Ações de Vale e Petrobras caem 4% com “efeito China”; apenas IRB e Marfrig sobem no Ibovespa

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (5) 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A semana começou com um ambiente de forte tensão entre os investidores pelo mundo, repercutindo principalmente a elevação da tensão comercial entre os EUA e a China.

O país asiático retaliou os americanos ao desvalorizar o yuan e proibir a importação de produtos agrícolas da maior economia do mundo. Com isso, o minério de ferro registrou forte queda de 6% no mercado futuro de Dalian, enquanto teve baixa de 8,6% no mercado à vista de Qingdao, o que levou a uma forte baixa de cerca de 4% de papéis como da Vale (VALE3), da holding Bradespar (BRAP4) e de 6% para os ativos da CSN (CSNA3). 

Ao mesmo tempo, o petróleo também registra forte baixa de 3,5% (tipo brent) com a guerra comercial elevando as preocupações com o crescimento global, o que também derruba as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), com os ativos ON chegando a cair mais de 4%. Bancos também têm uma sessão de fortes perdas em meio à aversão ao risco e temores de desaceleração da economia global (incluindo a brasileira) com o acirramento da guerra comercial. Confira análise sobre o assunto clicando aqui. 

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A queda é generalizada entre as ações que compõem o Ibovespa: Suzano, que chegou a subir em meio à forte alta do dólar, fechou em leve queda, com apenas as ações do Marfrig (MRFG3) e do IRB (IRBR3) fechando em alta. 

Confira mais destaques: 

GPA (PCAR4)

O Valor Econômico traz reportagem do Financial Times informando que aumentam as pressões sobre o CEO e acionista controlador do Casino, Jean-Charles Naouri.

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Segundo a publicação, circulam no mercado especulações de que ele será obrigado a reestruturar a divida do grupo, de cerca de 3 bilhões de euros. Ele resiste a vender “joias da coroa” como a Franprix e Monoprix.

A recente simplificação das operações latino-americanas, que conta com o Grupo Pão de Açúcar, por sua vez, poderia abrir caminho para a venda total ou parcial, destaca.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

A Eletrobras informou que amortizou o valor de R$ 1,275 bilhão do saldo devedor dos Instrumentos de Assunção de Dívidas (IADs) firmados com a Petrobras, em decorrência da privatização das distribuidoras. Os recursos utilizados para a amortização foram obtidos com as debêntures captadas pela Eletrobras e os provenientes da primeira parcela do acordo judicial firmado com a Eletropaulo/Enel Distribuição São Paulo.

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A amortização tem por objetivo reduzir o custo da dívida da Companhia e alongar o seu prazo médio, em linha com o Plano Diretor de Negócios e Gestão (“PNDG 2019/2023”). O saldo devedor atualizado dos referidos IADs firmados com a Petrobras, após a amortização, é de R$ 9,56 bilhões.

Segundo a Coluna do Broadcast, o modelo de privatização da Eletrobras ainda não está definido, mas bancos de investimento já se reúnem com a empresa. Ainda há dúvidas entre uma oferta primária, com emissão de novas ações, ou a abertura de capital de uma nova empresa, com a cisão de ativos.

A segunda opção é avaliada, pois algumas empresas precisam permanecer públicas, como Itaipu e Eletronuclear. Mas bancos defendem replicar o modelo da BR, com oferta subsequente, onde a empresa tenha o seu capital pulverizado.

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JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3)

Trump anunciou na sexta um acordo com a União Europeia para expandir o acesso da carne americana no mercado europeu.

Segundo Trump, as exportações de carne bovina isenta de impostos para a UE aumentarão em 46% (US$ 150 milhões) no primeiro ano, e subirão mais 90% (US$ 420 milhões) em sete anos.

“Se confirmado, vemos o acordo que favorece a exportação de carne para a Europa como positivo, principalmente para a JBS e para a Marfrig, dada a exposição relevante aos EUA de ambas”, destaca a XP Research. 

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Petrobras (PETR3;PETR4)

A capacidade da Petrobras na exploração no mar, somada à crise da petroleira, colocou em segundo plano a produção de petróleo em terra firme. Segundo o Estadão, a produção de petróleo em terra do Brasil, o chamado onshore, caiu pela metade entre 2000 e 2019. A exploração em terra é concentrada sobretudo no Nordeste, que abriga mais de 80% das reservas provadas do Brasil e 70% da produção.

