Ambev (ABEV3): por que BofA e BBI veem a queda como exagerada e recomendam compra

BofA projeta um 2024 mais forte, enquanto o BBI cita três motivos para estar positivo e recomendar compra

Lara Rizério

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As ações da Ambev (ABEV3) caíram 5,20% desde a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23) , no dia 29 de fevereiro, principalmente por conta da projeção de custos acima do esperado. Enquanto o JPMorgan rebaixou a recomendação para neutra no fim da última semana, o Bank of America e o Bradesco BBI mantiveram a recomendação de compra ou equivalente (outperform, ou desempenho acima da média do mercado) para os ativos.

O Bank of America (BofA) destacou que a gigante de bebidas está em preparação para um 2024 forte, recomendando a compra após a queda da ação. Para os analistas do banco americano, o primeiro trimestre (1T24) da companhia deve ser forte, demonstrando confiança a respeito dos volumes de cervejas no Brasil com um Carnaval robusto e bases de comparação de margens fáceis.

O banco também ressalta que, segundo suas verificações de canal, os preços da cerveja no Brasil subiram cerca de 1,0% ao mês em fevereiro.

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O otimismo em 2024 também se dá com o cenário macro favorável, enquanto o portfólio da Ambev é robusto e o prêmio está crescendo. Os analistas ainda avaliam que o impacto negativo nos resultados com a Argentina deve ser menos relevante agora para as receitas, “enquanto a margem tem estado acima das projeções e a geração de fluxo de caixa tem melhorado”.

O BofA projeta um crescimento de 2% no volume de cerveja em 2024 ante o ano anterior. Assim a recomendação é de compra e o preço-alvo é de R$ 16, ou um potencial de alta de 25% em relação ao fechamento da véspera.

O BBI, por sua vez, tem um preço-alvo maior, de R$ 19, para os papéis ABEV3, também apontando que a queda de cerca de 5% dos ativos desde o balanço é exagerada e representa uma oportunidade de compra.

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“Nossa pesquisa com investidores mostra que a maior parte da venda de ações se deveu ao guidance de custos acima do esperado para 2024 e, em parte, ao impacto da desvalorização cambial da Argentina”, avaliam os analistas. Com isso, a equipe de análise do BBI cortou a projeção para o lucro líquido entre 2024 e 2025 e o preço-alvo em 10% (para R$ 19) devido às mudanças fiscais no Brasil. Contudo, o lucro por ação para o biênio ainda está 10% acima do consenso “que parece excessivamente pessimista após a divulgação do resultado na semana passada”.

O banco vê três motivos para comprar a ação. Em primeiro lugar, o BBI vê impacto mínimo do guidance nos resultados financeiros. “A projeção de custos mais elevados esconde a sugestão de preços mais elevados (o crescimento em 2024 pode ser 1,5 ponto percentual acima do consenso de mercado) e despesas financeiras mais baixas”, avaliam.

Em segundo lugar, as mudanças recentes na Argentina apoiam uma reclassificação dos ativos, não um rebaixamento. O BBI estima um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de LAS (América Latina Sul, região em que pertence a Argentina) crescente de 25% na base anual no 4T23, demonstrando melhora na qualidade dos resultados.

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Em terceiro lugar, o valuation está atrativo. A ação da Ambev negocia a 13 vezes o múltiplo de Preço sobre Lucro (P/L) esperado para 2024, abaixo de sua média histórica de 20 vezes e pares da América Latina negociando a P/L de 15 vezes, com uma estimativa de taxa de crescimento anual composta (CAGR) de lucro por ação (EPS) de 12% entre 2023 e 2025 de 12% (semelhante aos pares da América Latina).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.