Embraer (EMBR3): ação tem derrocada de quase 15% após balanço, com geração de caixa positiva, mas guidance decepcionante

Empresa vinha observando melhoras com arrefecimento da pandemia, mas alta do combustível, guerra e falta de pilotos agora preocupam

Augusto Diniz Rodrigo Petry

A Embraer Serviços & Suporte foi criada para alavancar os negócios pós-venda. Foto: Divulgação/Embraer
A Embraer Serviços & Suporte foi criada para alavancar os negócios pós-venda. Foto: Divulgação/Embraer

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As ações da Embraer (EMBR3) tiveram forte queda após a divulgação do balanço do quarto trimestre, que mostrou no resultado não ajustado um lucro de R$ 11,1 milhões, revertendo prejuízo de R$ 7,7 milhões do mesmo período de 2020.

Os ativos fecharam com um recuo de 14,93%, a R$ 14,02, liderando as perdas do índice. O desempenho negativo das ações veio mesmo com muitos analistas considerando os resultados de neutro a positivo, com destaque especial para a geração de caixa. Contudo, outros analistas apontaram para números que desagradaram, com atenção também ao guidance (projeção) mais fraco.

Para o Bradesco BBI a Embraer teve um “trimestre forte, com guidance para 2022 confirmando as perspectivas positivas”.

O Bradesco BBI destaca geração de caixa livre de US$ 453 milhões no 4T21, encerrando o ano com uma geração de caixa também positiva de US$ 292 milhões e superando o guidance para 2021 de > US$ 100 milhões. O sólido desempenho veio com 29% menos entregas de aeronaves em relação aos níveis de 2019 (pré-pandemia), o que sugere que a nova equipe C-Level da Embraer conseguiu transformar a empresa com uma estrutura de custos mais enxuta e financiamento de capital de giro mais eficiente.

Para analistas do BBI, o preço das ações da Embraer pode subir 55% com os preços de mercado na avaliação de US$ 2,9 bilhões da Eve e forte desempenho operacional da companhia. Assim, eles mantêm classificação outperform para Embraer, e preço-alvo de US$ 26,00.

Guidance mais fraco

A XP avaliou que a Embraer reportou um forte desempenho de geração de caixa, mas guidance para 2022 mais fraco do que o esperado.

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Lucas Laghi e Pedro Bruno, analistas da casa, ressaltaram a previsão da Embraer de receita líquida de US$ 4,75 bilhões, 11% abaixo da projeção da XP e consenso de mercado. “A empresa espera também margens Ebitda e Ebit ajustadas de 8% a 9% e de 3,5% a 4,5% [respectivamente]. Esses números estão 1 ponto percentual abaixo da nossas expectativas e do consenso”, apontaram, podendo levar a revisões baixistas para a companhia. .

Já sobre o resultado em si, os analistas apontaram que a Embraer reportou números neutros no 4T21, com um Ebitda ajustado abaixo das estimativas, explicado principalmente pelo impacto de US$ 43 milhões relacionado ao acordo recentemente alcançado com a Força Aérea Brasileira (efeito contábil não caixa nos números do 4T21).

Mas ressaltam o forte desempenho do fluxo de caixa, com geração de caixa livre de US$ 452 milhões no 4T21 levando a uma geração anual de caixa de US$ 292 milhões, bem acima das indicações anteriores da empresa de cerca de US$ 100 milhões (suportando redução da alavancagem para atingir 3,5x dívida líquida/ EBITDA vs. 5,6x em 2019), bem como forte desempenho de rentabilidade das divisões de Aviação Executiva e Serviços.

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O UBS BB, por sua vez, avaliou que os números do quarto trimestre ficaram ligeiramente abaixo das expectativas. As vendas em defesa e segurança foram mais fracas, enquanto o mix mais fraco em aviação comercial e aviação executiva também pesou negativamente.

Teleconferência de resultados da Embraer

Durante teleconferência com analistas, o CEO da Embraer (EMBR3), Francisco Gomes Neto, disse que a companhia aderiu às sanções econômicas internacionais aplicadas contra a Rússia em resposta à invasão da Ucrânia.

Nesta quarta (9), a Embraer suspendeu fornecimento de peças, manutenção e suporte técnico para Rússia, Belarus e regiões da Ucrânia “em cumprimento às sanções impostas pelas leis das jurisdições”. Conforme ele, porém, o conflito “não deve trazer interrupções de materiais a médio prazo”.

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Impacto nas projeções

A Embraer (EMBR3) destacou que o cenário geopolítico ainda impacta pouco nas projeções (guidances) de 2022. Segundo Antônio Carlos Garcia, vice-presidente e CFO da companhia, porém, há preocupações maiores com a cadeia de fornecimentos desde o quarto trimestre do ano passado.

Segue o executivo: “estamos vendo um tipo de disfunção, principalmente falta de material, mão-de-obra qualificada. A gente entende que é um cenário de risco, que a gente acredite que deve melhorar”.

As projeções para 2022 divulgadas pela Embraer em seu relatório de resultados de 2021, relatam entregas de jatos comerciais de 60 a 70 aeronaves; entregas de jatos executivos de 100 a 110 aeronaves; receita líquida entre US$ 4,5 a US$ 5 bilhões; margem Ebit ajustada de 3,5% a 4,5%; margem Ebitda ajustada de 8,0% a 9,0%; e fluxo de caixa livre com geração de US$ 50 milhões ou mais no ano.

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Falta de peças

Antônio Carlos Garcia acrescentou que a situação hoje tem flexibilidade muito restrita e independe do modelo do aviação a ser produzido. “Está faltando tanta peça hoje”, segundo o executivo, que os fornecedores perguntam: “Que peça você precisa mais agora?. Não dá para conseguir tudo. Está no conta-gotas”.

Segundo ele, isso não e só com a Embraer. “Como o nosso volume é menor do que Boeing e Airbus, talvez eles estejam como mais dificuldade que a gente. O desafio é entregar o que está na guidance”, afirma.

Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer (EMBR3), disse ainda que com relação aos fornecedores, a companhia está “trabalhando forte nisso, mas o cenário não está sendo favorável”.

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Pandemia

De acordo com Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer (EMBR3), a empresa estava observando aumento de passageiros por causa de menor inibição causada pela pandemia.

“Agora vem três impactos que pode complicar: aumento do combustível, com aumento das passagens, afetando a demanda; a própria guerra com as restrições de voo e um pouco a falta de pilotos, a ser resolvido a médio prazo”, disse a analistas nesta quinta (10) por meio de teleconferência.

Esse cenário, segundo ele, afeta mais os voos de longa distância do que os domésticos.

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