Análise Técnica: os seis fundamentos que norteiam a Teoria de Dow

Cerne da análise técnica tradicional, os conceitos criados por Charles Henry Dow sobrevivem ao tempo e às críticas

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Ao longo do ano passado, estratégias, indicadores e osciladores, técnicas de manejo de risco e sistemas de operação tiveram espaço garantido na área de análise técnica do portal InfoMoney, a fim de trazer as últimas novidades sobre o assunto e agregar técnicas mais avançadas ao setup operacional de cada trader.

Por conta desta evolução natural, matérias mais fundamentais, com foco no mainstream da análise técnica, foram ficando de lado, mas não esquecidas. Assim, falaremos da Teoria de Dow, que nada mais é do que a base da análise técnica tradicional.

Um pouco de história
Em 1887, o jornalista norte-americano Charles Henry Dow chamou a atenção de Wall Street para a análise técnica. Sem se acomodar com a criação do Dow Jones Industrial Average, um dos principais índices da renda variável global, e do Wall Street Journal, referência em informações financeiras, Dow começou a monitorar o movimento das ações.

Com 49 anos, em 1900, elaborou as primeiras incursões estatísticas sobre a existência de ciclos no mercado de capitais. Com um olhar mais atento aos dados, formulou o modelo de três tendências. A original, de prazo mais longo, foi batizada como primária, decomposta em uma secundária e terciária.

Aos 51 anos de idade, Dow falece e deixa para seus filhos a tarefa de organizar os escritos catalogados durante o período de estudo. A prole aceitou o desafio e apresentou ao mercado os princípios básico da Teoria de Dow:

1º – O mercado realiza três movimentos
De acordo com os estudos de Dow, o mercado acionário pode ser dividido em três tendências, sendo:

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2º – A tendência primária é composta por três fases
Pela teoria, a tendência principal do mercado obedece a uma lógica de comportamento, relacionada diretamente ao psicológico do trader. Em uma tendência de alta primária, as três fases são representadas por:

Em uma tendência de baixa, as fases seguem a seguinte lógica:

3º – Os preços descontam tudo
Segundo Dow, os impactos de informações corporativas e econômicas são incorporadas imediatamente pelo preço, conforme a hipótese de eficiência de mercado em sua forma fraca.

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4º – As médias devem se confirmar
Quando Dow elaborou seus princípios, a economia norte-americana era fomentada basicamente pela atividade industrial, um dos motivos qual criou o Dow Jones Industrial Average. Como o indicador era a média ponderada das empresas do setor industrial, nada mais óbvio que acompanhar o desempenho do índice para nortear os investimentos em bolsa.

Entretanto, basear-se somente na performance da indústria para traçar um cenário de tendência não era algo convincente para Dow, havendo a necessidade de outro parâmetro para comparação. Sendo a indústria o carro-chefe da economia dos EUA, o jornalista chegou em uma conclusão: se o lucro do setor industrial está crescendo, estão produzindo mais; se estiverem produzindo mais, há necessidade direta de transportar o produto.

A partir desta lógica, Dow começou utilizar o Dow Jones Transportation Average – outra criação sua – para avaliar suas operações, uma vez que representava a média das principais empresas de transportes da época. Se os dois índices acionários estivessem apontando para a mesma direção, havia uma tendência de alta/baixa consistente no mercado, saudável de ser operada. Uma divergência deveria ser encarada como um alerta para uma mudança da tendência vigente.

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Com base neste conceito de que as médias são uma referência confiável da percepção do mercado, gerou-se o princípio de que “as médias descontam tudo”, uma vez que refletem as convicções de todos os players. Desde então, as médias móveis invadiram os setups dos trades e até hoje são utilizadas com frequência como parâmetro de suporte e resistência, além da velha conhecida estratégia de cruzamento das médias.

5º – As tendências devem ser acompanhadas pelo volume
Segundo Dow, para que uma tendência seja confirmada, há necessidade de que seja acompanhada pelo aumento consecutivo do volume, atestando o comprometimento do mercado com tal movimento.

Assim, em uma tendência de baixa, por exemplo, o normal será um aumento do giro financeiro em função da tendência principal (baixa), revelando, segundo o jornalista, a real visão do mercado. Ao mesmo tempo, neste caso, o volume deve cair nos repiques de alta.

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6º – A tendência será mantida até que os sinais de reversão sejam confirmados
A fim de fugir dos ruídos do mercado acionário, Dow considerou alguns princípios para definir uma mudança concreta de tendência. Segundo os estudos, somente o fechamento do preço acima de um topo ou fundo anterior caracterizaria uma mudança de tendência.

Críticas e considerações
Mesmo sendo o cerne da análise técnica clássica, a Teoria de Dow foi alvo constante de críticas nos primórdios. Entre as principais, a lentidão dos sinais de reversão talvez seja a de maior destaque.

De uma alta pra baixa, por exemplo, os preços devem fazer topos e fundos descendentes, isso, segundo estima-se em diversos livros sobre o assunto, faz com que o investidor perca cerca de 25% de todo o movimento.

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Contudo, a premissa de que o volume é muito importante dentro de uma tendência e para a confirmação dos movimentos de preço, assim como o conceito em relação às médias, ainda são utilizados com frequência dentro da análise técnica e são de grande valia nas operações.

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