Americanas: ações LAME3 e LAME4 deixarão de ser negociadas na próxima segunda-feira; entenda a operação

Elas serão incorporadas pela AMER3, que existe desde julho de 2021 e que foi criada a partir da combinação entre B2W e ativos físicos da varejista

Lara Rizério

Fachada de uma loja da Americanas (Foto: Divulgação)
Fachada de uma loja da Americanas (Foto: Divulgação)

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Em continuidade ao processo de reestruturação societária, as ações da holding Lojas Americanas LAME3 e LAME4 deixarão de ser negociadas na B3 a partir da próxima segunda-feira (24).

Elas serão incorporadas pela Americanas (AMER3), ação que existe desde julho de 2021 e que foi criada a partir da combinação entre B2W e ativos das Americanas.

Na operação atual, cada acionista de Lojas Americanas receberá 0,188964 ação de Americanas, para cada papel ordinário ou preferencial que possuir, uma relação de troca baseada em valor econômico a preços de mercado, o que, na visão da XP, é favorável aos acionistas minoritários.

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Os analistas destacam que, quando concretizada, a operação eliminará a estrutura de holding e reduzirá a participação do grupo controlador a 29,2% da companhia (versus 53,2% detidos atualmente, de forma indireta).

O grupo, portanto, abre mão do controle. Dessa forma, a Americanas S.A. se torna uma corporation (empresa sem grupo controlador) listada no mais alto nível de governança – o Novo Mercado.

Essa era uma demanda de muitos investidores, uma vez que, em abril, quando a reestruturação foi anunciada, os termos de troca das ações mantinham a 3G Capital – formada pelo famoso trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira – ainda no controle e também geraram dúvidas sobre a governança da companhia.

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Assim, quando a “reestruturação da reestruturação” foi anunciada, em novembro de 2021, ela foi bem recebida pelos investidores.

A Levante Ideias de Investimentos destacou na ocasião ver a união das bases acionárias como positiva, deixando sua estrutura mais simples, e também com maior liquidez.

A XP também reforçou essa visão em relatório dessa semana, apontando ver a concretização da incorporação como positiva, uma vez que a operação melhora os padrões de governança da empresa, elimina o desconto de holding presente em LAME3 e LAME4, aumentará a liquidez de AMER3 e reflete uma relação de troca favorável aos acionistas minoritários.

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A companhia, destacam os analistas, introduziu ainda uma cláusula de poison pill, que estabelece que, caso algum concorrente ou qualquer outro acionista alcance uma participação superior a 15% na Americanas, ele seja obrigado a fazer uma oferta pelo restante das ações por um prêmio em cima do preço da ação, que será de 50% em cima da maior das seguintes métricas: (i) valor da companhia estimado pela Fluxo de Caixa Descontado; (ii) maior preço negociado nos últimos 24 meses; e (iii) maior preço pago pelo acionista que engatilhou a cláusula.

Confira abaixo como será a mudança: 

Assim, em um movimento que animou os investidores, as ações LAME3 e LAME4 se despedem da B3 nesta sexta-feira e, a partir de segunda, apenas as ações AMER3 serão negociadas na B3. No dia 26, haverá o crédito das ações AMER3 para os acionistas LAME3 e LAME4. 

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No mês, os papéis AMER3, LAME3 e LAME4 avançam entre 9% e 10%, mas nos últimos 365 pregões a queda dos ativos AMER3, por exemplo, é de mais de 60%.

Os analistas da XP têm recomendação neutra e preço alvo de R$ 45 por ação (ainda uma alta de 32% em relação ao fechamento de R$ 34,18 da véspera) para AMER3 devido à dinâmica desafiadora do setor frente ao aumento de competição e deterioração macroeconômica.

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Já em meados de janeiro, o Goldman Sachs reduziu o preço-alvo para Americanas de R$ 39 para R$ 36 (potencial de alta de apenas 5,3% em relação ao fechamento anterior), também com recomendação neutra.

“No contexto de maior volatilidade e percepção de risco, acreditamos que subsetores defensivos como alimentos e varejo de drogarias, ambos vinculados a perfis de demanda relativamente mais estáveis, podem continuar a superar os varejistas discricionários”, destacou o relatório do Goldman.

De acordo com compilação feita pela Refinitiv com 14 casas de análise, 8 recomendam compra para o ativo, enquanto 6 possuem recomendação neutra. O preço-alvo médio das casas é de R$ 59,39, um potencial de alta de 74% frente o fechamento de quinta-feira.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.