Ações de 4 empresas caem ao menos 10%; Alpargatas (ALPA4), Hapvida (HAPV3) e Cogna (COGN3) fecham em alta e mais reações aos balanços

Confira os destaques positivos e negativos entre as empresas que divulgaram balanços desde a última quarta à noite

Lara Rizério

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A temporada de resultados ganha intensidade e, com ela, a forte reação aos balanços.

Entre as altas desta quinta-feira (9). além do Grupo Soma (SOMA3, R$ 6,19, +6,54%), estiveram Alpargatas (ALPA4, R$ 8,99, +2,63%) Cogna ([ativo=COGN3, R$ 2,72, +3,82%), Hapvida (HAPV3, R$ 4,46, +3,48%); elas, contudo, fecharam longe das máximas. Outras companhias que divulgaram bons números, como Ultrapar (UGPA3) e 3R (RRRP3) por sua vez, abriram em alta, mas fecharam em baixa, apesar dos bons resultados.

As quedas pós-balanço também foram expressivas. Além de Minerva (BEEF3, R$ 6,82, -13,45%), CBA (CBAV3, R$ 3,65, -13,51%), Aeris (AERI3, R$ 0,83, -10,75%) e Blau (BLAU3, R$ 14,80, -14,05%) caíram ao menos 10% após o balanço. Aeris e CBA ainda fizeram anúncios adicionais.

Banco do Brasil (BBAS3) e Oi (OIBR3) também caíram depois dos resultados.

Confira os destaques positivos e negativos dos resultados:

Maiores altas

Cogna (COGN3)

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A Cogna (COGN3), grupo de educação dono da Vasta, Saber, Kroton, anunciou um prejuízo líquido ajustado de R$ 44,056 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), queda de 70,1% frente o prejuízo ajustado de R$ 147,472 milhões registrados em igual período do ano passado.

Em termos não ajustados, a Cogna teve queda anual de 51,5% no prejuízo líquido, saindo de R$ 211,313 milhões no 3T22 para resultado negativo de R$ 102,585 milhões no 3T23. A projeção média dos analistas de mercado, segundo consenso LSEG, era de prejuízo de R$ 110,51 milhões.

A receita líquida, por sua vez, registrou alta anual de 19,3%, para R$ 1,27 bilhão, praticamente em linha com a projeção LSEG de R$ 1,234 bilhão. A geração de caixa operacional (GCO) após capex totalizou R$ 254,79 milhões no trimestre, uma alta de 36,6% anual. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, ressalta a companhia, o GCO após capex foi de R$ 652,7 milhões, ante R$ 540,3 milhões no ano inteiro de 2022.

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Na visão da XP, a Cogna reportou resultados ligeiramente positivos no 3T23, com aumento de receita e margem Ebitda pelo forte desempenho nas três unidades de negócios (Kroton, Vasta e Saber).

“Destacamos que a Kroton apresentou mais um trimestre de continuidade do seu processo de recuperação, com crescimento do volume sem queda dos tickets, além de significativa redução de PDD (provisões)”, avalia.

O Itaú BBA também aponta que a Cogna reportou um sólido crescimento de receitas de 19%, impulsionado pelo desempenho positivo em todas as unidades de negócios.

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“O destaque ficou com a Kroton, que apresentou bom crescimento da base de alunos e tendência saudável de ticket (preço) médio. Em termos de rentabilidade, a empresa apresentou um forte aumento de 32% no resultado operacional (Ebitda) ajustado, superando nossa estimativa em 7,6% e levando a uma expansão de margem anual de 2,3 pontos percentuais”, aponta o banco.

A Genial ressalta que, dentro de Kroton, a estratégia da companhia em focar na Baixa Presencialidade  (BP) tem surtido efeitos positivos, com o benefício da alavancagem operacional. Resultado disso, o volume da captação de BP cresceu 6,6% versus o 2S22, sendo o destaque para o Semipresencial crescendo 11,4% na mesma base comparativa.

No todo, a Kroton cresceu 6,9% sua base de alunos ultrapassando a marca de 1 milhão de alunos. Destaque também em Kroton foi a redução da taxa de evasão, reduzindo -1,4 p.p. ano contra ano, saindo de 17,9% para 16,5% em bases totais, avalia a casa.

