícia de Londres por ter participado de uma dessas festas, o premiê sobreviveu a uma moção de desconfiança no Partido Conservador há pouco mais de um mês, porém saiu fragilizado da votação.
Sua situação se agravou após a revelação de que o premiê sabia de denúncias de má conduta sexual antes de nomear um de seus aliados mais próximos entre os “tories”, o deputado Chris Pincher, para vice-líder da bancada conservadora na Câmara.
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Acusado de apalpar dois homens em um clube de Londres, Pincher acabou renunciando ao cargo no fim de junho, em um caso que minou ainda mais a credibilidade de Johnson, uma vez que ele inicialmente negara ter conhecimento sobre as denúncias contra o aliado, mas depois admitiu que já tinha ouvido reclamações sobre a conduta sexual do deputado.
O episódio provocou uma onda de renúncias no governo britânico e cobranças públicas para o premiê abdicar. “Primeiro-ministro: isso não é sustentável e só vai piorar. Por você, pelo Partido Conservador e, mais importante, pelo país, você deve fazer a coisa certa e ir embora agora”, declarou o novo chanceler do Tesouro do Reino Unido, Nadhim Zahawi, nomeado por Johnson há apenas dois dias.
Sucessão
O processo para escolher o próximo líder do Partido Conservador terá seu início a partir da renúncia de Johnson. Para disputar a sucessão de Johnson, cada candidatura precisa assegurar o apoio de pelo menos oito deputados.
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Na primeira votação, são eliminados os postulantes que receberem menos de 18 votos. Na segunda, a cláusula de barreira aumenta para 36 votos.
A partir daí, o candidato com menos votos é eliminado, até que reste apenas um.
(com Ansa Brasil)
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