Ibovespa sobe 1,4% e fecha na máxima do dia com data de julgamento de Lula

Nos minutos finais do pregão, notícia de que foi marcada a data para o julgamento de Lula no caso do triplex fez a bolsa disparar

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa estava a caminho de fechar estável nesta terça-feira (12) de olho nos sinais mistos sobre a reforma da Previdência, mas uma notícia nos minutos finais do pregão fez o índice ganhar bastante força e fechar na máxima do dia: o TRF-4 marcou para 24 de janeiro o julgamento do ex-presidente Lula no caso do triplex.

Com isso, o benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 1,39%, aos 7.986 pontos, enquanto o volume financeiro ficou em R$ 7,986 bilhões. Já o dólar comercial disparou 0,93%, fechando cotado a R$ 3,3281 na venda, no maior valor desde 23 de junho, quando era cotado a R$ 3,33, sem o efeito desta notícia sobre o Lula já que o mercado de câmbio fecha às 17h (horário de Brasília). O dólar futuro com vencimento em janeiro subiu “apenas” 0,33%, a R$ 3,320.

O desembargador Leandro Paulsen pediu mais cedo à secretaria da 8ª Turma que já marcasse uma data para o julgamento do ex-presidente Lula no caso do triplex, que ficou para 24 de janeiro. Ele é o revisor do voto do desembargador João Pedro Gebran Neto, que é o relator do caso e terminou seu voto em menos de dois meses.

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O caso de Lula tem tramitado em tempo recorde no tribunal, sendo o trâmite mais rápido entre todas as apelações da Operação Lava Jato com origem em Curitiba. Foram 42 dias entre a condenação e o início da tramitação do recurso na segunda instância, de acordo com o jornal.

Reforma da Previdência

Com a contagem de votos estacionada em 270, muito abaixo dos 308 necessários para aprovação, Michel Temer pretende adiar para o ano que vem a votação da reforma da Previdência, segundo informações da Folha de S. Paulo nesta terça-feira. A ideia do governo é colocar o texto em pauta na Câmara entre os dias 18 e 20, antes do início do recesso parlamentear.

Contudo, antes de “jogar a toalha”, presidente prepara uma última cartada. Conforme informações da Folha, Temer pediu para que os ministros Ricardo Barros (Saúde), Alexandre Baldy (Cidades) e Helder Barbalho (Integração Nacional façam uma readequação nos orçamentos de suas pastas para abrir um espaço de R$ 3,6 bilhões em recursos a serem negociados com a base aliada. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, avisou ontem que o governo está aberto a negociar concessões desde que “justas”.

Nesta manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ressaltou mais uma vez que a votação somente será realizada se o governo conseguir reunir os votos necessários para passar o texto e fez um aviso: “se tiver 280 votos, os deputados não vêm votar”.

Apesar dos últimos esforços, para a consultoria de risco político Eurasia Group avalia ser improvável que a Previdência seja aprovada na próxima semana. A nomeação de Carlos Marun para a Secretaria de Governo, que tem o “selo de qualidade” do centrão e deve ajudar na batalha pelos votos que estão faltando para a Previdência, não deve fazer grande diferença. A Eurasia ainda reitera que o esforço contínuo para aprovar o texto até a última semana legislativa do ano deixa pouco tempo para se concentrar na aprovação do pacote fiscal do governo de 2018.

Ata do Copom
Na ata, o Comitê avalia que pode reduzir a taxa de juro novamente em fevereiro, com o mercado apostando em um corte de 25 pontos-base, mas a manutenção do ritmo dependerá da aprovação da agenda de reformas, que terá influência direta no ritmo da inflação: “o ciclo [de inflação baixa] pode ser interrompido por uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, em particular em um contexto de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes”, revelou a ata, revelando a importância da aprovação da agenda de reformas para manter a inflação comportada no ano que vem dentro da meta central de 4,5%.

“Todos os membros do Comitê voltaram a enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade”, apontou o documento. Assim, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, o Copom pode encerrar o ciclo em 6,75% – corte precificado pelo mercado em fevereiro.

Em vista dos receios com a aprovação da reforma, que pode frear o ímpeto do Copom, os juros futuros com vencimento em janeiro em 2021 registravam alta de 3 pontos-base, cotados a 9,32%, enquanto com vencimento em janeiro de 2019 operam praticamente estáveis, aos 6,98%. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava valorização de 0,68%, aos 3.334 pontos.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Eletrobras, que recuam após novas negociações sobre a lei de privatização (veja mais aqui), enquanto os papéis da Kroton sobem após matéria do Valor qual a empresa estima incremento forte crescimento para os próximos anos somente com crescimento orgânico.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 14,18 +5,43 +35,46 46,01M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 31,28 +4,62 +101,41 70,70M
 KROT3 KROTON ON 17,23 +4,30 +32,75 161,84M
 TAEE11 TAESA UNT N2 21,33 +3,44 +10,02 49,42M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,74 +3,34 -28,66 77,40M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 12,06 -1,95 +96,42 126,60M
 RADL3 RAIADROGASILON 86,30 -1,57 +42,01 95,92M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,88 -0,67 +116,59 130,89M
 RENT3 LOCALIZA ON 21,03 -0,57 -34,72 52,48M
 EMBR3 EMBRAER ON 16,62 -0,48 +5,27 38,93M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 36,18 +1,17 581,30M 708,44M 34.300 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,49 +0,72 554,64M 602,89M 31.238 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,50 +1,65 498,66M 262,93M 30.278 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 42,70 +0,80 460,41M 378,65M 22.360 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 33,61 +1,97 342,62M 301,89M 21.126 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 31,30 +2,19 237,12M 298,27M 19.842 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 22,50 +2,09 173,52M 223,39M 20.730 
 KROT3 KROTON ON 17,23 +4,30 161,84M 128,12M 23.906 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 10,68 +1,04 155,78M 139,36M 18.059 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,19 +1,38 140,12M 134,40M 11.544 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.