Após caso Hurb, CEO da CVC (CVCB3) cobra regulação no setor de turismo

Executivo cobrou que empresas tenham de tornar seus balanços públicos e que a venda a descoberto seja proibida

Vitor Azevedo

(Roberto Tamer / Divulgação)
(Roberto Tamer / Divulgação)

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Após toda a polêmica envolvendo o que aconteceu com a Hurb, com clientes temendo que suas viagens não saiam do papel e o governo cobrando a empresa, o diretor executivo (CEO) da CVC Brasil (CVCB3) defendeu nesta quarta-feira (10) que o setor de turismo seja regulado. As falas aconteceram durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre da companhia.

“Sou defensor de que o setor de turismo do Brasil precisa de regulação séria a partir do momento que não temos os balanços dos competidores”, falou Leonel Andrade. “Toda empresa que vende acima de R$ 200 milhões em viagens teria de ter um balanço público e auditado. Se isso não acontecer, continuaremos tendo sustos”.

Segundo o executivo, a CVC atua de forma diferente da companhia que apresentou problemas. “Primeiro, temos uma política competitiva boa dentro do nosso modelo de governança. Há competidores que fazem venda a descoberto, sem passagem emitida, sem hotel. Isso, para mim, é uma empresa de empréstimos, não de turismo”, explicou.

Mas, mesmo assim, todo um clima de desconforto foi gerado com a situação com fornecedores e clientes. Companhias aéreas e hotéis estão mais relutantes em fechar parcerias, bem como as pessoas que estão de olho em adquirir viagens.

“Não temos felicidade em ver competidores tendo problemas. Eu não gosto de fracassos. Isso é um problema para todos. Tenho falado com autoridades e vou continuar falando”, defendeu Andrade. “Isso tudo está gerando no setor uma disfunção cada vez mais profunda. Nós estamos provocando as associações e os reguladores externos. Quem tem 8% do PIB não pode ficar desse jeito. Defendo que não existam vendas a descoberto. Você não pode vender um produto que você não tem”.

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CVC tem primeiro trimestre difícil

Além da questão da Hurb, os executivos falaram durante a teleconferência sobre outros temas apontados por analistas. A CVC, na véspera, divulgou que teve um prejuízo líquido de R$ 128 milhões entre janeiro e março deste ano.

A receita líquida da companhia de turismo, por sua vez, ficou praticamente estável na base anual, saindo de R$ 292,8 milhões para R$ 295,5 milhões – alta de apenas 0,9% no ano.

O Bradesco BBI destacou que as reservas confirmadas consolidadas subiram 44% na comparação anual e ficaram 10% acima do estimado pelo banco, suportadas por reservas mais altas na Argentina, além da maior disponibilidade da malha aérea.

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“Embora as reservas tenham superado nossas estimativas, a take rate (parcela do que a companhia recebe que fica no negócio) contraiu 2,30 pontos percentuais (p.p.) na comparação anual, para 7,4%, pressionada por mais produtos marítimos vendidos e pelo impacto da Black Friday”, falam os analistas do banco.

Na teleconferência, os executivos da CVC, contudo, afirmaram que o recuo do take rate foi algo pontual.

“Todos os pontos que derrubaram take rate não se repetem. Consumo da Black Friday já foi e o que sobrou está muito diluído”, disse o CEO. “B2B [business to business] voltou a crescer e isso era fundamental, por conta da margem que ele tem. Vamos lembrar que foi o negócio mais impactado. Agora, estamos 100% robustos nesse segmento. Ele traz um take rate maior”.

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A companhia ainda afirma que vem conseguindo renegociar com fornecedores, por conta do seu tamanho e do cenário, e que próximas levas trarão take rates maiores.

“Temos questões de mix, de participação de cada segmento. Estamos com promoções fortes, mas sem impactar margem. Revimos propostas com nossos parceiros. Ninguém vende como nós e isso tem um impacto enorme. Nossa operação agora é mais analítica”, defenderam.

O JPMorgan também chamou a atenção para o take rate abaixo do esperado, principalmente à luz de questões relacionadas a estoques não vendidos em produtos.

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“Continuamos a ver a empresa navegando em um ambiente de consumo difícil, em meio à disponibilidade limitada de crédito. E, apesar do reperfilamento da dívida, ainda vemos a empresa precisando de capital adicional para sustentar o crescimento, o que poderia manter as despesas financeiras elevadas”, apontou o banco americano.