Ações de energia nuclear disparam com demanda de inteligência artificial de big techs

A alta é impulsionada pelas parcerias estabelecidas entre Google e Amazon com empresas do setor, visando atender à crescente demanda de energia para inteligência artificial

Victória Anhesini

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As ações de companhias de energia nuclear alcançaram altas recordes nesta semana, após a Google (GOGL34) e a Amazon (AMZO34) fecharem acordos sobre fornecimento de energia. O objetivo é acelerar a implementação de pequenos reatores modulares (SMRs) nos Estados Unidos.

As desenvolvedoras de SMRs listadas em bolsa nos EUA, como a Okio Inc. e a NuScale viram uma alta de 99% e 37% nos seus papéis, respectivamente, durante a última semana.

O valor das ações subiram após as rivais X-energy e Kairos Power, duas desenvolvedoras privadas de SMRs, anunciarem acordos de financiamento. Outras companhias do ramo, como Cameco, Constellation e BWX Technologies também tiveram recordes históricos em suas ações.

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Os acordos têm como objetivo implantar até 12 reatores de nova geração para fornecer eletricidade de baixo carbono para os datacenters de inteligência artificial da Amazon e do Google, que demandam muita energia elétrica.

Essas centrais estão ganhando notoriedade por conta da alta demanda energética nos EUA, o que tem dificultado esforços para diminuir a dependência de combustíveis fósseis e descarbonizar o setor.

A Constellation Energy Group, que opera grande parte dos reatores convencionais no país, viu o valor de suas ações mais do que dobrarem desde o começo de 2024. No mês passado, a empresa assinou um acordo para fornecer energia à Microsoft por 20 anos.

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Esse movimento do mercado vai levar à reabertura da usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, região em que houve o acidente nuclear mais sério da história dos EUA, em 1979, quando um dos reatores sofreu uma fusão parcial.

As ações da Cameco, companhia que produz urânio, subiram 38% em 2024, enquanto as ações da fornecedora de componentes nucleares BWX Technologies dispararam 65%.

Segundo reportagem do jornal Financial Times, Seth Grae, CEO da Lightbridge Corporation e presidente do Conselho Internacional da Sociedade Nuclear Americana, destacou que esses grandes investimentos mostram que a indústria de tecnologia não acredita que as energias renováveis serão o suficiente para a demanda, e que a energia nuclear será necessária para atendê-la.

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Investidores estavam com o pé atrás na hora de financiar em pequenos reatores nucleares, vistos como mais seguros e eficientes em comparação aos de grande escala. Essa cautela vem de um histórico de atrasos em entregas, altas taxas de juros e a escassez de clientes dispostos a investir.

No ano passado, a X-energy precisou cancelar um acordo de US$ 1,8 bilhão para abrir capital devido a condições de mercado desfavoráveis. A NuScale, por sua vez, desistiu de construir o primeiro pequeno reator nos EUA, pois não conseguiu atrair interesse das concessionárias de energia.

Agora, com a decisão da Amazon e do Google, os investidores enxergam que há a necessidade de fontes de energia confiáveis, econômicas e limpas para alimentar a nova onda de centros de dados de inteligência artificial.

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A indústria também está se beneficiando de bilhões de dólares em financiamento do governo dos EUA, para que o país se torne líder no setor, uma vez que países como a Rússia e a China já implantaram alguns pequenos reatores.

Especialistas também acreditam que padrões regulatórios rigorosos continuam sendo obstáculos no setor. Porém, desenvolvedores de pequenos reatores estão confiantes de que o apoio das gigantes da tecnologia é o fator decisivo de que precisam.