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A decisão do Copom de manter inalterada a taxa Selic em 13,75% ao ano já era esperada, mas os analistas destacam que o BC optou por um caminho entre o otimismo e a cautela para sinalizar seus movimentos futuros.
Foi citado como cauteloso o trecho do comunicado do comitê de que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que “(o Copom) não hesitará em retomar o ciclo caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”. A parte otimista foram as projeções para inflação em 2023 e 2024.
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Segundo Roberto Padovani, economista chefe do banco BV, após esse comunicado, o banco alterou sua estimativa para o início do corte de juros, que se daria apenas a partir de junho do ano que vem, com a taxa chegando a 10% no final de 2023.
Para Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, as últimas declarações pública tanto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, como do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, foram mais duras do que os votos que eles deram na reunião de hoje, pela manutenção da taxa.
Gustavo Bertotti, economista chefe da Messem, também viu maior cautela da autoridade monetária. “O cenário é positivo para a frente com a queda recente dos índices de inflação. Entretanto, a demanda interna e o aquecimento do mercado de trabalho podem atenuar a desinflação”, comentou, lembrando que as elevadas incertezas no Brasil e no exterior contribuem para essa visão.
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O economista lembra que essa leitura está em linha com a declaração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, no último dia 5, de que a batalha contra a inflação ainda não estava ganha, apesar do IPCA em queda.
“Parte do mercado avaliou que o presidente do BC estava admitindo a possibilidade até de um novo aumento residual, de 0,25 ponto percentual nesta reunião do Copom”, acrescentou.
De fato, dois integrantes do comitê (Fernanda Guardado e Renato Dias de Brito Gomes) votaram por essa elevação residual.
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Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da casa de análise Quantzed, acredita que essa alta teria pouco efeito sobre a dinâmica inflacionária, dado que as decisões tomadas até agora começarão a surtir efeito em breve.
“Apesar da preocupação permanente com o nível de preços, já se começa a observar um arrefecimento da inflação, principalmente por conta das recentes medidas fiscais. Outro ponto é que um eventual ajuste residual não seria suficiente para ancorar as expectativas”, comentou. “Acredito que só se justificaria uma continuidade de alta de juros no Brasil se o Fed tivesse sido muito mais agressivo na decisão de subir juros nos EUA, o que não aconteceu.”
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Para Rafaela Vitória, economista chefe do Banco Inter, o destaque foi mesmo a sinalização de que o juro ficará alto por um período prolongado.
A dúvida é quando a taxa poderá começar a cair, o que pode acontecer ainda no primeiro trimestre do ano que vem. Os gatilhos para isso em 2023, segundo a economista, são a definição do futuro arcabouço fiscal – sem novos estímulos à demanda – e um cenário externo de demanda global mais fraca com commodities em queda.
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Entre os destaques do comunicado, ela citou a projeção de inflação de 5,8% em 2022 e de 4,8% em 2023 (em linha com a do banco) e de 2,8% em 2024.
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, também citou os riscos no campo fiscal no ano que vem como algum estímulo da demanda agregada como fator a ser monitorado
Em live do InfoMoney sobre a mais recente decisão do Copom, Marcos Mollica, gestor do Oppotunity Total, destacou que o BC acrescentou, em seu comunicado, um risco adicional ao apontar um hiato do produto mais estreito. “Ou seja, a economia pode estar crescendo mais do que o Copom imaginava”, disse
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Para Natalie Victal, economista chefe da SulAmerica Investimentos, ao trazer esse tema do hiato mais fechado à discussão, o BC quis tirar um pouco da certeza de que o próximo movimento (do Copom) será um corte nas taxas.