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Em Vasta, como esperado, a companhia ficou ligeiramente abaixo do seu guidance do ACV (valor anual do contrato) contratado, com 17,9% versus uma projeção de 20%. “O efeito do cenário macroeconômico e aperto monetário, fez com que o acesso ao crédito das escolas reduzisse e, por consequência, impactasse o atingimento por completo do guidance. Dito isso, a unidade tem apresentado bons números, principalmente quando falamos da receita recorrente”, avalia.

“Como temos visto nos últimos trimestres, a linha do resultado financeiro ainda deprecia bastante os ganhos operacionais da receita da companhia, fazendo com que a companhia consolide um prejuízo líquido de R$ 102,6 milhões”, aponta a casa, que tem recomendação de manutenção para o ativo, com preço-alvo de R$ 3.

A XP também tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 3,30. Os analistas ponderam que a alavancagem (considerando arrendamentos e financiamento de fornecedores)  permanece elevada – em 4,0 vezes o Ebitda ajustado – embora observem que a empresa está aplicando os esforços necessários para reduzi-la. “Por mais um trimestre vemos os resultados como positivos, mas continuamos céticos devido ao valuation e à alavancagem financeira”, afirma.

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Já o BBA tem recomendação de “compra” para COGN3, com preço-alvo de R$ 4 ao final de 2024.

Soma (SOMA3)

Depois de reagir muito negativamente aos resultados do segundo trimestre, em agosto, as ações SOMA3 saltam após o balanço do terceiro trimestre.

O lucro líquido ajustado ficou em R$ 96,1 milhões, com redução de 6,7% em relação ao mesmo período de 2022. A margem líquida ajustada ficou em 7,0%, com perda de 1 ponto percentual na comparação anual. Já a receita líquida totalizou R$ 1,364 bilhão, alta de 5,8% com relação ao resultado apurado no terceiro trimestre de 2022.

A XP aponta que o Grupo Soma reportou resultados melhores que o esperado no terceiro trimestre, com desempenho de receita e margem bruta em linha com as nossas projeções, mas com Ebitda e lucro líquido acima do que esperava devido a menores despesas com SG&A [custos de vendas, gerais e administrativos], resultados financeiros e despesas com impostos. “Mantemos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 11 por ação”, aponta.

O BBI também destacou que o Grupo reportou números do 3T23 acima das expectativas consideravelmente baixas do consenso, antecipando que isso poderia se refletir no preço da ação (SOMA3 caiu 46% desde os últimos resultados) -desta forma, as linhas de Ebitda /lucro do 3T23 acima do previsto poderiam proporcionar algum alívio para a ação no pregão, antecipou.

O BBA destacou também que a empresa apresentou um resultado fraco, mas com rentabilidade ligeiramente melhor do que suas expectativas.

“Soma e Hering apresentaram tendência de receita fracas, com a primeira em linha com nossa projeção e a última 3% acima. A margem bruta veio dentro do esperado, com a Soma (excluindo a Hering) registrando uma queda anual de 1,5 p.p., enquanto a Hering registrou um aumento de 1 p.p. em relação ao ano anterior. Além disso, despesas operacionais mais altas levaram a uma queda de 1,3 pp na margem Ebitda, para 15,0%, mas 1 pp acima das nossas expectativas”, avalia.

O banco também reiterou que, embora os resultados trimestrais tenham sido fracos, dada a posição técnica leve da Soma entre os investidores locais e uma relação preço/lucro de 9 vezes para 2024, mantém  recomendação de “compra” para SOMA3, com preço-alvo de R$ 12 ao fim de 2024.

Hapvida (HAPV3)

A Hapvida (HAPV3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 261,1 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), montante 61,5% abaixo do reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta quarta-feira (8). Sem considerar o ajuste, a companhia registrou um prejuízo de R$ 206,7 milhões, ante lucro de R$ 35,2 milhões em igual período de 2022.

Apesar da queda do lucro, os resultados foram considerados positivos. O Itaú BBA destaca o crescimento do ticket (preço) médio, que foi impulsionado pela implementação de aumentos de preços e superou consideravelmente o custo por beneficiário no trimestre, resultando em uma melhoria de 2 pontos porcentuais (pp) na comparação trimestral. “Isto foi 1,3 pp melhor do que a nossa expectativa conservadora e acima das projeções dos investidores”, aponta.