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Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que a produção desse segmento caiu da média de 209,1 mil barris de petróleo por dia, no ano 2000, para 107,4 mil barris diários, em 2019 (média de 12 meses até maio). Na direção oposta, alavancada pelo pré-sal, a produção total brasileira mais do que dobrou no mesmo período, de 1,2 milhão de barris para 2,6 milhões de barris por dia.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), se a estatal tivesse o mesmo ritmo de crescimento dos concorrentes privados nas bacias de Recôncavo, Sergipe/Alagoas, Potiguar e Espírito Santo, ela teria produzido 311,8 milhões de barris em terra a mais, em quase duas décadas.

Para a entidade, ter colocado a exploração em terra firme em segundo plano tirou R$ 11,8 bilhões em investimentos na região, o que poderia ter gerado até R$ 1,2 bilhão em royalties a municípios do interior nordestino. A estimativa indica que 386 mil postos de trabalho poderiam ter sido criados.

Ainda sobre a Petrobras, o Estadão destaca que a Petrobras cobra mais caro pelos combustíveis nos mercados atendidos por suas maiores refinarias e derruba o preço onde há portos e a concorrência de importados, conforme a Abicom, associação que reúne importadores do setor. O cenário, diz a entidade, pode ser resultado de uma política deliberada da estatal brasileira de bater de frente com os concorrentes na oferta de combustível no Brasil.

A conclusão da entidade foi baseada em números. Levantamento dos preços dos dois combustíveis nas refinarias da Petrobrás mostra que, nas bases de Paulínia (SP) e Duque de Caxias (RJ), onde funcionam as duas maiores refinarias estatais, o litro dos combustíveis custa mais do que o da média nacional. Os preços são ainda mais elevados em Uberaba (MG) e Senador Canedo (GO).

Em contrapartida, nos portos de Ipojuca (PE), São Luís (MA) e Itacoatiara (AM), o litro custa até R$ 0,10 menos do que na média do País. Essas cidades estão entre as poucas nas quais a Petrobrás enfrenta concorrência, com a oferta de combustível importado.

Já o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) informou que a Petrobras vai reduzir o preço do GLP Residencial (embalagens até 13 kg) entre 6,5% e 12%, e do GLP Empresarial entre 11% e 17%, dependendo da localidade. A redução passa a valer a partir de hoje, informou o Sindigás.

De acordo com a entidade, o ágio praticado pela Petrobras está em cerca de 31% em relação ao preço do mercado internacional, “o que vem pressionando ainda mais os custos de negócios que têm o GLP entre seus principais insumos, impactando de forma crucial empresas que operam com uso intensivo de GLP”, afirmou o Sindigás em nota.

Vale (VALE3)

O governo estuda passar para a Agência Nacional de Mineração (ANM) a responsabilidade por fiscalizar as barragens no País. Hoje, as próprias mineradoras contratam as empresas que fazem a inspeção em seus empreendimentos. A agência seria responsável por criar um cadastro de empresas habilitadas para a fiscalização.

Segundo o Estadão, a ideia seria de a ANM abrir um edital internacional para licitar as empresas interessadas em realizar a fiscalização e a auditagem externa das barragens. Elas entrariam em um cadastro geral da agência, que faria a escolha de quem atuaria em determinada barragem aleatoriamente, de forma que nem mesmo a agência pudesse saber qual seria o resultado.

“Aí, a ANM poderia dizer que tal empreendimento minerário, tal empresa de auditoria vai fazer e pode até ser de surpresa. O custo seria pago pelo empreendedor, que já paga hoje”, disse o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal.

O secretário afirmou ainda que a proposta está em estudo e não há data para a sua implementação. De acordo com ele, o cronograma de fiscalização das 480 barragens de mineração do País deverá ser cumprido até o fim deste ano. Até agora, 187 já passaram por este processo. “Fiscalizadas elas já eram, mas precisam ser depuradas, ainda mais detalhada essa fiscalização. O programa começou em março com 8 fiscais, agora são 20. Então, até o fim do ano acreditamos que vamos conseguir cumprir”, disse.

Vidigal disse ainda que o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), da brasileira Vale, em janeiro não aconteceu por falta de fiscalização. “O que realmente aconteceu, ninguém sabe ainda, nem a engenharia sabe. O que se tinha de conhecimento técnico, de engenharia para esse tipo de construção era tido como algo seguro. E aí se viu que não era seguro. Não foi por causa da falta de fiscalização que aconteceu Brumadinho”, disse.

