Ibovespa reduz alta após PL apresentar projeto alternativo para a reforma da Previdência

Mercado engata quarta alta consecutiva puxado por cenário político, enquanto exterior fica zerado em meio a divulgação do PIB dos EUA

Ricardo Bomfim

Painel e gráfico de ações em um tablet (Crédito: Shutterstock)
Painel e gráfico de ações em um tablet (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa reduz alta e se afasta da máxima do pregão, quando chegou a 97.939 pontos, pressionado pela notícia de que o PL (antigo PR) apresentou um projeto alternativo para a reforma da Previdência. O partido tem uma bancada de 38 deputados na Câmara, perdendo apenas para PT (55), PSL (54) e PP (39). 

Às 16h28 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha alta de 0,78% a 97.323 pontos, enquanto o dólar comercial zera ganhos e tem leve variação positiva de 0,02% a R$ 3,9762 na compra e a R$ 3,977 na venda. O dólar futuro com vencimento em junho fica estável a R$ 3,9755. 

De acordo com o analista da XP Investimentos, Gabriel Fonseca, o mercado se animou hoje com a tramitação rápida das MPs, que mostram um potencial apoio à Previdência. “É mais o desempenho de um alinhamento entre os Três Poderes. Formal e concretamente não tivemos nenhuma notícia muito grande hoje”, destaca. 

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Ele aponta ainda que é uma boa notícia o anúncio do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que irá liberar os saques das contas ativas e inativas de FGTS e PIS/Pasep assim que forem aprovadas as reformas. 

Os investidores também digerem o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que teve retração de 0,2% no primeiro trimestre de 2019 na comparação trimestral, em linha com as expectativas dos economistas ouvidos pela Bloomberg. Já o PIB dos EUA registrou um crescimento de 2,2% no primeiro trimestre contra os três meses imediatamente anteriores. 

No front político, o Senado adiou para segunda-feira (3) a votação da Medida Provisória 871, que trata das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essa é justamente a data em que a MP perde validade. Segundo o governo, a medida pode gerar economia aos cofres públicos de R$ 9,8 bilhões apenas no primeiro ano de vigência.

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Ontem, o Senado já avisou que vai deixar caducar a MP do Código Florestal, que reduz o percentual necessário de preservação e anistia quem desmatou e não cumpriu com a lei ambiental anterior. A medida foi aprovada de madrugada na Câmara dos Deputados e refletiria um descontentamento dos senadores com a posição de “carimbadores” do que os deputados fazem.  

Por fim, destaque ainda para o adiamento da apreciação, no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), da tese do ministro Ricardo Lewandowski de que não se podem privatizar ativos de estatais sem aprovação do Congresso e licitação.  

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 vira para queda de dois pontos-base a 6,56%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 registra perdas da mesma monta a 7,62%.

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PIB do Brasil

O PIB brasileiro recuou 0,2% no primeiro trimestre de 2019 sobre o quarto trimestre de 2018. Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, houve crescimento de 0,5%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2019 totalizou R$ 1,714 trilhão, sendo R$ 1,462 trilhão referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 251,5 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

No trimestre passado, o PIB havia avançado 0,1% contra o trimestre anterior e 1,1%, na comparação com o mesmo período de 2017. 

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PIB dos EUA

Já o PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2019 cresceu 3,1% na taxa anualizada conforme foi divulgado pelo Departamento do Comércio. Em relação ao trimestre imediatamente anterior a expansão foi de 2,2%. 

O número veio acima da mediana das expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que projetava um avanço de 3% no período. 

Essa é a segunda prévia do PIB americano do primeiro trimestre. Na primeira, divulgada no dia 26 de abril, a economia dos EUA havia mostrado uma expansão de 3,2%. 

