Alta da inflação deve pesar mais no bolso das famílias de menor renda

Esse novo perfil da inflação no qual pesam mais as tarifas e menos os serviços deve punir mais as famílias de menor renda

Estadão Conteúdo

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O ano de 2015 será mais um ano de inflação ao consumidor pressionada beirando o teto da meta de 6,5%. Apesar de numericamente semelhante a 2014, a inflação do ano que vem terá um perfil diferente. É esperada uma desaceleração de quase um ponto porcentual dos preços do setor de serviços e aceleração de mais de três pontos nos preços administrados, por causa do reajuste das tarifas, como energia elétrica, passagem de ônibus e da provável volta da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina, zerada em 2012 para compensar a alta da gasolina.

Esse novo perfil da inflação no qual pesam mais as tarifas e menos os serviços deve punir mais as famílias de menor renda, que gastam uma parcela maior do orçamento com despesas obrigatórias, como alimentação, transporte público e energia elétrica.

De acordo com o último Boletim Focus do Banco Central (BC), os índices projetados para a inflação de 2014 e de 2015 são muito parecidos de 6,48% e de 6,54%, respectivamente. “O que muda na inflação de um ano para outro é a composição do resultado”, afirma a economista da Tendências Consultoria Integrada, Adriana Molinari.

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Ela, que projeta alta de 6,3% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)para este ano e 6,4% para 2015, calcula que os preços dos serviços vão subir menos no ano que vem. A alta dos serviços deve fechar o ano de 2014 em 8% e em 2015, de 7,2%.

Apesar da alta menor por causa do reajuste moderado dos salários, ela observa que a inflação do setor de serviços se mantém em patamares elevados em razão das condições ainda favoráveis do mercado de trabalho.

Veículos

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Já em relação aos preços dos bens duráveis e dos semiduráveis, a perspectiva é de aceleração no ano que vem por causa da volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos e da pressão do câmbio. Quanto aos bens não duráveis, a economista projeta desaceleração por acreditar que a alta do dólar será mais que compensada pela maior oferta de alimentos para atenuar a elevação de preços. “A população da base da pirâmide será a mais penalizada pela inflação de 2015”, afirma o diretor de pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira. Ele pondera, no entanto, que a inflação alta afeta todos os brasileiros porque corrói o poder de compra.

Risco

Na opinião do economista do Itaú Unibanco, Elson Teles, o câmbio é um fator de risco para 2015. “Tudo está muito apertado e não há espaço para acomodar choques”, fazendo referência ao teto da meta de inflação que é de 6,5%. Nas contas de Adriana, da Tendências, na maioria dos meses de 2015, a inflação acumulada em 12 meses deve superar o teto da meta. Os períodos mais críticos devem ocorrer entre os meses de janeiro e março do ano que vem e no período de julho e novembro. Na avaliação dos economistas, algum alívio no índice de inflação acumulada em 12 meses, quando o índice deve ficar abaixo do teto da meta estipulada, é esperado para os meses de abril, maio e junho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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