Brasil com Bolsonaro: está na hora de aumentar o risco nos seus investimentos

Karel Luketic acredita que um governo Bolsonaro focado em reformas pode gerar resultado muito positivo para a bolsa de valores  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Ainda há muito caminho pela frente antes de cravar o que Jair Bolsonaro significará para o mercado financeiro brasileiro nos próximos 4 anos. Mas uma coisa é praticamente consensual entre especialistas em investimentos: está na hora de aumentar o risco dos investimentos na carteira. 

Com a eleição deste domingo (28), o Ibovespa pode chegar a 100 mil pontos em 2018 e, em um cenário otimista, até 125 mil pontos em 2019. A opinião é de Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos, que falou em mesa-redonda do InfoMoney logo após a divulgação do resultado das urnas no segundo turno.

Ele indica que esse cenário é possível, mas otimista. Para que a projeção se confirme, é necessário que o presidente eleito se comprometa a priorizar as reformas, tanto a da Previdência como a Fiscal. Ele trabalha com cenário-base de 110 mil pontos. 

“Para que o Brasil de fato engrene, a gente tem que ver um comprometimento com as reformas, tem que entender o desenho das reformas. Isso não está claro ainda, teve uma série de propostas que podem ser muito boas mas têm de ser de fato priorizadas pelo governo para que, de fato, se materializem”, disse Karel na mesa redonda mediada por Ana Laura Magalhães, fundadora do @Explicaana.

A conversa também teve a participação de Daniel Cunha, estrategista-chefe global da XP Investments, Henrique Bredda, gestor do fundo Alaska Black, e Thiago Salomão, editor-chefe do InfoMoney. Confira toda a gravação no player acima.

Bredda, que gerou rentabilidade 245% ao Alaska Black desde a sua criação em 2012, também acredita que já existe muito espaço para a bolsa subir neste momento, considerando um posicionamento relativamente tímido de gestores de fundos multimercados em ações neste momento.

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“A gente vê que as carteiras ainda estão bem neutras, defensivas”, diz Bredda. “Isso é um termômetro importante, porque a gente sabe o quanto eles podem ficar alocados em bolsa, e em real [moeda]”.

Vale lembrar que a alocação para bolsa dos fundos no Brasil está em aproximadamente 5% atualmente, ante média de 8% no Brasil. Karel lembra que este número já chegou em 14%.

Estrangeiros vão vir?

Para Cunha, o mercado internacional também precisa observar grande comprometimento de Bolsonaro com as reformas para que haja uma movimentação de fato de estrangeiros para o Brasil. Por isso, ele não vê grande queda do dólar nos primeiros meses após as Eleições.

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“Temos dois grupos no mercado internacional, os chamados Fast Money e Real Money”, explica o estrategista. O primeiro “vem com janelas mais curtas de investimento, mais apoiadas em conjuntura”, diz, e já deve vir ao Brasil a partir de amanhã. Mas essa frente não chega a causar deslocamento no câmbio.

Já o Real Money, correspondente a alocações maiores de gestoras de trilhões de dólares, como a Black Rock, irá esperar a “resposta da reforma da previdência” para apostar seus recursos no Brasil.

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Outro “ponto de interrogação” vislumbrado pelos estrangeiros é o formato da política de Jair Bolsonaro, amplamente tachado como extrema-direita por veículos estrangeiros, graças principalmente a posicionamentos defendidos durante seu período como deputado. Será a partir de primeiro de fevereiro, com as eleições da Câmara e do Senado, é que essa preocupação pode ser sanada.

O que ter na carteira de investimentos

Os convidados opinaram sobre suas posições favoritas em carteira de investimentos a partir de agora.

Para Thiago Salomão, as ações da B3 (B3SA3) são interessantes para manter investimento neste momento, considerando juros em patamares baixos e a corrida para a bolsa já mencionada pelos demais especialistas.

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Cunha e Luketic falaram mais expansivamente em posições. Para o estrategista da XP Investments, agora é o momento de aumentar exposição a risco, considerando o perfil de investimentos de cada investidor e se há espaço para este tipo de mudança.

Já Karel citou alguns setores que devem se beneficiar da definição das eleições. Entre eles, consumo, estatais e bancos – com destaque para a estatal financeira Banco do Brasil.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney