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Desde 28 de agosto, quando o Ibovespa fechou em patamar recorde, a Bolsa brasileira acumula perda de 4,76% – considerando o fechamento de quinta-feira (17). Mesmo quando as ações atingiam níveis inéditos, analistas ainda consideravam os preços baratos e até projetavam o Ibovespa em 140 mil pontos. Após as correções, a percepção é de uma precificação ainda mais barata.
No entanto, o índice se vê preso em um dilema: de um lado, ativos descontados e empresas com boas performances; do outro, compradores desinteressados.
A avaliação de analistas ouvidos pelo InfoMoney é de que a correção está prestes a terminar, mas uma alta expressiva ainda depende de fatores macroeconômicos locais e globais.
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“Olhando para os fundamentos, vemos uma Bolsa extremamente barata, com grandes bancos negociando a P/L (preço sobre lucro) de 8x enquanto a média histórica é de 12x, um patamar muito baixo, além de vários outros ativos muito baratos”, diz Marco Saravalle, estrategista-chefe e CIO da MSX Invest.
Porém, ele também admite que “infelizmente, a força compradora tem poucos argumentos para sair correndo e comprar a nossa Bolsa”.
Essa força compradora é composta principalmente pelo investidor estrangeiro, que está lidando com as incertezas das eleições nos Estados Unidos. Bruno Benassi, analista de Ativos na corretora Monte Bravo, diz que há duas visões sobre o Brasil, que colocam o País como par, mas com fundamentos separados da China ou enxergam o Brasil como uma espécie de extensão do país asiático.
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Por isto, uma vitória de Donald Trump poderia enfraquecer ainda mais o fluxo gringo na Bolsa, já que o protecionismo do republicano pode atrapalhar a economia chinesa. O estrangeiro já retirou R$ 5,5 bilhões do mercado brasileiro em setembro e segue com saída líquida em outubro.
Para Benassi, os próximos 30 dias serão decisivos para o interesse do estrangeiro na Brasil, que vai avaliar o rumo da economia global após as eleições nos EUA e as ações do governo brasileiro na política fiscal. “Temos a expectativa de que venha alguma medida fiscal que, mesmo sem algo brilhante, será suficiente para causar reação positiva no mercado, desde que seja crível”, diz o analista.
Uma medida para conter os gastos públicos é o único gatilho monitorado pelos analistas que pode impactar o mercado positivamente no curto prazo no cenário local.
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A temporada de divulgação de balanços do terceiro trimestre também será importante, mas a avaliação é que as empresas já vêm apresentando resultados positivos e as cotações são freadas por fatores macroeconômicos locais e globais.
Correção chegou ao fim?
Os preços ainda não terminaram de corrigir, mas parecem estar próximos disso. Rodrigo Cohen, embaixador da XP Investimentos, explica que o gráfico abaixo mostra quatro ondas, com a primeira trazendo forte alta ao Ibovespa em junho, seguida de correção até a metade de agosto, até o início da terceira onda, que fez a Bolsa bater a máxima histórica. A correção nos preços desde então é considerada por ele uma quarta onda, que tende a terminar quando o Ibovespa fechar novamente acima de 131.500 pontos, inaugurando uma quinta onda com tendência altista “maior do que a primeira e terceira pelo padrão montado”.
Já este outro gráfico mostra o Ibovespa “batendo no fundo do canal de alta”, representado pela linha central. Os testes do piso são indicados pelas setas. “Quando bate no fundo do canal, o índice tende a subir e minha expectativa gráfica é que o Ibovespa possa buscar os 140 mil pontos e testar novas máximas históricas”, diz Cohen.
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A análise dos padrões conversa com as projeções dos especialistas para o fechamento do ano. O Ibovespa respeitou a região de suporte em 129 mil pontos e “começa a dar sinais de reversão da tendência corretiva iniciada desde a máxima histórica, indicando que a correção pode estar chegando ao fim”, diz Hayson Silva, analista da Nova Futura, casa que projeta a Bolsa fechando 2024 em 140 mil pontos.
A Monte Bravo projeta os mesmos 140 mil pontos no fechamento do último pregão de dezembro, com ativos “negociando um pouco acima do preço/lucro que vemos atualmente”, mas com os agentes mais focados em 2025.
A combinação de um ciclo de aumentos na Selic com perspectivas de juros mais altos nos Estados Unidos e uma política fiscal que coloca medo no mercado e impede o Ibovespa de avançar, segundo analistas ouvidos pelo InfoMoney. Os juros brasileiros, que têm prêmio real de até 6,70% também atrapalham a atratividade da Bolsa.
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