Após Bettina, Conar abre representação contra a Empiricus

Conselho de Autorregulamentação Publicitária cita outras campanhas com promessas de rentabilidade elevada  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO –  O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu representação ética contra a Empiricus nesta sexta-feira (22). O processo foi motivado por “numerosas denúncias de consumidores”, diz o conselho em nota.

Uma das campanhas questionadas pelo Conar é o vídeo protagonizado por Bettina Rudolph, funcionária da Empiricus, sobre ter acumulado patrimônio de R$ 1 milhão a partir de um montante inicial de pouco mais de R$ 1.500. Outros vídeos citados são: Dobre seu salário em tempo recorde”, “+251 todos os dias na sua conta”, “Receba todo mês R$1823,53 de aluguel”, “Milionário com ações” e “O dobro ou nada”.

De acordo com o Conar, diversos consumidores “questionaram a veracidade das afirmações contidas nos vídeos, prometendo sem maiores explicações rentabilidade elevada para investimentos financeiros”.

O conselho de ética nomeará um integrante para relatar o caso, e a Empiricus terá um prazo para apresentação de defesa após ser comunicada da abertura da representação.

Em resposta à notícia, a Empiricus disse não ter sido notificada até o momento. Leia nota:

“A empresa respeita a instituição, mas não é a ela associada. A Empiricus lamenta que seu trabalho de educação financeira, que possibilita que os brasileiros aprendam e usufruam de uma ampla diversidade de aplicações que podem aumentar os seus rendimentos, seja alvo de uma representação. A comunicação da empresa replica o modelo amplamente disseminado de publicidade de empresas de publicações financeiras dos Estados Unidos, país onde o acesso a produtos financeiros é democratizado e amplamente desbancarizado.” 

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Procon e CVM

No início da semana, o Procon-SP notificou a Empiricus para que preste esclarecimentos sobre a publicidade protagonizada por Bettina.  

“O pedido de esclarecimentos exige, nos termos do art. 36 do CDC, que a empresa esclareça se o vídeo amplamente veiculado se refere a uma campanha publicitária e, além disso, exige os documentos que compravam a veracidade do que foi anunciado, com a demonstração da evolução financeira da atriz/depoente, no prazo de 48 horas”, diz a fundação de defesa do consumidor em nota.

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Na quinta-feira (21), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou ter um processo em andamento contra a empresa desde 2018. De acordo com a autarquia, a Empiricus não tem autorização para prestar serviço de análise de valores mobiliários.

“Isso é um problema para o Procon”

Em 2018, Felipe Miranda, diretor executivo da Empiricus, chegou a dizer que o tom das propagandas veiculadas pela empresa é “um problema para o Procon, para o Conar”. A frase veio como resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que acabara de derrubar uma liminar que a impedia de fiscalizar o tom dos textos companhia.

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A Empiricus “não respeita a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como seu regulador”, disse Miranda ao Globo na ocasião. “Você não gosta do meu tom? Você pode não gostar. Mas isso não é assunto da CVM. Isso é um problema para o Procon, para o Conar. O cliente que se sentir lesado pode ir a esses órgãos reclamar”, complementou. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney