Publicidade
SÃO PAULO – Após um dia negativo para o mercado na véspera, com os investidores reagindo a notícias desanimadoras sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o pregão da B3 nesta quarta-feira (23) foi de forte alta para o Ibovespa, com o índice subindo mais de 1,5% em meio às falas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes sobre as questões fiscais brasileiras, tendo como destaque a reforma da Previdência. Em meio ao ânimo do mercado, apenas 5 ações do Ibovespa fecharam em queda.
Do lado corporativo, o mercado digeriu positivamente as projeções da Kroton, as falas do secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, sobre os planos do governo estadual para a Sabesp, além de prévias operacionais de EzTec e Helbor e outras notícias. Confira os destaques deste pregão:
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Apesar da queda do petróleo de cerca de 1% nesta sessão, as ações da Petrobras tiveram alta acompanhando o noticiário interno mais positivo e as falas sobre privatização de Paulo Guedes em Davos. Em entrevista à Bloomberg no Fórum Econômico Mundial, Guedes afirmou que o governo pretende levantar US$ 20 bilhões só com privatizações neste ano, cerca de R$ 75 bilhões.
Além disso, em relatório enviado a clientes, o JPMorgan afirmou que prefere Petrobras ante Vale na “batalha das Ações”. O banco examinou o crescimento da produção, os custos, as despesas de capital, a rentabilidade, o fluxo de caixa livre, múltiplos e as perspectivas para as commodities. Enquanto a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, se beneficia de maior lucratividade e múltiplo atrativo, a Petrobras tem um case estrutural com maior apelo, segundo os analistas.
Os analistas destacaram a mudança da Petrobras no sentido de afrouxamento de seus laços operacionais com o Estado nos últimos três anos. Além disso, Roberto Castello Branco, novo CEO, tem se movimentado para tirar os últimos altos executivos nomeados durante os governos do PT. O executivo prometeu aumentar a produção de petróleo, reduzir a dívida e prosseguir com o programa de venda da empresa.
Ainda no radar da estatal, o jornal Valor Econômico informa que a 2ª Turma da 3ª Câmara da 1ª Seção do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) manteve uma autuação de R$ 1,7 bilhão recebida pela Petrobras. Cabe recurso no próprio Conselho. A decisão foi por maioria de votos – quatro a três. Na autuação, a Receita Federal cobra imposto de renda e CSLL de 2012 sobre lucros de empresa estrangeira controlada pela Petrobras. A Receita inclui os valores no lucro da matriz.
Continua depois da publicidade
As ações da Vale também subiram, acompanhando o noticiário da China. O gigante asiático prometeu hoje ampliar gastos fiscais este ano, focando no corte de impostos para pequenas empresas, de forma a impulsionar sua economia, que no ano passado cresceu no ritmo mais fraco desde 1990. Em 2018, os gastos fiscais do governo chinês avançaram 8,7%, a 22,09 trilhões de yuans (US$ 3,26 trilhões), enquanto a receita cresceu 6,2%, a 18,34 trilhões de yuans, de acordo com dados do Ministério de Finanças chinês.
Kroton (KROT3)
A Kroton prevê uma expansão do Ebitda este ano entre 1% e 5% em relação ao ano passado, excluindo os resultados da Somos, segundo apresentação a analistas e investidores divulgada nesta quarta. Para as linhas de lucro líquido e receita líquida, a Kroton projeta estabilidade este ano em relação a 2018. De acordo com os analistas do Itaú BBA, a notícia é positiva uma vez que o Ebitda projetado é significativamente acima das estimativas e do guidance anterior, o que pode ser atribuído aos resultados melhores do que o esperado para as iniciativas da empresa de educação em melhorar a sua eficiência.
Para a geração de caixa (Operacional Pós Capex Recorrente) e conversão de caixa (cash conversion), a projeção da instituição de ensino é de uma expansão acima de 10%. Segundo a empresa, caso sejam incluídos os dados da Somos, “todos os indicadores” seriam “ainda melhores”.
Continua depois da publicidade
Sobre 2018, a empresa reafirma que vai entregar todos os “guidances”, que incluem lucro líquido ajustado de R$ 1,940 bilhão; Ebitda ajustado de R$ 2,275 bilhões; receita líquida de R$ 5,480 bilhões; e margem Ebitda ajustada de 41,5%.
Segundo a empresa, para 2020, a tendência é “positiva em todos os indicadores”. Além disso, a companhia afirma que a geração de caixa e a conversão de Ebitda em caixa contam com potencial de crescimento em 2020 e 2021.
Em relação aos novos alunos, no primeiro semestre de 2019, até o momento, com 30% da captação completa, a Kroton informa que no ensino presencial há uma estabilidade no volume, mas alta nos preços. Já no EAD, há estabilidade tanto em termos de preço quanto de volume.
Continua depois da publicidade
Gafisa (GFSA3)
A gestora GWI passou a deter 50,17% de participação na Gafisa, o que abriu questionamento sobre se haverá oferta pública de aquisição (OPA) do restante de papéis da incorporadora pelo grupo coreano.
A Gafisa tem um mecanismo de proteção à dispersão acionária que determina a realização de OPA sempre que algum acionista atingir 50% da companhia.
Continua depois da publicidade
Em nota ao mercado, a GWI explicou que acabou com uma participação de mais de 50% involuntariamente, devido a questões relacionadas a movimentos de mercado, e por isso não tem intenção ou planos para adquirir o controle total da Gafisa.
Segundo o Bradesco BBI, a nota ao mercado publicada ontem à noite leva a acreditar que esta oferta pode não acontecer. Enquanto a administração se concentra na arrumação da casa, os números operacionais da empresa têm apresentado baixo desempenho, e o cenário daqui para frente deve continuar desafiador, avaliam.
Sabesp (SBSP3)
Ao jornal Valor Econômico, o secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, afirmou que o estado usará a Sabesp para cumprir o orçamento este ano. Segundo ele, o programa de desestatização, bandeira do governador João Doria (PSDB), poderá contribuir de forma importante para fechar as contas em 2019. A capitalização da companhia, estimada em R$ 5 bilhões, junto com o contingenciamento de R$ 6 bilhões em recursos do Orçamento, ajudaria o Estado a cobrir R$ 10 bilhões em receitas consideradas incertas.
Continua depois da publicidade
Segundo Meirelles, a oferta de ações da Sabesp só será feita se o governo não conseguir concretizar a privatização, principal objetivo da gestão Doria em relação à estatal. Dos R$ 5 bilhões estimados com a capitalização, R$ 4 bilhões iriam para o Tesouro, e R$ 1 bilhão, para reinvestimento na empresa. A privatização traria uma arrecadação projetada em pelo menos R$ 10 bilhões.
EzTec (EZTC3)
A Eztec divulgou dados operacionais do quarto trimestre. Conforme aponta o Credit Suisse, a companhia apresentou bons números, com forte crescimento de lançamentos, levando o VSO (vendas sobre oferta) para 16%, o maior nível desde o quarto trimestre de 2013 e bem acima do reportado ao longo de 2018 (6-8%).
A empresa também anunciou o guidance de lançamentos de 2019 de VGV (Valor Geral de Vendas) entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. “O anúncio não deve ser uma surpresa para o mercado, já que a gestão tem sido vocal quanto o maior lançamento. Do lado mais negativo, atenção para a velocidade de vendas do estoque que ainda está baixo (7%), mostrando que a comercialização dos ativos prontos ainda está difícil”, avaliam. Os analistas seguem com recomendação neutra para os papéis.
Eletrobras (ELET6)
O CEO da companhia, Wilson Ferreira, disse à agência de notícias Reuters que o governo está convencido de que um aumento de capital é necessário. A posição é respaldada pelo ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.
Bancos
Em um dia positivo para a maior parte das ações da carteira teórica do Ibovespa, os papéis de Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) abriram perto da estabilidade, mas fecharam em alta. No radar dos investidores, destaque para aceno feito pelo ministro Paulo Guedes (Economia) no sentido de taxar dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) para pessoa física como contrapartida para uma redução na tributação de empresas. A fala se deu em almoço fechado, organizado pelo Itaú Unibanco em Davos (Suíça).
Desde a campanha eleitoral, existe uma discussão entre aliados de Bolsonaro sobre tributação de dividendos. A novidade diz respeito ao JCP, outro formato de distribuição de lucro a acionistas, no qual o Imposto de Renda já é retido diretamente na fonte. Os detalhes da proposta ainda são desconhecidos, mas imagina-se que o setor financeiro deverá ser um dos mais afetados, já que costuma distribuir cifras volumosas de dividendos de JCP.