Além disso, a empresa reportou números saudáveis nas despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) e geração de fluxo de caixa. Como o esperado, as adições líquidas voltaram a ser o destaque negativo devido ao encerramento de carteiras de baixa rentabilidade no Sul e Sudeste. “Prevemos que estes resultados levarão a uma revisão em alta nos lucros. Mantemos nossa recomendação de compra para o HAPV3, com preço-alvo de R$ 7 ao final de 2024”, reforça.

O Bradesco BBI também avalia que os resultados do 3T23 do Hapvida foram fortes, superando a estimativa do BBI em 9% no EBITDA e 19% no lucro líquido.

“Os destaques positivos foram: (i) MLR (índice de sinistralidade médica) que melhorou 2pp no trimestre (versus expectativa do BBI de melhora de 1pp) para 71,9%, e (ii) despesas financeiras que ficaram 9% abaixo do esperado pelo BBI, quando ajustadas por R$ 62,5 milhões relacionadas ao custo de swap. Os pontos negativos foram: (i) receita que ficou 2% abaixo do esperado pelo BBI, alta de apenas 9% no comparativo anual, e (ii) o fluxo de caixa livre (FCFE) de R$ 37 milhões (vs. expectativa do BBI de R$ 170 milhões)”, aponta.

Assim, os resultados reforçaram a tendência positiva da normalização do MLR (índice de sinistralidade médica). O banco mantém recomendação de compra devido à dinâmica positiva dos lucros e à potencial revisão para cima das projeções pelo mercado.

Alpargatas (ALPA4)

A Alpargatas, dona da marca Havaianas, registrou lucro líquido normalizado de R$ 4,6 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 90,1% na comparação com mesmo intervalo do ano passado, quando ficou em R$ 45,8 milhões.

Já no indicador consolidado, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 8,5 milhões. O lucro líquido normalizado de Havaianas foi de R$ 25,2 milhões, queda de 76,1% sobre o terceiro trimestre de 2022.

A XP aponta que a Alpargatas reportou mais uma vez resultados fracos, embora apresentando tendências melhores e com Ebitda e lucro líquido acima do esperado, resultado de uma forte recuperação de margem. “Mantemos nossa recomendação Neutra e preço-alvo de R$ 9,50 por ação”, aponta a casa.

O Bradesco BBI elevou o preço-alvo para as ações ALPA4 de R$ 8 para R$ 9 após o balanço, mas ainda assim seguiu com recomendação neutra.

A margem Ebitda superou a projeção do BBI em 4,5 pp devido a cortes de despesas de aproximadamente R$ 50 milhões no trimestre.

A Alpargatas reportou uma queda de 6,5% na receita consolidada, para R$ 896 milhões no 3T23, 6,5% abaixo da sua estimativa e 3,5% aquém do consenso. A perda foi impulsionada por volumes mais baixos nos mercados brasileiro e internacional, 6,2% e 12,4% abaixo do esperado pelo banco, respectivamente. Os menores volumes e receitas foram parcialmente compensados por uma forte redução das despesas SG&A na divisão brasileira. A margem bruta do Brasil ficou ligeiramente acima da sua estimativa de 37,2%.

“Além disso, a Alpargatas reduziu drasticamente suas despesas com marketing (-R$ 40 milhões no trimestre e  -R$ 20 milhões no ano) em um ritmo mais forte do que prevíamos e incorreu em uma reversão de despesas com remuneração de administradores, o que, juntamente com os cortes nas despesas variáveis gerais, levou a uma forte superação do Ebitda”, aponta.

“A Alpargatas reportou resultados melhores do que as nossas estimativas pessimistas e as do consenso (…). A empresa apresentou um Ebitda acima do esperado, apesar da perda de receitas e de lucro bruto, dado o seu rigoroso controle de despesas”, avalia.

Além disso, a Alpargatas recuperou a geração de fluxo de caixa livre nos últimos meses, impulsionada pela normalização dos níveis de estoques.

