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As ações da Americanas (AMER3) chegaram a cair até 69,70%, a R$ 0,10, na sessão desta quinta-feira (15) na sessão após resultado e cancelamento de projeções. As ações fecharam com queda de 57,57%, cotadas a R$ 0,14.
A rede de varejo responsável por um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do Brasil teve prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão no primeiro semestre deste ano, redução ante o desempenho também negativo de R$ 3,2 bilhões registrado um ano antes.
A companhia também anunciou em fato relevante no final da noite de quarta-feira que decidiu cancelar previsões de desempenho publicadas no final do ano passado, citando como motivo apenas a necessidade da empresa de “reavaliar a expectativa de desempenho futuro em razão da divulgação dos resultados”.
Nas projeções, divulgadas em novembro passado, a Americanas estimava ter um lucro operacional medido pelo Ebtida maior que R$ 2,2 bilhões em 2025, com uma dívida bruta de entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão e alavancagem abaixo de 0,75 vez.
A Americanas terminou a primeira metade do ano com Ebitda positivo em R$ 1,3 bilhão, revertendo resultado negativo de R$ 1,185 bilhão de um ano antes.
As vendas brutas medidas pelo GMV caíram 9% frente ao primeiro semestre de 2023, para R$ 10,1 bilhões, pressionadas pelo segmento digital. No conceito mesmas lojas, as vendas da Americanas cresceram 19,7%, algo que a empresa atribuiu em parte a uma “otimização” do parque de lojas.
A Americanas terminou junho com 1.622 lojas no Brasil, queda ante as 1.803 lojas que a empresa operava em 2022 e os 1.731 pontos de venda de 2023.
Sem saber próximos passos
“O movimento vendedor deve continuar e, se por um lado, o mercado passar a acreditar agora na nova gestão, na diligência, na governança, por outro, o cenário por si só já é bastante difícil”, considera Enrico Cozzolino sócio e head de análises da Levante Investimentos. Um ponto de preocupação, segundo ele, teria sido a retirada de orientações (guidance, em inglês) que a companhia realizou. Isso torna o cenário mais complexo e, em sua visão, há falta com governança. Cozzolino considera ser possível que haja um grupamento de ação, uma vez que o contexto da companhia justificaria a movimentação. No entanto, o fechamento de capital é algo que o especialista descarta em sua análise.
As ações em seu menor nível histórico prejudicam investidores minoritários, que seguem sem informações da realidade da empresa, de acordo com nota divulgada pelo Instituto Empresa, entidade que defende os investidores minoritários e ingressou com arbitragens contra a Companhia e seus controladores.
“As informações do balanço, cruciais para que os acionistas precifiquem as ações foram, por diversas vezes, adiadas irregularmente, deixando os investidores no escuro. Com os dados nas mãos, o mercado percebeu que os papéis ainda estavam supervalorizados e uma nova onda de perdas acontece”, ressalta Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.
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Destaques da teleconferência
Em conferência com analistas e investidores nesta quinta, a gestão da Americanas ressaltou que passou a se concentrar apenas na operação da rede de varejo em recuperação judicial desde o final de junho e pode retomar as previsões de resultado que cancelou na noite da véspera.
“Desde o final de junho, o focou passou a ser integral nas operações”, disse o presidente-executivo da Americanas, Leonardo Coelho. “Tem muita coisa para acontecer até o final de 2025”, apontou o executivo, citando esforços da empresa para unificar sistemas de tecnologia da informação sob uma única plataforma até 2026.
A diretora financeira, Camille Faria, por sua vez, afirmou que a Americanas vai avaliar retomar o “guidance” em “um futuro próximo”. “Vamos seguir trabalhando e avaliando a conveniência de retomar o guidance em um futuro próximo”, disse a executiva, citando necessidade da companhia de ter um tempo para reavaliar as estimativas operacionais como Ebitda, posição de caixa em 2025 e alavancagem “em face de todos os resultados que divulgamos ontem”.
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(com Reuters)