Americanas (AMER3): 6 pontos do relatório do comitê que investigou a varejista

Documento resultado da investigação independente foi entregue em julho mas veio à publico nesta semana

Camille Bocanegra

Publicidade

O comitê independente contratado pela Americanas (AMER3) para investigar a fraude contábil na varejista apresentou relatório em julho com as conclusões sobre o caso. O documento veio a público nesta semana e esmiuça outros pontos sobre a fraude de R$ 25 bilhões na companhia.

O primeiro e mais importante ponto destacado é o risco sacado, que é uma linha utilizada no setor para pagamentos a fornecedores. O uso do recurso funciona como um financiamento, que garante desconto na duplicata antes do prazo, e prevê o pagamento da empresa a instituição financeira no vencimento.

O principal problema de contabilidade observado foi a ausência de reconhecimento das operações como dívida. Como as operações tinham prazos e diferentes dinâmicas, algumas apresentavam despesas enquanto outras geravam receitas. Cerca de R$ 3,4 bilhões em despesas deixaram de ser apresentadas nos balanços.

LISTA GRATUITA

Ações Fora do Radar

Garanta seu acesso gratuito a lista mensal de ações que entregou retornos 5x superior ao Ibovespa

O segundo ponto, com igual importância que o risco sacado, eram os contratos de verba de propaganda cooperada (VPC). A Americanas, de acordo com o relatório, forjava os contratos para reduzir a conta de fornecedores, como forma de disfarçar o problema de caixa.

Ao que parece, alguns contratos de VPC, na realidade, se tratavam de operações fictícias, que ou não foram pagas por fornecedores ou não foram abatidas de valores pagos a fornecedores. Os contratos eram até mesmo sinalizados como VPC B (os contratos forjados) enquanto os verdadeiros eram chamados de VPC A.

O terceiro elemento destacado pelo relatório era a relação de executivos da Americanas com funcionários de bancos sobre as cartas pedidas por auditorias para confirmação de operações. A empresa solicitava ocultação de certas operações, como o risco sacado, com a concordância dos bancos.

Continua depois da publicidade

Com essa informação, segundo a investigação, as auditorias tinham acesso a documentos forjados e que havia um esforço na ocultação das operações.

O quarto ponto do relatório destaca que as auditorias apresentavam momentos de tensão com a diretoria, em especial pelo fornecimento de informações e dados incompletos.

No segundo semestre de 2022, as vendas de ações da Americanas por executivos da empresa ficaram na casa de R$ 287 milhões, o que é o quinto ponto. As operações chamaram atenção do conselho de administração. Hoje, se sabe que ex-diretores se alinharam para realizar vendas antes da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2022.

Continua depois da publicidade

Por fim, o sexto ponto é que o relatório demonstra que a preocupação da diretoria com a situação se ampliou com a presença de Sérgio Rial na presidência a partir de 2023. Com a mudança, ficaria mais complexo manter o esquema e, conforme demonstram diálogos, executivos se preocuparam em justificar os números para o novo CEO.