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Noticiário corporativo

Um dos destaques corporativos fica por conta do julgamento marcado para hoje sobre a necessidade de aval do Congresso para a realização de privatizações de empresas estatais. A expectativa, diz o Estadão, é de que a votação no Supremo Tribunal Federal (STF) possa registrar um placar apertado. Na mesma sessão, os ministros vão discutir a decisão de suspensão da venda de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobras (PETR3; PETR4), por US$ 8,6 bilhões.

A Engie Brasil Energia (EGIE3), que fez a aquisição da TAG, informou ao STF que já ter realizado operações com instituições financeiras internacionais de US$ 3 bilhões para a aquisição do ativo da Petrobras. Outro golpe contra a petroleira, foi a decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro de suspender liminarmente o processo de venda da participação da empresa na Araucária Nitrogenados (Ansa) e na unidade de fertilizantes nitrogenados (UFN-III). A empresa diz que vai recorrer.

A Atvos, empresa de açúcar e álcool da Odebrecht, entrou com pedido de recuperação judicial, após acumular dívidas de quase R$ 12 bilhões. Essa é a primeira empresa do grupo a entrar em recuperação judicial, indicando a possibilidade de que outras empresas do conglomerado possam ter que recorrer ao mesmo mecanismo.

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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 22,38 +5,72 +93,12 311,74M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,80 +4,80 +9,34 140,00M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 51,05 +4,50 -16,52 70,07M
 QUAL3 QUALICORP ON 19,80 +3,13 +53,61 48,05M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,31 +2,87 -0,75 31,50M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 41,34 -2,29 -12,75 58,87M
 NATU3 NATURA ON 60,20 -1,23 +34,51 166,03M
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 26,18 -1,21 +15,78 1,55B
 SBSP3 SABESP ON 43,98 -1,04 +39,62 80,19M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 15,36 -0,78 -2,03 43,36M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário Político

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que o fato de estar na Presidência vai “contra interesses” e que há ameaças ao seu mandato. “Muita gente não tem interesse de eu estar sentado naquela cadeira”, afirmou, segundo o Estadão. Questionado sobre o assunto, ele evitou responder, entretanto num discurso declarou que “paira um fantasma” sobre o seu governo do retorno da esquerda.

No Brasil, destaque ainda para as manifestações previstas para o dia de hoje contra cortes nas verbas da educação, organizadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). A expectativa é de que 150 cidades realizem atos, número inferior às manifestações do dia 15. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a menor adesão deverá acontecer em razão dos protestos partirem apenas dos movimentos estudantis, ao contrário do anterior, que foi organizado por sindicatos de professores.

A Câmara dos Deputados aprovou ontem à noite o texto base da medida provisória 871/2018, uma das primeiras enviadas pelo governo de Jair Bolsonaro ao Legislativo e que tem como objetivo combater fraudes e irregularidades em benefícios previdenciários. A MP cria um programa de revisão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), exige cadastro do trabalhador rural e restringe o pagamento de auxílio-reclusão apenas aos casos de pena em regime fechado.

Ainda no Congresso, as mudanças no Código Florestal contrapuseram o Senado e a Câmara dos Deputados, que aprovou ontem Medida Provisória que flexibiliza trechos da legislação. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, entretanto, já avisou que não vai colocar a proposta em votação. Como a MP vale até segunda-feira, a expectativa é de que as mudanças devam caducar.

O Estadão informa que o partido dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, o DEM, fará uma ofensiva para se desligar do Centrão, bloco informal de partidos reunindo PP, PR, PRB, MDB e Solidariedade, abrigando 230 dos 513 deputados. Segundo a publicação, a ideia é se descolar da imagem de fisiologismo grudada ao grupo, alvo de protestos pró-governo no último domingo.

O jornal O Globo destaca que o “pacto pelo Brasil” proposto pelo presidente Jair Bolsonaro ao Legislativo e ao Judiciário foi recebido com ceticismo por parlamentares, ministros do STF e cientistas políticos. A Associação dos Juízes Federais do Brasil criticou o apoio do presidente do STF, Dias Toffoli, ao acordo, pois pontos da reforma da Previdência podem ir parar no Supremo.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.