Frigoríficos
Após irem do céu ao inferno na véspera – primeiro com a notícia de que o Ministério de Comércio da China aceitou uma proposta para encerrar uma disputa antidumping e depois com a suspensão de importação de carne de frango de 33 frigoríficos brasileiros pela Arábia Saudita –, as ações de BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) têm sessão de recuperação no mercado brasileiro.
No noticiário do setor, a BRF informou que o impacto efetivo das restrições de plantas brasileiras pela Arábia Saudita será apenas para as exportações da planta de Lajeado, que vinha operando com um volume de aproximadamente 6,5 mil toneladas/mês de exportação para o país árabe. A Companhia já iniciou os ajustes necessários em sua cadeia produtiva e estima que, em no máximo 3 meses, retomará o mesmo patamar de embarques para o país.
“Assim, a perda de receita líquida não é material, visto que a estimativa de empresa é que poderá atingir no máximo 0,1% da receita líquida auferida nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2018, ou R$45 milhões nesse período de três meses”, destacou a empresa. Veja mais sobre o caso clicando aqui.
Magazine Luiza (MGLU3) e B2W (BTOW3)
Após um dia de fortes perdas na véspera, com o lançamento de novidades da gigante Amazon para o mercado brasileiro, as duas varejistas ensaiam um dia de recuperação na B3, tentando pegar carona no bom humor dos investidores. Ontem, a Amazon anunciou 11 categorias de produtos serão vendidas e entregues pela empresa (no modelo chamado 1P ou venda direta), incluindo 4 inéditas no país: Brinquedos, Bebês, Beleza e Cuidados Pessoais.
Até hoje, a única categoria em que a empresa trabalhava no modelo “vendido e entregue pela Amazon” no Brasil era a de livros. Apesar de já esperada desde o ano passado, a expansão coloca a varejista em outro patamar no mercado nacional, e pode ser considerada uma ameaça a nomes consolidados.
IPOs
Conforme informa a Coluna do Broad, do Estado de S. Paulo, a Caixa Econômica Federal vai atuar nas ofertas públicas iniciais de ações de seus negócios e também em operações de fusões e aquisições. A ideia é aproveitar a força de distribuição de varejo, com mais de 91 milhões de clientes, e ainda seu braço de banco de investimento. O Banco do Brasil já segue esse modelo. Em contrapartida, o número de assessores externos deve ser limitado.
Positivo (POSI3)
A Positivo Tecnologia informou que Carlos Augusto Moreira renunciou ao cargo de diretor vice-presidente executivo. Ele ficará no cargo até o dia 31 e o diretor-presidente da companhia, Hélio Rotenberg, assumirá a função interinamente.
Multiplus (MPLU3); Smiles (SMLS3)
O Bradesco BBI rebaixou a recomendação dos papéis de Multiplus para ‘underperform’ (antes ‘neutra’) e a de Smiles para ‘neutra’ (antes ‘outperform’). Os analistas estimam ainda um preço-alvo de R$ 27 e R$ 55, respectivamente. Um dos principais motivos para o corte nas recomendações é o fato de que ambas as empresas serão deslistadas da bolsa em 2019.
“Os documentos da Multiplus estão sendo analisados pela CVM e esperamos que o processo de deslistamento possa ser concluído no 1º trimestre de 2019. Apesar da Gol ter preferido reincorporar Smiles por meio de uma troca de ações, a B3 rejeitou a estrutura do acordo e agora a Gol está analisando novas alternativas para deslistar Smiles”, escrevem os analistas.
Helbor Empreendimentos (HBOR3)
A Helbor registrou um montante de R$ 293,5 milhões em vendas contratadas totais, um recuo de 13,9% em relação ao mesmo período de 2017. Os lançamentos vieram em R$ 134,8 milhões, recuo de 40% na comparação anual, enquanto o volume no ano foi de R$ 403,4 milhões.
A velocidade de vendas dos lançamentos atingiu 10,3% no trimestre, enquanto os distratos no período representaram R$ 172,9 milhões na parte Helbor.
Seja sócio das maiores empresas da bolsa com TAXA ZERO de corretagem! Clique aqui e abra uma conta na Clear!
(Com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)