Banco ABC (ABCB4)

O Banco ABC divulgou seus resultados, com o lucro líquido recorrente atingindo R$ 125,2 milhões no segundo trimestre de 2019, aumento de 3,3% em relação ao trimestre anterior e de 12,2% em relação ao mesmo período de 2018. O lucro líquido contábil totalizou R$ 132,7 milhões no trimestre, aumento de 11% em relação ao trimestre anterior e de 18,9% em relação ao mesmo período do ano anterior

No semestre, o lucro somou R$ 246,4 milhões, aumento de 11,9% em relação ao mesmo período de 2018.

O Retorno Anualizado Sobre o Patrimônio Líquido (ROAE) recorrente foi de 13,0% no trimestre, estável em relação ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2018. O ROAE contábil foi de 13,8% no trimestre.

Já a carteira de crédito expandida – que inclui as carteiras de empréstimos, garantias prestadas e títulos privados – encerrou junho de 2019 com saldo de R$ 27,1 bilhões, crescimento de 2,1% em relação ao trimestre anterior e de 6,9% em 12 meses.

No segmento Corporate, houve expansão de 2,8% no trimestre e de 16,4% em 12 meses. No segmento Large Corporate, a carteira apresentou crescimento de 1,4% e de 0,3% em 12 meses. O Middle apresentou crescimento de 11,3% no trimestre e 2,2% em 12 meses.

Klabin (KLBN11)

A Klabin reverteu prejuízo de R$ 955 milhões e registrou lucro líquido de R$ 72 milhões no segundo trimestre de 2019. A companhia ressaltou que no Brasil a atividade econômica tem mostrado ritmo de recuperação mais lento do que o esperado, enquanto no cenário internacional os preços de algumas commodities, como a celulose, continuaram pressionados.

Já o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 957 milhões no segundo trimestre,  8% acima do registrado  um ano antes, mas com queda de 5% em relação ao apresentado no primeiro trimestre. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, teve baixa de 40% em março para 37% ao final de junho de 2019. Em junho do 2018, a margem Ebitda estava em 40%.

A receita líquida da companhia subiu para R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre, 16% acima do registrado um ano antes, além de 4% superior ao primeiro trimestre.

BR Malls (BRML3)

A BR Malls fechou a venda de sete shoppings para um fundo imobiliário administrado pelo BTG Pactual por R$ 696 milhões. “Os ativos alienados são shoppings sólidos, mas dentro de um portfólio maior, recebiam menor priorização e poderão receber mais investimentos e atenção pelo novo comprador”, disse a BR Malls, em comunicado, ressaltando que todo o montante arrecadado será distribuído aos acionistas como meio de dividendos e juros sobre o capital.

A BR Malls afirmou ainda que pretende vender mais dois shoppings nos próximos trimestres – São Luís (na capital maranhense) e Via Brasil (no Rio de Janeiro). Os shopping já vendidos são o Ilha Plaza, Casa & Gourmet, Shopping Plaza Macaé, Londrina Norte Shopping, Osasco Plaza Shopping, Shopping Contagem e Capim Dourado, localizados nas cidades de Rio de Janeiro, Macaé (RJ), Londrina (PR), Osasco (SP), Contagem (MG) e Palmas (TO), respectivamente.

A companhia disse que, após essa fase de reestruturação, ficará com um total de 29 shoppings. “Manteremos nossa escala e liquidez de ações, dados que os shoppings (vendidos) representam menos do que 10% da receita da companhia.”

A BR Malls afirmou também que pretende empreender um programa de reformulação dos empreendimentos que mantiver em seu portfólio. A companhia disse ainda que pretende agregar novos serviços a esses shoppings.

IMC (MEAL3)

A International Meal Company informou que a Semolina Fundo de Investimento em Participações Multiestrategia vendeu a totalidade que detinha das ações ordinárias emitidas pela Companhia, correspondente a 16.633.223 das ações ordinárias, ou aproximadamente 10% do capital. O FIP Semolina, ligado ao fundo de private equity Advent, era o segundo maior acionista da companhia. À frente, estava apenas o Itaú Unibanco S.A., com 10,1%.

(Com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.