Publicidade
A Heineken registrou nesta quarta-feira (23) um crescimento 3,3% das receitas consolidadas na base anual. No Brasil, as receitas orgânicas cresceram na casa de um dígito médio, com os volumes de cerveja crescendo na casa de um dígito baixo.
O Bradesco BBI comenta que resultados do 3T24 da Heineken no Brasil estão bastante alinhados com suas expectativas para a Ambev (ABEV3), para quem também espera receitas de cerveja do Brasil crescendo na casa de um dígito médio e os volumes se expandindo na casa de um dígito baixo.
Portanto, os dados não trazem nenhuma mudança nas expectativas de lucros do 3T24 para a Ambev, mas o BBI ainda vê há alguns insights interessantes a partir dos números divulgados pela Heineken.
Sobre o desempenho do volume, os investidores têm se questionado sobre o impacto que a estratégia comercial mais agressiva da Petrópolis, em recuperação judicial, pode ter na Ambev. Essa estratégia pode levar a uma pressão maior para as margens de Ambev e Heineken.
Para os analistas, “os ganhos de participação de mercado aparentemente continuaram ocorrendo às custas do portfólio da Heineken no segmento econômico, e não do segmento mainstream (produtos de maior venda) da Ambev”.
Considerando que o portfólio da Heineken tem sido cada vez mais inclinado para premium e mainstream, e tanto a Heineken quanto a Amstel têm tido um bom desempenho, a sensação do BBI é que o portfólio econômico da empresa continuou perdendo participação.
Continua depois da publicidade
No entanto, a luta cada vez mais intensa da indústria por participação de mercado parece ter limitado o ritmo de crescimento dos preços, como ressaltado pelos resultados da Heineken, em que a contínua “premiumização” aparentemente não conseguiu se traduzir em um desempenho mais forte de crescimento do preço médio e receita.
Embora a Ambev possa sustentar seu forte desempenho de volume e participação de mercado, o BBI também espera que isso aconteça cada vez mais às custas dos preços.
O BBI ainda disse que o caminho para crescimento da receita e lucro da Heineken no Brasil irá cada vez mais derivar de seu mix de produtos, do mix de canais e do mix de embalagens, em vez de preços, o que pode continuar se traduzindo em um cenário competitivo feroz à frente, especialmente porque o crescimento da indústria desacelera devido à base de comparação.
Continua depois da publicidade
Em geral, o banco vê a Ambev sendo negociada a um múltiplo Preço/Lucro para 2025 relativamente mais atrativo, de 13 vezes, mas ainda sem visibilidade sobre desenvolvimentos relacionados ao negócio que poderiam levar a revisões positivas de lucros e/ou desencadear uma reclassificação dos múltiplos das ações. Com isso, BBI mantém classificação neutra.
O JPMorgan, por sua vez, avalia que os números relatados para Heineken vieram dentro do previsto e prevê impacto neutro nas ações da Ambev.
Já o Itaú BBA comenta que os dados relatados pela Heineken parecem indicar um desempenho pior no trimestre. De maneira similar, o banco espera que a divisão de cervejas da Ambev no Brasil registre um crescimento de volume de 2,5% ano a ano, e também ressalta a indicação de que a Petrópolis está ganhando participação de mercado.
Continua depois da publicidade
Com base nessa suposição, o BBA também antecipa dinâmicas desafiadoras para as estratégias de preços durante o trimestre. Portanto, o banco vê o resultado da Heineken no 3T24 corroborando com projeção de +4,5% ano a ano para receita (NR)/ hectolitro (hl) da Ambev, que parece estar pairando na extremidade inferior das estimativas dos investidores.
Por outro lado, o Itaú BBA comenta que os dados da indústria para volumes em setembro ainda não foram divulgados, e as vendas da Ambev, que ficaram abaixo do esperado, podem ser parcialmente atribuídas a estoques acumulados para uma demanda mais forte no 4T24.
O BBA manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 15 para ABEV3.