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Os números da Inter & CO no segundo trimestre repercutiram bem entre os investidores. Os papéis da holding, dona do Banco Inter, fecharam em forte em alta na Bolsa de Nova York, assim como seus certificados negociados na B3. A ação INTR subia 9,71% na Nasdaq, Bolsa americana que reúne empresas de tecnologia. Já os BDRs INBR31 avançaram 12,20%, a R$ 19,40.
No balanço divulgado ontem à noite, a Inter & CO apresentou lucro líquido de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de R$ 30,4 milhões no mesmo período do ano anterior.
Na teleconferência sobre os resultados, os executivos da empresa falaram sobre sua postura mais conservadora no período. As originações de crédito do Inter no segundo trimestre recuaram 1% em relação a um ano atrás, para R$ 4,7 bilhões. “Nós decidimos, por estratégia, desacelerar subscrição de crédito, monitorando a performance do portfólio e o ambiente macro”, afirmou Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente de operações financeiras do Inter.
“Esperamos reacelerar quando virmos condições apropriadas para isso”, disse o executivo. A cautela refletiu na carteira de crédito do Inter, que atingiu R$ 19,5 bilhões. Comparando com um ano antes, houve um crescimento de 56%. Porém, na comparação com os três primeiros deste ano, a expansão foi 7%. “O crescimento foi intencionalmente mais modesto porque ficamos mais criteriosos em nossos modelos de subscrição”, explicou Helena Lopes Caldeira, CFO do Inter.
Inadimplência cresceu, mas pior ficou para trás, diz CEO
João Vitor Menin, CEO da Inter & CO, diz acreditar que o pior ficou para trás em termos de inadimplência. “Temos um portfólio bastante colateralizado [com garantias], o que é bom para os negócios”, disse. A parte descoberta da carteira do Inter é basicamente o segmento de cartão de crédito, já que o banco não trabalha com empréstimos pessoais.
O índice de inadimplência para mais de 90 dias do Inter & CO terminou o segundo trimestre em 3,9% (ante 3,5% no primeiro trimestre), puxado por um aumento da inadimplência no cartão de crédito, para 7,9%. “Se algo realmente ruim acontecer, o que não acho provável, poderemos ver alguma deterioração. Mas se as coisas melhorarem no cenário macroeconômico, podemos melhorar mais rápido do que pensávamos”, disse Menin.
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O executivo reconhece que o cartão de crédito é importante para engajar e reter o cliente. Mas diz que o momento exige um pouco mais de cautela. “Nós somos um banco disruptivo, ganhamos muito market share e agora precisamos desacelerar um pouco”, afirmou. “Quando percebermos que o mercado estiver em melhor forma, vamos poder crescer em cartões de crédito num ritmo mais acelerado”.
Engajamento diminuiu, apesar de base maior de clientes
O Inter registrou um crescimento de 51,7% ano a ano no número de clientes ativos, para 10,7 milhões. Porém a representatividade desses clientes na base total do banco diminuiu entre os períodos. João Vitor Menin, no entanto, diz que essa não deve ser uma tendência.
“Não estamos nem um pouco preocupados com engajamento. Não achamos que há uma tendência de queda para o engajamento. Metade dos nossos clientes entraram 12 meses atrás, então o ritmo do crescimento que experimentamos nesse período foi grande. Leva um tempo para engajar clientes – eles precisam receber um cartão, precisam ter um limite de crédito”, afirmou.
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O CEO explica que quando a base estava crescendo em ritmo mais lento, em 2020, a taxa de ativação era maior, superando os 60%. “Claro que ao dar maiores limites de crédito também ajuda na ativação e retenção”, explicou.
No segundo trimestre, a receita média por cliente ativo foi de R$ 32. Mas o Inter espera que a cifra aumenta para a casa dos R$ 50 no curto e médio prazos. “Nós achamos que R$ 50 é o mínimo que esperamos ter, se os custos de financiamento se mantiverem estáveis. Temos vários produtos que foram lançados recentemente e ainda estão em fase de maturação. Além disso, quando comparamos o ARPAC com o de grandes bancos, vemos que há espaço para crescer significativamente”, afirmou Santiago Stel, diretor de estratégia e relações com investidores.
A visão dos analistas
Para Pedro Leduc, analista do Itaú BBA, o lucro da empresa no segundo trimestre ainda não é material, mas os resultados mostram que o pior, provavelmente, já passou.
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“Comparado com o Nubank, que também divulgou esta noite, o Inter reportou menos carteira de empréstimos e crescimento de receita, mas também menos pressões de qualidade de crédito”, diz a análise de Leduc.
O BBA se mantém positivo em INTR, com avaliação outperform e preço-alvo de US$ 8 ao final de 2022.
“Comparado com o Nubank, o Inter reportou menos carteira de empréstimos e crescimento de receita, mas também menos pressões de qualidade de crédito”, diz a análise da casa.
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Para o UBS BB, o resultado mostrou operações com tendências mistas, tendo uma expansão “decente” da linha de receitas (com destaque para Inter Shop e cartão de crédito), mas uma deterioração na qualidade dos ativos.
“O cenário macro (com inflação mais alta e expansão modesta do PIB) pode postergar a
expansão do ROAE [retorno sobre capital] do Inter”, escreveram os analistas do banco. Por outro lado, o UBS avalia que INTR está sendo negociada com desconto, com menos chances de um downside. A casa tem recomendação de compra para o papel e preço-alvo de US$ 6.
Na avaliação do Bradesco BBI, o balanço do segundo trimestre continuou mostrando um ambiente desafiador para subscrição de crédito. O Inter deve continuar se beneficiando de ajustes recentes em taxas e spreads, mas o mercado parece já ter incorporado esse movimento no preço das ações, deixando pouco espaço para otimismo no curto prazo, na visão da equipe de análise.
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Para o BBI, as provisões também apontam para um cenário desafiador, com a inadimplência do cartão de crédito crescendo 130 pontos-base.
A casa tem classificação outperform para INTR e preço-alvo de US$ 10.
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