Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira se manifestam sobre rombo na Americanas (AMER3): “Jamais tivemos conhecimento”

Trio de acionistas de Americanas (AMER3) negou conhecimento sobre práticas contábeis que levaram à recuperação judicial da varejista

Rodrigo Petry

Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles (Divulgação)
Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles (Divulgação)

Publicidade

Na primeira manifestação pública desde que estourou o rombo contábil de bilhões na Americanas (AMER3), empresa na qual o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são acionistas de referência, eles negaram conhecimento das “inconsistências” contábeis, que levaram as ações da empresa a derreterem na bolsa, a pedir recuperação judicial e, por consequência, sair do Ibovespa, bem como demais índices da B3 (B3SA3).

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.”

Dessa forma acima, eles abriram a nota pública, publicada neste domingo (22) à noite, sobre a existência de “significativas inconsistências em sua contabilidade”.

O trio de empresários, que está no topo da Forbes, na lista dos homens mais ricos do País, vinha sofrendo muitas críticas pelo silêncio sobre o caso. Entre o anúncio do rombo, inicialmente de cerca de R$ 20 bilhões, e o fechamento no pregão de sexta-feira (20), as ações da varejista caíram de R$ 12 para R$ 0,71.

Portanto, apenas após 11 dias e milhões de prejuízos a investidores e desconfiança do mercado, o trio de acionistas de referência da varejista tentou se explicar.

Conforme eles, porém, desde a publicação do rombo, “sempre, com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa”.

Para o trio, “assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.”

Continua depois da publicidade

Acompanhe a cobertura completa do Caso Americanas

No mais, manifestaram compromisso de “integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.”

“Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.”

Veja a nota pública na íntegra:

Continua depois da publicidade

No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.

Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:

1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.

Continua depois da publicidade

2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.

3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.

4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.

Continua depois da publicidade

5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.

7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.

Continua depois da publicidade

8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.”

Rodrigo Petry

Coordenador de Projetos Editoriais. Atuou como editor de mercados e investimentos no InfoMoney, liderando o Ao Vivo da Bolsa e o IM Trader. Antes, foi editor-chefe do portal euqueroinvestir, repórter do Broadcast (Grupo Estado) e revista Capital Aberto. Também foi Gestor de Relações com a Mídia do ex-Grupo Máquina e assessor parlamentar.