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Na esteira dos números da Heineken, que divulgou números globais que não agradaram o mercado (mas com preocupação maior para a Europa), a Ambev (ABEV3) revela seus números para o terceiro trimestre de 2022 na próxima quinta-feira (27), antes da abertura do mercado.
A expectativa é de “dois mundos” para os resultados da companhia, com bons números para o segmento de cerveja no Brasil, mas números mais difíceis nas operações internacionais, além de seguir com os custos pressionados.
A projeção Refinitiv é de que a companhia de bebidas registre um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 5,281 bilhões, 3,44% menor na comparação anual. Já para a receita, a expectativa é de R$ 20,21 bilhões no trimestre, avanço de 9,3%.
“Apesar de enxergamos a receita da divisão de Cerveja Brasil (principal catalisador de crescimento da empresa) 15% maior ano contra ano, puxada sobretudo pela política de preços adotada pela companhia, entendemos que o desempenho mais fraco da divisão CAC (Caribe e América Central) e o aumento nas despesas financeiras relacionadas ao ‘hedge'(mecanismo de proteção) cambial na Argentina (pertencente à divisão da América do Sul) possam pressionar os resultados no curto prazo”, avalia o Itaú BBA.
O banco calcula que a Ambev reportará Ebitda consolidado de R$ 5,5 bilhões (alta de 1% em um ano). Os analistas da casa mantêm recomendação “neutra” (desempenho em linha com a média do mercado) para ABEV3, com preço-alvo de R$ 18 ao fim de 2023.
Mais especificamente sobre o segmento “Cerveja Brasil”, a divisão deve reportar ligeira queda de volumes vendidos no período na comparação anual, quando a companhia reportou volumes muito fortes. O aumento de preços e a estratégia de
precificação, por outro lado, devem garantir aumento de receita de 15%. “Apesar disso, entendemos que a inflação de custos que ainda atinge a empresa, proveniente sobretudo das commodities, deve pressionar levemente a rentabilidade da divisão, que deverá reportar Ebitda de R$ 2,3 bilhões”.
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Já para não alcoólicos no país, os analistas enxergam melhora sequencial tanto na receita quanto nos volumes vendidos
que devem resultar em Ebitda 55% maior na comparação ano contra ano e, consequentemente, em ganhos de rentabilidade operacional (margem Ebitda) de 3 pontos porcentuais.
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Eles não veem grandes novidades para a divisão Caribe, América Central e América do Sul. A hiperinflação continua pressionando a Argentina, acarretando despesas financeiras maiores à companhia. Na República Dominicana e no Panamá, o cenário macroeconômico mais desafiador somado aos impactos da temporada de furacões deve trazer uma desaceleração nos volumes vendidos de 12%.
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Já para o Canadá, estimam que a melhora no ambiente de consumo possa colocar a divisão rumo a uma normalização nos volumes vendidos, mesmo em um ambiente de inflação de custos ainda elevada.
A XP aponta que, embora a decepção com as operações internacionais traga aos investidores um sabor de “cerveja choca” no curto prazo, continua positiva com a tese da empresa, pois o caminho de recuperação do Brasil é sólido após a retomada do consumo fora de casa e garrafas retornáveis.
“Prevemos que 2023 seja um ponto de virada para as margens em geral devido ao alívio nos preços das commodities. Portanto, reiteramos nossa recomendação de compra para a Ambev”, com preço-alvo de R$ 18,10 para o ativo.
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O Bradesco BBI estima que os volumes de cerveja brasileira tenham queda de 1% na comparação anual no 3T22, enquanto
acreditamos que o mercado espera queda entre 3% e 4% ante o 3T21 dada a base de comparação desafiadora. Os analistas do banco projetam preço (receita por hectolitro) para esta divisão subindo 17% na comparação anual, o que acreditam que é um fator-chave que os investidores vão olhar. Isso porque a indústria vem aumentando os preços para recuperar as margens. Com isso, estimam que a margem Ebitda para sua divisão brasileira de cervejas ficará praticamente estável no 3T22 (e o Ebitda crescerá 16% ante o 3T21), enquanto vinha se contraindo em trimestres anteriores.
“A Ambev está negociando a um atraente [múltiplo de] P/L [preço sobre o lucro] de 17 vezes para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica de 23 vezes (no nosso preço-alvo, seria negociado a 22x), apoiando assim a nossa recomendação de compra”, aponta o BBI. Para os analistas, a ação oferece o risco/retorno mais atraente no setor e esperam que o ativo tenha um desempenho superior à medida que a inflação da cerveja continue a acelerar nos próximos meses o que, combinado com a tendência de queda para custos de commodities, devem apoiar a recuperação de margem.
A Genial Investimentos, que possui recomendação de venda para o ativo, espera uma receita total de R$ 20,9 bilhões, com aumento de 13,4% na base anual. Já a estimativa da casa é de um Ebitda de R$ 5,923 bilhões, com uma expansão de 8,3%, o que significa que a margem Ebitda vai sofrer uma redução de -1,3 ponto percentual (p.p.). Para o lucro líquido. acreditam ver uma redução de 33,2% ano a ano, com um total de R$ 2.,82 bilhões. Na comparação com o trimestre passado, projetam um lucro menor de 19,0% e um aumento de 16,6% da receita.
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“O Canadá e o CAC (América Central e Caribe), assim como no segundo trimestre continuarão a serem um empecilho devido as dificuldades logísticas mundiais, o que irá afetar a produção e os custos negativamente. Concluímos que apesar da forte tendência deflacionária do IPCA, ele ainda indica grandes acréscimos no preço da cerveja. Entretanto, pensamos que os desafios permanecerão no curto e no médio prazo”, destaca a casa.
Assim, as projeções seguem divididas sobre a companhia – e as suas ações. De acordo com a Refinitiv, de 14 casas que cobrem o ativo, 8 recomendam compra, 3 têm recomendação neutra e 3 têm recomendação de venda. O preço-alvo médio é de R$ 16.96, ou um valor 13,5% acima do fechamento da véspera.