Ambev: JPMorgan corta ABEV3 para neutra após balanço e projeção de custos frustrarem

Banco comenta que as avaliações não são caras, mas uma reclassificação é improvável dada a desaceleração no crescimento dos lucros

Felipe Moreira

(Divulgação/Ambev)
(Divulgação/Ambev)

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O JPMorgan rebaixou a recomendação para ações da Ambev (ABEV3) de overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para neutra, após decepção com resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23), que ficaram aquém das expectativas, e a orientação (guidance) de custos pior do que o esperado, o que leva o banco a acreditar que a janela para uma surpresa positiva no crescimento dos lucros em 2024 está agora mais estreita. O preço-alvo de ABEV3 foi cortado de R$ 15,50 para R$ 14, ainda um potencial de valorização de 11% frente o fechamento da véspera.

Segundo relatório, a Ambev tem operado bem no ambiente de cerveja do Brasil, apresentando um crescimento saudável na receita, racionalização de despesas operacionais, preços robustos e inovação. “No entanto, a peça que falta no quebra-cabeça da recuperação da margem, que seria uma forte redução de custos baseada na queda dos preços das commodities, deve ser mais fraca do que o esperado, de acordo com o guidance da empresa, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade das margens para as operações futuras”, diz o documento.

Além disso, os analistas têm uma visibilidade limitada sobre melhorias nas operações internacionais (especialmente considerando o desempenho fraco no Canadá e na Argentina), bem como o momento de quaisquer medidas compensatórias dos impactos tributários observados no final de 2023. Nesse sentindo, o JPMorgan reduziu as estimativas consolidadas de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações internacionais em -3%, para R$ 10,659 bilhões.

O banco também reduziu sua estimativa de Ebitda consolidado para 2024 em 1,6%, para R$ 26,790 bilhões, agora 5% abaixo do consenso Bloomberg, e diminuiu o lucro por ação (EPS) para 2024E em -4,3%, para R$ 0,79, o que representa -15% abaixo do consenso.

Olhando para 2024, o JPMorgan continua a ver catalisadores positivos para a receita (carnaval, confiança do consumidor, mercado migrando para uma estrutura de duopólio), mas as comparações na receita começam a se tornar mais desafiadoras (estimativa de crescimento de volume de 1,3%, crescimento de ROL/HL, ou receita líquida por hectolitro, de 3,9% para 2024). Com reduções de custos em níveis de um dígito baixo, analistas veem espaço para uma melhoria de margem de 232 pontos-base no ano, levando a Ambev a um nível de margem terminal de 34-35%. Apesar de esperar que a Ambev entregue um bom crescimento de 13% no Ebitda para cerveja no Brasil em 2024, eles acreditam que a janela para surpresas positivas nos lucros está se estreitando.

Por fim, o JPMorgan comenta que as avaliações não são caras, mas uma reclassificação é improvável dada a desaceleração no crescimento dos lucros. A ação da Ambev está sendo negociada a 15,9 vezes Preço (P)/Lucro (L) em 2024. No entanto, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) do lucro por ação, que agora o banco calcula em 10% no período de 2024 a 2028, não deve ser suficiente para justificar uma reclassificação da empresa.

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