Ações do GPA (PCAR3) têm nova sessão de ganhos com reestruturação e desalavancagem no radar

Na semana, ações sobem 16%, impulsionadas também por rumores sobre controle

Camille Bocanegra

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As ações do GPA (PCAR3) registraram nova sessão de ganhos nesta quinta-feira (7), em sequência a rumores sobre uma possível saída do seu principal acionista – o grupo Casino – e encontro com investidores. Ao final do pregão, o papel subiu 2,51%, a R$ 4,08, ampliando a alta semanal para quase 16%.

Na véspera, a diretoria executiva se reuniu com analistas e investidores, quando o CEO do grupo, Marcelo Pimentel, reforçou a evolução das iniciativas para reestruturação da empresa e o compromisso com aumento de rentabilidade e redução da alavancagem. 

No evento, a administração abordou principalmente pontos relacionados à receita, como foco na gestão de sortimento e na redução das quebras de produtos para impulsionamento de crescimento, e aos clientes, que motivaram grandes investimentos para melhora de NPS (que, de fato, demonstrou avanço em todas as áreas).

GPA detalha ações

“Melhorias na experiência da loja foram o foco principal nos principais banners do GPA, enquanto a administração vê potencial de crescimento de unidades, especialmente para o formato de proximidade”, considera o Morgan Stanley.

Sobre a atuação digital, a descontinuação do aplicativo James Delivery e a transferência das operações online para lojas levou ao aumento no nível de serviço e redução de custos logísticos, além de dias de inventário.

Com as alterações, a operação digital alcançou margem de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) positiva de um dígito médio, em comparação com a margem negativa anterior. O grupo reforçou a projeção de margem Ebitda ajustada de 8 a 9% para ano que vem.

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A rentabilidade da companhia foi abordada com a expectativa de redução de R$ 130 milhões nas despesas administrativas, com medidas de ajuste de tamanho, e de R$ 230 milhões com a implementação da iniciativa de Orçamento Base Zero (OBZ) em 2023.

Outros pontos que poderão impulsionar a margem bruta são as negociações com fornecedores e melhor precificação.

A administração também destacou que o fortalecimento com fornecedores poderá garantir melhor rentabilidade, assim como o crescimento contínuo de produtos frescos unido às iniciativas de rótulos próprios.

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“Para o futuro, a administração permanece comprometida com o aumento contínuo da penetração de perecíveis e destacou um foco em produtos prontos para consumo nas lojas (incluindo frutas e legumes processados) e um programa de assinatura online para FLV (frutas, legumes e vegetais)”, considera o Morgan Stanley.

Sortimentos

O BBI destacou, em sua análise, que a gestão também pretende expandir o sortimento de produtos frescos na plataforma digital.

“Além disso, a GPA utilizará produtos de marca própria para aumentar a frequência e a rentabilidade, pois os clientes que compram rótulos próprios visitam as lojas 2,4 vezes mais do que os clientes que não o fazem”, destaca o BBI.

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Sobre a atual alavancagem, o GPA informou que considera a trajetória como “descrescente”. A expectativa de redução se baseia em melhorias operacionais e no programa de venda de ativos, considerando cerca de R$ 850 milhões em fluxo de caixa oriundos da venda tanto da Éxito quanto da Cnova.

Além disso, há consideração de receitas adicionais da execução de outras vendas de ativos, como a monetização do imóvel da sede e também a venda de postos de gasolina.

Recomendação neutra e estimativas revisadas

Mesmo com as demonstrações consideradas positivas, as análises se mantém cautelosas em relação às ações, em especial considerando a atual velocidade de crescimento de vendas e recuperação das margens.

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A classificação dos papéis é Neutra, com preço-alvo estabelecido em R$ 4,50 tanto para o Morgan Stanley quanto para o Bradesco BBI.

Para o banco estrangeiro, o preço alvo foi reduzido dos R$ 5,00 considerados anteriormente e os resultados do terceiro trimestre motivaram a redução de previsões do Ebitda em 4% para 2024, com margens líquidas projetadas para -1,9% em 2024 (-1,2% anteriormente).

“Nossa receita estimada para 2023 permanece amplamente inalterada, enquanto ajustamos nossas vendas projetadas para 2024 em -5% devido a previsões mais baixas. Com uma leve redução nos custos operacionais, a margem Ebitda ajustada é revisada em +10 pontos-base para 6,2% em 2023 e +10 pontos-base para 8,1% em 2024”, considera.

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As expectativas de prejuízo líquido para a companhia também se alteraram para R$ 390 milhões negativos contra os R$ -260 milhões estimados antes.

“Vemos a avaliação da GPA de 4,6x EV (valor da companhia)/Ebitda para 2024 como justa, dada a alta execução de riscos ainda embutidos em nossas estimativas e nas estimativas do consenso, enquanto o desconto atual de cerca de 30% para Grupo Mateus (GMAT3) é considerado justo”, reforça o BBI.