“No geral, a gestão parece estar no caminho certo para reduzir despesas e complexidades da estratégia empresarial, do portfólio de produtos e das estruturas corporativas, o que é positivo no longo prazo. No entanto, continuamos cautelosos no curto prazo, uma vez que temos visibilidade limitada na recuperação do volume e na sustentabilidade de despesas mais baixas, especialmente de marketing, que é um aspecto fundamental para manter as preferências de marca e a introdução de novos produtos no médio e longo prazo. Por enquanto, mantemos nossa classificação neutra, embora tenhamos aumentado nossas estimativas de curto prazo dadas as estimativas superadas, o que acabou elevando nosso preço-alvo”, ressaltou.

Ultrapar (UGPA3)

Assim como a Vibra (VBBR3), a Ultrapar também divulgou resultado que superou e muito as projeções do mercado.

A Guide destacou uma análise por segmento, listadas a seguir:

Ultragaz. O volume de gás vendido cresceu apenas 1% em comparação com o mesmo período do ano anterior 3% contra o trimestre anterior. O Ebitda da Ultragaz foi de R$ 453 milhões no 3T23, um aumento de 36% em relação ao 3T22. Este aumento foi atribuído às iniciativas de aumento de eficiência e produtividade, a um melhor mix de vendas e ao repasse inflacionário, apesar de maiores despesas.

Ultracargo. A carga de referência segue crescendo (11% contra o terceiro trimestre de 2022). O EBITDA Ajustado totalizou R$ 173 milhões no 3T23, um aumento de 27% em relação ao 3T22. Este aumento é reflexo da maior ocupação da capacidade com ganhos de rentabilidade, vendas spot, maiores tarifas e ganhos de produtividade e eficiência, apesar de maiores despesas.

Ipiranga. O volume de vendas teve uma queda de 2% em comparação com o 3T22. Esta queda foi influenciada por uma redução de 1% nas vendas de diesel, devido a uma estratégia de menores vendas no mercado spot, e uma queda de 3% no ciclo Otto. No entanto, quando comparado ao 2T23, o volume de vendas foi 5% maior, refletindo a sazonalidade típica entre os períodos.

“Bem como a Vibra, a Ultrapar tem conseguido apresentar bons resultados mesmo com a nova política de precificação de combustíveis da Petrobras”, apontou a Guide, destacando também que esperava reação mais tímida dado “que o mercado já esteja mais preparado para esse resultado em vista que a Vibra já havia divulgado seu resultado”.

O Bradesco BBI ressaltou o Ebitda superando em 34% a sua projeção e ficando 40% acima do consenso, devido principalmente à margem superior ao esperado em Ipiranga.

Contudo, o banco avalia que as margens provavelmente se normalizarão em um nível inferior aos R$ 244/m³ deste trimestre, mas ainda não temos certeza de qual será o nível, já que a volatilidade dos preços dos combustíveis continua poluindo os resultados.

“Para o 4T23, acreditamos que as margens deverão sofrer uma queda acentuada, dado que a Petrobras está atualmente vendendo combustível a preços acima do PPI (preço de paridade internacional) e deverá reduzir os preços, o que levaria então a perdas de estoque”, afirma.

Além disso, o BBI complementa a ver que o mercado parece mais bem abastecido agora com a reabertura da janela de importação. “Mesmo se considerarmos uma margem real de R$ 130/m³ para a Ultrapar, veríamos nosso preço-alvo em R$ 27/ação, o que ainda representa potencial limitado em relação ao preço atual das ações. Nesse sentido, mantemos a recomendação Neutra”, reforça.

3R (RRRP3)

A 3R Petroleum registrou prejuízo líquido de R$ 77,5 milhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo lucro de R$ 469,8 milhões do mesmo trimestre do ano passado. Apesar do prejuízo, os números agradaram o mercado.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, por exemplo, foi de R$ 828,6 milhões, alta anual de 330,1%.

“O resultado superou nossas estimativas, com dados mais fortes no upstream e, principalmente no mid e downstream, mostrando boas margens operacionais”, avalia a Eleven Financial.

A casa lembra que foi o primeiro trimestre com os dados integrais de Potiguar, que impulsionaram a produção de óleo e os resultados com mid e downstream. A produção média da companhia atingiu 42,7 mil boe/dia (+51% no trimestre; +186% ano a ano), contribuindo para os resultados recordes do trimestre. O segmento de upstream atingiu um Ebitda de R$ 799 milhões (+12% versus a projeção da Eleven; +202% no trimestre) com margem de 53% (+18 p.p na base trimestral).

