Ibovespa cai e dólar bate máxima do ano, a R$ 3,83, com exterior e ruído político

Índice tem dia de mau humor na volta do Carnaval seguindo bolsas dos EUA e nova polêmica envolvendo Jair Bolsonaro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A bolsa brasileira voltou do Carnaval em clima de mau humor seguindo não só o dia de queda em Wall Street, mas também a cautela dos investidores por aqui por conta do cenário político diante do polêmico tuíte do presidente Jair Bolsonaro. Além disso, o mercado também sente o reflexo do desempenho dos ADRs (American Depositary Receipts) das principais empresas brasileiras em Nova York nos últimos dias.

Neste cenário, o Ibovespa fechou com queda de 0,41%, aos 94.216 pontos, após chegar a cair 0,70% na mínima do dia, a 93.945 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 8,667 bilhões. Enquanto isso, o contrato de dólar futuro com vencimento em abril subiu 1,69%, a R$ 3,843, e o dólar comercial teve alta de 1,47%, cotado a R$ 3,836 na venda, seu maior valor no ano.

Seguindo o movimento do câmbio, no mercado de juros, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2021 subiu 3 pontos-base, para 7,18%, enquanto o DI para janeiro de 2023 avançou 4 pontos-base, a 8,34%.

Brasília está vazia, mas o noticiário político ferve após Bolsonaro publicar um vídeo com cenas fortes de atos obscenos e escatológicos que ele associou a blocos de rua de Carnaval. No texto postado junto do vídeo, Bolsonaro diz que não se “sente confortável” em mostrar o conteúdo, mas acrescenta: “É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”.

O tuíte, que estava no ar até o momento da publicação desta matéria, gerou forte repercussão nas redes sociais, um reduto do eleitorado de Bolsonaro. Mais de 24 horas após a postagem, os dois assuntos mais comentados do momento no Twitter, no ranking mundial, eram “#ImpeachmentBolsonaro” e “#BolsonaroTemRazão”, mostrando a polarização entre apoiadores e críticos do presidente. O perfil de Bolsonaro é seguido por quase 3,5 milhões de pessoas.

“A atitude do presidente, de gerar polêmica com temas que não estão na agenda e desviam o foco da pauta de reforma do governo, não é positiva e pode, no médio prazo, ter impactos sim sobre a governabilidade e relacionamento com o Congresso”, afirma o diretor de relações governamentais da Barral M. Jorge, Juliano Griebeler.

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Segundo ele, para manter o apoio do seu eleitorado o presidente não pode “descer do palanque eleitoral”, por isso mantém o mesmo tom que utilizava durante a campanha. “Entretanto certa atitudes tem o efeito de afastar o eleitorado que não possui um identificação forte com o governo, como o incidente recente do vídeo de carnaval”, explica.

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Os seguidores que consideraram as cenas fortes demais para serem postadas na rede iniciaram um movimento pedindo a exclusão do vídeo. No entanto, o Twitter permite algumas formas de conteúdo adulto nas postagens que forem marcadas como mídia “sensível”, como foi o caso da publicação de Bolsonaro. Cabe destacar que essa marcação só foi colocada horas após a postagem viralizar e diante da repercussão negativa de alguns seguidores.

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Segundo o Twitter, a regra de política de conteúdo da rede social seria violada apenas se o conteúdo fosse publicado em vídeos ao vivo, na imagem de capa ou do perfil do presidente. Consultado pela Agência Estado, o Twitter disse que “eventuais violações estão sujeitas às medidas cabíveis”.

Seguidores ofendidos com a postagem pedem impeachment do presidente com base na lei de crimes contra a probidade na administração pública. A lei diz que são crimes de responsabilidade contra a probidade na administração “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.

“Podemos dizer que o mercado ainda não reagiu negativamente como se esperava, mantém uma certa benevolência. Me parece que essa paciência já está no limite”, disse Italo Abucater, gerente da mesa de câmbio da Tullett Prebon, à Bloomberg.

