Ibovespa se recupera no fim e mantém os 96 mil pontos de olho em Bolsonaro em Davos e dados da China

Índice se distanciou das mínima com mercado em clima de cautela antes de grandes eventos da semana e com Wall Street fechada por feriado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após chegar a cair mais de 1%, o Ibovespa voltou a ganhar força, apesar de não sustentar uma virada para o positivo em dia de correção em meio ao fechamento das bolsas dos Estados Unidos por conta do feriado no Dia de Martin Luther King. De olho no início do Fórum Econômico Mundial em Davos, o mercado também reage aos dados da economia chinesa.

O Ibovespa fechou com queda de 0,09%, aos 96.009 pontos, após chegar a recuar 1,28% na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 19,401 bilhões. Enquanto isso, o contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 teve alta de 0,19%, a R$ 3,761, ao passo que o dólar comercial avançava 0,08%, cotado a R$ 3,7587 na venda. 

No mercado de DIs, o contrato de juros futuros com vencimento em janeiro de 2021 fecharam estáveis a 7,34%, enquanto o contrato para janeiro de 2023 teve queda de 2 pontos-base, para 8,44%.

O mercado digere os dados sobre o crescimento da China em 2018, de 6,6%, na menor expansão desde 1990, confirmando o arrefecimento econômico do país. No quarto trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) da China teve alta de 6,4% na comparação com o mesmo período de 2017, desacelerando levemente dos 6,5% observados no terceiro trimestre.

Também está no radar dos investidores as expectativas em relação à primeira participação do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de Davos, entre terça-feira (22) e sexta-feira (25). O evento reúne a elite econômica e política do planeta e será a grande oportunidade para Bolsonaro apresentar seus projetos para os estrangeiros.

O mercado segue ainda à espera de detalhes sobre a reforma da Previdência, suja proposta já foi entregue ao presidente, segundo seu vice, o general Hamilton Mourão, que assume a Presidência da República até sexta-feira (25).

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Com o presidente fora do país, seus aliados terão que lidar com os impactos negativos das polêmicas relacionadas a Flávio Bolsonaro no governo. Investigações de cifras milionárias envolvendo o senador eleito respingam no mandato de seu pai e oposição já estuda propor uma CPI.

Destaques de ações
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,75 -5,12 +21,00 187,36M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 167,00 -4,13 -7,47 211,26M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 44,50 -3,26 +5,90 125,89M
 CSAN3 COSAN ON 40,91 -3,01 +22,27 51,39M
 GOLL4 GOL PN N2 23,62 -2,44 -5,90 56,38M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RENT3 LOCALIZA ON 32,30 +3,59 +8,57 272,77M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 45,60 +2,77 +19,75 227,64M
 CIEL3 CIELO ON 10,65 +2,21 +19,80 101,86M
 SBSP3 SABESP ON 41,51 +2,07 +31,78 43,90M
 LOGG3 LOG COM PROPON 19,14 +2,03 +6,22 7,75M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,44 +0,16 1,08B 1,87B 35.821 
 VALE3 VALE ON 55,28 +0,95 556,94M 1,10B 22.845 
 BBAS3 BRASIL ON 48,29 -0,54 399,32M 494,36M 21.060 
 BBDC4 BRADESCO PN 42,19 -1,15 306,81M 597,17M 19.995 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,35 -0,82 289,64M 782,80M 24.808 
 RENT3 LOCALIZA ON 32,30 +3,59 272,77M 149,14M 26.842 
 B3SA3 B3 ON 30,50 +0,33 236,12M 375,37M 29.759 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 45,60 +2,77 227,64M n/d 16.548 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 167,00 -4,13 211,26M 158,21M 6.336 
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,75 -5,12 187,36M 90,72M 17.905 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político 
As polêmicas em torno do presidente Jair Bolsonaro e sua família continuam no radar. Na noite de sexta-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou que o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) recebeu R$ 96 mil em um período de cinco dias, entre junho e julho de 2017. Segundo a reportagem, foram 48 depósitos no valor de R$ 2 mil, realizados em espécie no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

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Em entrevista à TV Record, Flávio Bolsonaro disse que o pagamento do título bancário se refere à negociação imobiliária. Ele levou papéis, mas não quis mostrá-los, afirmando que a imprensa não é o foro adequado para esse tipo de esclarecimento. Ele afirmou que os depósitos foram fracionados em R$ 2.000 porque esse era o limite aceito no caixa eletrônico. No Itaú, único banco no qual o senador eleito tem conta declarada, o limite para depósito em espécie no caixa eletrônico é de fato R$ 2.000. Na Alerj, onde foram feitos os depósitos, há um autoatendimento do Itaú, informa o jornal Folha de S. Paulo. 

Documentos obtidos em cartórios mostram que Flávio Bolsonaro registrou de 2014 a 2017 a aquisição de dois apartamentos em bairros nobres do Rio de Janeiro, ao custo informado de R$ 4,2 milhões, informa a Folha. Em parte das transações, o valor declarado pelos compradores e vendedores é menor do que aquele usado pela prefeitura para cobrança de impostos.

No período informado, Flávio era deputado estadual do Rio de Janeiro e tinha salário de R$ 25,3 mil brutos. Na entrevista à Record, o filho de Bolsonaro disse que o salário de deputado é a menor parte de seus rendimentos. O maior volume viria da atividade empresarial, mas ele não informou qual seria o negócio.

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Diante das polêmicas envolvendo o filho do presidente, a oposição já discute a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para aprofundar a investigação do caso do ex-motorista Fabrício Queiroz, que trabalhou até o ano passado para o gabinete de Flávio Bolsonaro. Em dezembro, o presidente admitiu ter feito um empréstimo de R$ 40 mil ao ex-assessor do filho, sem declarar a operação à Receita. O PT tratará do assunto em reunião nesta segunda (21), segundo a Folha de S. Paulo. 

No âmbito fiscal, o setor de serviços defende que a nova desoneração da folha de pagamentos seja compensada por um tributo que incida sobre as movimentações financeiras, nos moldes do antigo “imposto do cheque”. Uma proposta da CNS (Confederação Nacional dos Serviços) foi entregue ao secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, que já disse que a redução dos encargos sobre a folha de salários será a prioridade do órgão.

A entidade propõe que a contribuição patronal ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) – cuja alíquota chega a até 20% sobre a remuneração dos empregados – seja zerada e substituída por uma Contribuição Previdenciária sobre Movimentação Financeira.

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Reforma da Previdência

O secretário de Previdência Social do Ministério da Economia, Rogério Marinho, disse que o governo pretende apresentar a reforma da Previdência no plenário da Câmara na segunda semana de fevereiro. Para isso, a estratégia é usar o texto que já está na Casa e propor os ajustes através de uma emenda, evitando que a medida seja novamente discutida por comissões.

A incerteza sobre como os militares se encaixarão no novo texto permanece. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defendeu que os militares fiquem de fora da reforma da Previdência. O mercado financeiro teme que a abertura de concessões para alguns trabalhadores diminua o impacto da reforma nas contas públicas e prejudique a reorganização da política fiscal. 

Lorenzoni afirmou, em entrevista ao SBT gravada e transmitida na noite de sábado (19), que a intenção do novo governo é não desidratar a reforma como ocorreu como o texto no governo de Michel Temer. 

O ministro disse que o Congresso vai fazer ajustes no texto, mas não tem “margem muito grande” para estes ajustes. A reforma da Previdência é importante para garantir “previsibilidade” ao investidor, local ou estrangeiro, que queiram aportar recursos no Brasil, afirmou Onyx Lorenzoni.

Embora a proposta de reforma da Previdência já tenha sido entregue pela equipe econômica ao presidente Jair Bolsonaro, o custo das aposentadorias e pensões dos militares da Aeronáutica, Marinha e do Exército é ainda uma caixa-preta dentro do governo.

O Ministério da Defesa não fornece todos os dados sobre a aposentadoria dos militares para a equipe econômica calcular o peso desses benefícios para as contas públicas no longo prazo. Nos bastidores, alegam que as restrições se devem a questões de segurança nacional e não informam, por exemplo, o número de militares que vão para a reserva e os que serão reformados. O militar na reserva segue à disposição das Forças Armadas enquanto o militar reformado está definitivamente afastado ou aposentado.

Essa conta é importante para planejar a evolução não só das despesas, mas também da dívida pública brasileira. O Tribunal de Contas da União (TCU) quer que as Forças Armadas calculem o chamado “déficit atuarial”, que apontará a projeção de despesas com os militares inativos no longo prazo.

Entre 2017 e 2018, o déficit na previdência dos militares foi o que mais cresceu na comparação com o rombo no regime dos servidores públicos da União e do INSS: passou de R$ 35,9 bilhões para R$ 40,5 bilhões.

Agenda econômica da semana

Na agenda de indicadores, a semana será tranquila, com o destaque ficando para o IPCA-15 de janeiro, que será divulgado na quarta-feira (23). Para os analistas da GO Associados, o dado de inflação deve mostrar alta de 0,39%, levando o acumulado de 12 meses para 3,86%. Na semana ainda saem as sondagens da indústria, da CNI, e do comércio e consumidor, da FGV, com expectativas para a economia do país.

A bolsa brasileira não abre na sexta-feira (25) devido ao feriado de aniversário da cidade de São Paulo.

Nos Estados Unidos, os investidores ficarão atentos às publicações da balança comercial de novembro na segunda-feira (21), às vendas do comércio de dezembro, na terça-feira (22), às sondagens PMI de atividade dos setores industriais e de serviços de janeiro na quinta-feira (24) e aos dados dos pedidos de bens duráveis na sexta-feira (25).

Os investidores seguem “divididos” entre EUA e Reino Unido. No primeiro, as atenções ficam para a continuidade do “shutdown” (que ainda não tem pesado no mercado) e as negociações com a China após boatos recentes que o presidente Trump estaria disposto a aliviar as taxas para produtos chineses.

Enquanto isso, os britânicos seguem em sua crise política após a derrota de Theresa May no Parlamento na votação do acordo do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). Ela deve apresentar até hoje (21) um novo projeto, mas tem tido dificuldade em conseguir negociar com a oposição. No atual cenário, o governo precisa correr para aprovar um acordo ou adiar o prazo, de 29 de março, para o Brexit.

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.