Conheça o Mubadala, o fundo árabe que quer tirar o EBX do buraco

Atualmente, o Mubadala concentra os investimentos soberanos de Abu Dhabi, um dos emirados que formam os Emirados Árabes Unidos

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, pode injetar US$ 1 bilhão no grupo EBX, de acordo com a Bloomberg – além de ajudar o grupo a encontrar “parceiros estratégicos” para as operações de OGX Petróleo (OGXP3), MMX Mineração (MMXM3) e LLX Logística (LLXL3). Mas o que é esse fundo bilionário e como ele pode ajudar o grupo de Eike Batista? 

Atualmente, o Mubadala concentra os investimentos soberanos de Abu Dhabi, um dos emirados que formam os Emirados Árabes Unidos – junto com outros seis, dos quais o mais famoso é Dubai. O emirado do Mubadala, porém, representa mais de 50% do país e é considerado o mais rico. Nesse contexto, o Mubadala surgiu em 2002, como forma de diversificar a economia do emirado. Em árabe, a palavra “Mubadala” significa “troca” – mostrando o interesse do grupo em alcançar as mais variadas economias. 

O Mubadala é um dos principais parceiros e credores do grupo EBX desde março de 2012 – e tem o interesse de aumentar sua importância, tirando o EBX da crise que se encontra atualmente. Com isso, o grupo deve usar todo o know-how obtido em seis operações de petróleo e gás, quatro de logística e três de mineração – os segmentos que ele tem interesse em fortalecer. O Mubadala também é acionista do grupo GE (General Electric) que produz equipamentos para o setor de óleo & gás. 

Os membros
O fundo tem alguns membros importantes da sociedade daquele país. O conselho de administração é liderado por Sheik Mohammed bin Zayed, príncipe do país – filho do primeiro presidente -, e vice-comandante de todo o exército. Mesmo não sendo o chefe de estado e governo do país, Mohammed bin Zayed possui muitas responsabilidades políticas e econômicas nos Emirados Árabes.

No dia-a-dia da empresa, quem comanda é Khaldoon Khalifa Al Mubarak – mais conhecido no ocidente por ser presidente do clube inglês Manchester City, comprado pela família real de Abu Dhabi, e membro do conselho de administração da Ferrari, empresa na qual o Mubadala já teve grande exposição no passado.

Grande expoente da “elite econômica” dos EAU, Mubarak foi educado nos Estados Unidos e já recebeu uma medalha de honra do governo italiano por suas contribuições para a economia do país europeu. O executivo é um dos homens mais influentes do país também na área dos esportes, tido como responsável por trazer a final do Mundial de Clubes da Fifa para Abu Dhabi em 2009 e 2010, além de “planejar” o Grande Prêmio de Formula 1 para Abu Dhabi. 

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Como a intenção do grupo é formar uma economia “moderna” para o emirado, boa parte da equipe de executivos da companhia são educados no ocidente ou trazidos de outros países, como Derek Rozycki e Brian Lott – diretores executivos. Assim, garante-se a “troca” de ideias que o Mubadala tem como objetivo e missão. 

As operações
O principal foco do Mubadala no grupo EBX pode ser o petróleo, um dos setores onde o fundo é mais atuante. O próprio fundo tem uma petrolífera chamada Mubadala Petroleum, que explora e produz petróleo e gás no Oriente Médio, norte da África, Ásia central e sudeste asiático, em países como Omã, Bahrain, Cazaquistão e Tanzânia. 

O grupo tem empresas focadas em gás natural também, como a Dolphin Energy e a Emirates LNG – que exploram essa commodity no próprio emirado. Seus outros ativos, a Jasmine, Mukhaizna e Tatweer Petroleum são focadas em projetos de petróleo: na Tailândia, Omã e Bahrain, respectivamente. 

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Em logística, o grupo também é bastante forte. É o operador dos terminais de Abu Dhabi, além de deter uma parte da Agility Abu Dhabi, a filial local de uma das maiores companhias de logística integrada do oriente médio, fundada em 1979 no Kuwait. O fundo também tem participação na companhia que opera os navios transportadores do país e na Al Taif Technical Services, que realiza os concertos desses navios. 

Em mineração, o grupo é menos diversificado – tem dois ativos que produzem alumínio, nos Emirados Árabes Unidos e na República da Guinea e um que produz coque de petróleo, a Jiangsu Suyadi. Essa última é especialmente representativa pelo fato de ser um investimento direto fora do “mundo muçulmano” – abrindo espaço para novos investimentos no Brasil.