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Embalada por forte expectativa após a eleição de Jair Bolsonaro, a Bolsa de Valores chegou a atingir o patamar de 90 mil pontos na sexta-feira, em máxima histórica. No entanto, apesar da aposta de especialistas de que a valorização do mercado acionário brasileiro deva ocorrer com força em 2019, um cenário externo mais hostil a ativos de risco pode frustrar as previsões de analistas e investidores que decidiram se aventurar na Bolsa.
Um dos principais motivos é que, em 2019, o cenário de aumento das taxas de juros pelos bancos centrais nas principais economias do mundo deve continuar. Com isso, ativos em países emergentes podem ser penalizados, com um fluxo global de dinheiro migrando para os Estados Unidos.
Diante desse enxugamento de liquidez, o analista Nicolas Takeo, da Socopa, acredita ser prematuro considerar que o Brasil terá potencial para se destacar ante outros emergentes. “É difícil mensurar algumas questões que ainda estão em aberto, como a guerra comercial, o Brexit e os juros nos EUA. A política monetária americana ainda não é tão clara e depende de alguns fatores, como inflação e efeitos dos estímulos fiscais”, afirma.
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No exterior, os investidores não têm se mostrado tão otimistas com o mercado acionário brasileiro. No ano, até 27 de novembro, o saldo líquido dos recursos aplicados por estrangeiros na B3 era negativo em R$ 9,7 bilhões – maior volume de saídas registrado desde a crise financeira de 2008.
O estrategista responsável por mercados emergentes do Deutsche Bank Securities, Drausio Giacomelli, afirma que os estrangeiros não comprarão mais promessas do Brasil, que já falhou anteriormente e precisará de medidas concretas para atrair capital de fora.
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Outras preocupações dos especialistas incluem uma possível crise imobiliária na China, o agravamento das tensões comerciais entre o gigante asiático e os EUA, a desaceleração da economia global e o possível fim de um longo ciclo de alta na bolsa americana.
O Índice S&P 500, que reúne as 500 principais empresas listadas na Bolsa dos EUA, passa por longo ciclo de alta, com crescimento ininterrupto desde 2008. Importantes gestores de fundos americanos têm anunciado cautela maior com o fim deste ciclo, que pode chegar no próximo ano. O S&P, que chegou a se valorizar 9,58% na sua máxima neste ano, teve perdas expressivas e chegou a zerar os ganhos no início do mês.
Entre muitos gestores no País prevalece a expectativa de que o governo cumpra com medidas de ajuste fiscal, o que abriria espaço para valorização dos papéis locais. “O Brasil está em uma situação confortável e pode se beneficiar disso. O País passou os últimos anos desarrumados e agora está se arrumando”, avalia o gestor de fundos e sócio-fundador da Versa, Luiz Fernando Alves.
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Risco
Bruno Marques, gestor de multimercados da XP Asset Management, avalia que é a sensação de risco internacional que provoca fuga dos investidores estrangeiros. No entanto, calcula que os fatores internos pesam mais para traçar um cenário otimista para a Bolsa. “O que está ocorrendo na nossa visão é que os investidores estrangeiros saíram por não estarem comprando o benefício da dúvida”, diz.
Ele acredita que o cumprimento das reformas e ajustes trará de volta esses investidores. As apostas, diz Alves, estão voltadas ao mercado interno, especialmente em setores que não têm tanta relação com o preço de commodities. “Setor como construção e varejo devem ser o nosso foco.”
Ele aposta na migração de capital externo para a bolsa brasileira à medida que o futuro governo entregar o que prometeu no que diz respeito a reformas e redução de ministérios. “Quando você olha o fluxo da bolsa, os investidores estrangeiros estão saindo daqui, saíram durante as eleições. O gringo está esperando passar as reformas.”
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