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O dia começou com jeito de recuperação para os ativos brasileiros, com Bolsa em alta, dólar e juros futuros (DIs) em queda. Isso acontecia após a moeda americana atingir sua máxima em mais de um ano e a Bolsa a mínima de 2024, na sessão da véspera, por conta do cenário global de aversão ao risco e da piora da percepção fiscal local.
Assim, nesta quarta-feira (17), o Ibovespa recuperava o patamar dos 125 mil pontos e o dólar buscava os R$ 5,22, primeira queda da cotação da moeda em cinco sessões, pela manhã. Os juros futuros, por sua vez, recuavam mais de 1%.
Tudo ia bem até o começo das falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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Em fala a investidores em Washington D.C., em um evento da XP, Campos Neto disse que a manutenção do cenário de incerteza elevada pode significar uma redução do ritmo de afrouxamento monetário promovido pela autarquia na tentativa de controlar a inflação. Ou seja, um corte menor da taxa Selic.
Referindo-se às contas públicas, Campos Neto mencionou a recente reprecificação de ativos, com a deterioração do cenário internacional e a percepção sobre riscos fiscais no Brasil.
O dirigente do BC reforçou ainda que um “cenário de incerteza começa a afetar mais fortemente variáveis importantes”.
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“Aí, precisaríamos falar sobre mudar o balanço de riscos. E poderíamos ter o cenário no qual a incerteza na verdade se agrava, criando estresse global e, nesse caso, mudaríamos nosso cenário base”, prosseguiu.
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Em reunião com investidores, Campos Neto destacou que a reprecificação em economias emergentes foi intensa nos últimos dias e que a volatilidade global no curto prazo deve aumentar
Para completar o quadro de volatilidade, Campos Neto pontuou que houve a “necessidade” de se mudar a meta fiscal, mas ressaltou que caso haja perda de credibilidade ou questionamentos sobre a âncora fiscal, o efeito é que “fica mais caro do lado monetário”.
Campos Neto completou ainda que as mudanças de expectativas sobre a área fiscal podem afetar os prêmios de risco e dificultar a política monetária.
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Bolsa, dólar e juros viram
Foi a partir daí que as coisas azedaram.
As taxas dos DIs (juros futuros) zeraram as perdas, com os comentários de Campos Neto sobre eventuais efeitos da mudança da meta fiscal sobre a política monetária.
Para completar, em meio a questionamento sobre câmbio pela plateia, a cotação disparou e a moeda virou – brevemente – para alta. Segundo ele, o Banco Central só deve intervir no dólar em casos de disfuncionalidades.
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“Pensamos que o câmbio é flutuante, e isso é muito importante, é um absorvedor de choques que tem uma função muito relevante ao nos dizer onde a demanda por proteção está e o porquê”, disse.
“Não reagimos ao fato de que as pessoas estão reprecificando nosso prêmio de risco. Reagir a isso é muito perigoso, porque há muitos jeitos diferentes de se proteger com o prêmio de risco no Brasil. Se você suprime muito um deles, há vazamento para o outro”, acrescentou Campos Neto.
Enfim, por esses momentos, o Ibovespa buscou a sua mínima do dia, aos 123,6 mil pontos.
Acima, gráfico de 5 minutos do Ibovespa, com Bolsa atingindo sua mínima, por volta das 13h30, enquanto, abaixo, dólar futuro disparou no mesmo horário. (Fonte: Clear Trader)
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Correção do dólar
Apesar dos solavancos, o dólar e os juros voltaram a recuar, seguindo movimento de correção, após o “estresse momentâneo” gerado pelas falas de Campos Neto. Mas a Bolsa seguiu em queda, durante a tarde.
“As falas de Campos Neto sobre o fiscal pesam de certa forma no mercado após ele dizer que a maior parte das incertezas vem de fatores globais, mas também domésticos relacionados a uma preocupação em relação ao fiscal, que tornou, segundo ele, o trabalho do BC mais difícil”, diz Fabio Louzada, economista e planejador financeiro da Eu me banco.
“No curtíssimo prazo, vemos realmente um mercado mais estressado, curvas de juros subindo, queda da bolsa e até um dólar ultrapassando a barreira dos R$ 5,20”, completa Gustavo Sung, Economista-chefe da Suno Research.