Ex-CEO e ex-diretora da Americanas estão foragidos; nomes vão para lista da Interpol

Prisões foram determinadas pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio; operação Disclosure investiga a participação de ex-diretores da companhia na fraude contábil de R$ 25,3 bilhões que levou a Americanas à recuperação judicial

Reuters

Loja da Americanas (AMER3) no shopping Market Place, na zona sul de São Paulo (Lucas Sampaio/InfoMoney)
Loja da Americanas (AMER3) no shopping Market Place, na zona sul de São Paulo (Lucas Sampaio/InfoMoney)

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RIO DE JANEIRO (Reuters) – O ex-presidente-executivo da Americanas (AMER3) e a ex-diretora da varejista Anna Saicali terão seus nomes incluídos na lista vermelha de procurados pela Interpol depois que a Polícia Federal não conseguiu cumprir mandados de prisão preventiva contra ambos pois os dois estão no exterior, disse uma fonte com conhecimento do caso.

Os mandados de prisão foram emitidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro no âmbito da operação Disclosure, que apura a participação de ex-diretores da companhia na fraude contábil de 25,3 bilhões de reais que levou a Americanas à recuperação judicial.

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O Ministério Público Federal (MPF) confirmou que os alvos dos mandados de prisão não foram encontrados pois estão no exterior, mas não informou os nomes deles. A PF tampouco divulgou oficialmente os nomes dos envolvidos.

Em comunicado divulgado mais cedo, a PF disse que, além dos mandados de prisão, 80 policiais federais também buscavam cumprir 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores da varejista no Rio de Janeiro.

As investigações são um esforço conjunto da Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As apurações contam ainda com a colaboração da atual diretoria da Americanas, disse a PF.

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Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a Justiça também determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores da Americanas investigados em um montante que passa da casa dos 500 milhões de reais, disse a PF.

“A investigação revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como ‘insider trading’, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, poderão cumprir pena de até 26 anos de reclusão”, disse a PF na nota.

Em comunicado, a Americanas disse que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”.

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“A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos”, disse a varejista.

O rombo na Americanas foi revelado em janeiro de 2023 pela recém-nomeada diretoria da empresa. Na véspera do anúncio, as ações da empresa eram negociadas na casa de 12 reais. Na quinta-feira o papel fechou cotado a 0,40 real.

Posteriormente, a empresa, que tem como acionistas de referência o trio de bilionários fundadores da 3G Capital — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — acusou Gutierrez e outros ex-funcionários da empresa de cometerem fraude.

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Gutierrez, que está morando na Espanha, negou ter conhecimento de irregularidades contábeis na empresa durante o período que dirigiu a varejista. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Câmara dos Deputados para investigar o caso, Anna Saicali negou ter participado de fraude na empresa.

Procurados, representantes de Gutierrez não responderam de imediato a pedidos de comentários. Não foi possível contactar representantes de Anna Saicali.