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O jornal Folha de S. Paulo aponta que o vídeo foi feito durante um bloco chamado “Blocu”, que desfilou na segunda-feira (4) pelas ruas do centro de São Paulo.

Destaques de ações

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 13,40 -5,10 +15,62 100,86M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,57 -4,77 +12,69 40,10M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 26,39 -3,76 +11,07 61,44M
 BRFS3 BRF SA ON 19,80 -3,51 -9,71 97,68M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,39 -3,30 0,00 34,62M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 15,15 +9,39 +71,38 341,14M
 BRAP4 BRADESPAR PN 29,47 +2,83 -5,08 61,68M
 VALE3 VALE ON 48,05 +2,80 -5,78 680,63M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 24,54 +1,83 -4,51 77,29M
 WEGE3 WEG ON ED 18,58 +1,31 +6,39 43,03M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 48,05 +2,80 680,63M 1,26B 26.142 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 26,76 +0,22 490,50M 1,46B 30.062 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 42,21 -0,76 358,68M 808,02M 24.588 
 CSNA3 SID NACIONALON 15,15 +9,39 341,14M 193,44M 23.725 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 34,85 +0,03 336,35M 866,98M 19.072 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,37 -2,73 301,99M 431,97M 23.404 
 BBAS3 BRASIL ON ERJ 50,60 -1,38 262,50M 624,91M 17.330 
 ITSA4 ITAUSA PN EDJ 12,08 -1,47 199,44M 433,06M 30.911 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 48,19 -0,76 182,63M n/d 14.327 
 B3SA3 B3 ON 31,61 -0,85 171,85M 370,87M 14.722 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos fecharam em queda com os investidores de olho nas conversas entre o governo de Donald Trump e a China para tentar colocar fim à guerra comercial. Vale lembrar que o aumento nas tarifas a produtos chineses que deveria ter início em 1 de março foi adiado.

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Na segunda-feira (4), o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse acreditar que Washington e Pequim estão perto de chegar a um acordo definitivo. 

Além disso, o Livro Bege do Federal Reserve mostrou que a economia se expandiu nos Estados Unidos neste início de ano, mas em vários distritos do país o “shutdown” levou a uma desaceleração da atividade econômica. Dez dos doze distritos mostraram uma expansão “de leve a moderada” da economia nas últimas semanas, sendo que metade registrou um impacto da paralisação do governo.

As bolsas europeias tiveram fraca oscilação e sem direção definida também acompanhando os desdobramentos das negociações entre China e Estados Unidos.

Os principais índices das bolsas asiáticas encerraram em alta, com exceção do Japão. A bolsa chinesa alcançou sua máxima em 9 meses diante das expectativas de estímulos para o crescimento da economia.  Pequim irá reduzir a chamada lista negativa, que estabelece restrições para investidores estrangeiros, e continuará fazendo aberturas experimentais nas zonas de livre comércio do país.

No mercado de commodities, os preços do petróleo recuam diante da previsão de estoques mais altos nos Estados Unidos com o aumento de produção. O minério de ferro cai quase 1% no mercado futuro de Dalian, na China.

Reforma da Previdência 

O Congresso permanecerá sem trabalhos nos próximos dias, deixando a expectativa pela instauração das comissões, em especial a que avaliará a Previdência, para a outra semana. É possível que o presidente ou alguns integrantes do governo façam alguma declaração, mas não é esperado nenhum grande evento.

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Ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, visitou o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada para discutir a agenda do governo para os próximos dias. Na saída, o ministro voltou a admitir que o Congresso deve fazer ajustes na proposta de reforma da Previdência.

“Estamos muito seguros da Nova Previdência que apresentamos ao Congresso. Agora tem aquela fase de passar pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e pela Comissão Especial (da proposta). E aí virão os ajustes que o Parlamento seguramente deverá fazer”, disse Onyx às equipes de TVs presentes na porta do Palácio do Alvorada.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.