Apesar de recente queda, Credit Suisse mantém visão de minério a US$ 120 e projeta recuperação de ações da Vale (VALE3)

Produção de aço precisa cair para vermos uma recuperação dos preços do aço e do minério de ferro

Felipe Moreira

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As cotações do minério de ferro têm registrado forte desde o início do mês passado, com os preços da commodity indo para o menor nível desde novembro do ano passado em meio ao pessimismo do mercado de aço da China. Os preços estão sendo negociados abaixo de US$ 95 por tonelada e caminham também para uma forte queda semanal, à medida que o sentimento de negociação desaba diante da decepção com a demanda por aço.

Após uma venda brutal em abril, o ingrediente utilizado na produção de aço enfrenta ainda mais pressão no início de maio, e os futuros de Cingapura estão sendo negociados solidamente abaixo de US$ 100 por tonelada. O setor de construção da China, o principal mercado de aço, tem se mostrado uma decepção à medida que a segunda maior economia do mundo apresenta uma recuperação irregular.

Nesse contexto, e apesar da visão de várias casas de que o rali do minério chegou ao fim, o Credit Suisse reforçou seu visão construtiva para a commodity, comentando que os preços começaram a cair em abril, em linha com os preços do aço na China, uma vez que a rentabilidade das usinas piorou. Houve uma queda preocupante do PMI industrial da China em abril, com uma demanda interna e exportações fracas. “A produção de aço precisa cair para vermos uma recuperação dos preços do aço e do minério de ferro”, avaliam os analistas.

Apesar do período negativo, banco comenta seguir com a previsão de preço do minério de ferro de US$ 120 a tonelada em 2023 com base na visão de que a demanda chinesa por aço deve aumentar gradualmente, liderada pela retomada do setor imobiliário. A queda surpreendente no Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor manufatureiro em abril aumentou os riscos para a previsão do banco, mas seus economistas acreditam que Pequim pode intervir com políticas para acelerar a recuperação da demanda.

O fornecimento de minério de ferro continua restrito, com uma queda de 8 milhões de toneladas por ano (Mtpa) nos estoques de portos chineses no acumulado do ano; portanto, os preços do minério de ferro devem se manter robustos desde que o aço seja rentável. O setor siderúrgico da China (e os preços do minério de ferro) seriam beneficiados se Pequim impusesse cortes na produção de aço. A Bloomberg relatou que restrições estão sendo discutidas, mas nada foi visto até agora.

Em meio à queda do minério, as ações da Vale (VALE3) também passaram a ter forte baixa, com desvalorização de 17% desde o início de abril.

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Na avaliação de analistas do banco, em outra nota restrita a clientes, há uma percepção de que os locais estão diminuindo sua posição pessimista na ação da mineradora, mas o papel segue sem momentum dado que existe baixa convicção na recuperação dos preços do minério e que os investidores continuam desapontado com o micro/operacional.

“Ao analisar os dados de fluxo dos últimos 7 e 30 dias, vemos que os estrangeiros foram os grandes vendedores do papel, com uma venda maior que R$ 3 bilhões no último mês, pesando de forma relevante a ação”.

Mas, caso o cenário base do time de commodities do Credit se materialize, onde há uma demanda de aço aumentando na China devido ao reaquecimento das construções imobiliárias em conjunto com politicas do governo de estímulo de demanda, pode-se ver uma recuperação no papel, principalmente se não houver venda de estrangeiros. “Acreditamos que seja um case que deve entrar no radar nos níveis  atuais”, apontam. Nesta sexta, as ações subiam mais de 3%, voltando a se aproximar dos R$ 69.