“Uma melhora robusta nos resultados devido ao Polo Potiguar, que contribuiu pela primeira vez com o trimestre cheio para os resultados da companhia”, aponta.

Com todos os polos operacionais de forma integrada, inclusive os ativos de mid e downstream pela primeira vez, a Eleven destacou ter uma visão mais clara do potencial de geração de resultados, principalmente do segmento de mid e downstream, cujas projeções eram mais incertas. “Acreditamos que os resultados foram muito positivos e ainda com muito espaço para melhora operacional. Vemos a companhia negociando a um múltiplo EV/Ebitda esperado para 2024 de 3,0 vezes e reforçamos nossa recomendação de compra”, conclui.

A XP ressalta que o Ebitda veio 11% acima do esperava e 27% acima do consenso da Bloomberg. Os preços realizados mantiveram a tendência de reduzir a diferença para os descontos versus Brent, enquanto o lifting cost (custo de extração) médio ponderado consolidado diminuiu 21% na base trimestral.

“Vemos os resultados deste trimestre (o primeiro com seu portfólio totalmente completo e sem custos de transição) como potencialmente abrindo um novo capítulo na tese de investimento da empresa. A 3R continua sendo a ação brasileira do setor com o maior short interest, ou posição de venda, apostando na queda das ações  (cerca de 17%), então sentimos que esses resultados do 3T23 podem levar a uma reação positiva”, avalia, mantendo recomendação de compra para a empresa.

MRV  (MRVE3

A MRV&Co – conglomerado que reúne MRV, Sensia, Luggo, Urba e Resia – teve prejuízo líquido consolidado atribuível aos acionistas da controladora de R$ 136,5 milhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo lucro de R$ 2 milhões registrado no mesmo período de 2022.

O resultado da construtora foi afetado principalmente pela piora do resultado financeiro líquido. Ele gerou uma despesa de R$ 128,8 milhões, contra uma receita de R$ 113,8 milhões de um ano antes.

Apesar disso, a recuperação da operação brasileira continua, conforme aponta o BBI.

A margem bruta sobre novas vendas da MRV Brasil aumentou para 32,5% no 3T23 (alta de 0,8pp no trimestre), enquanto a margem bruta reportada da MRV Brasil melhorou para 23,4% (avanços de 4,5pp em base anual e de 1,3pp no trimestre). O ticket médio de vendas da empresa cresceu para R$ 239 mil (crescimentos de 19% em base anual e de 6% no trimestre).

Enquanto isso, o guidance para o 4T23 é atingir uma margem bruta de 33% nas novas vendas com ticket médio de R$ 230 mil.

Além disso, a MRV Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 22 milhões (ante resultados negativos de R$ 31 milhões no 2T23 e de R$ 51 milhões no 3T22), ajustado por swaps de ações, marcação a mercado e perda na venda de terreno.

“A MRV reforçou suas tendências de recuperação de margem para o 3T23, com uma margem bruta reportada com avanço de 1,3pp no trimestre (para 23,4%) e novas vendas já em 32,5%, sugerindo que uma tendência de alta é provável em 2024, conforme esperado”, avalia o BBI.

Contudo, do lado negativo, a orientação de geração de caixa para o exercício de 2023 parece difícil de ser superada (a MRV precisa gerar R$ 332 milhões no 4T23 para cumprir o limite inferior da orientação), e as perspectivas para Resia continuam se deteriorando em meio ao aumento das taxas de juros nos EUA. o que provavelmente prejudicará as estimativas da casa para 2024 para a subsidiária dos EUA.

“Em suma, acreditamos que o preço atual da MRVE3 já incorpora o pior cenário para Resia, embora não consiga refletir a provável tendência positiva no Brasil. Mantemos nossa recomendação de Compra para MRVE3 e reforçamos a ação como uma de nossas escolhas preferenciais, com um valuation atrativo e seu turnaround no Brasil no caminho certo, o que representa R$ 15 do nosso preço-alvo de R$ 20”, aponta.

Já para a XP, a MRV apresentou resultados mistos no 3T23, afetados por um lucro líquido pressionado. A receita líquida da MRV&Co aumentou por conta de robustas vendas líquidas nas operações brasileiras.

“Do lado negativo, a MRV atingiu um prejuízo líquido impactado por efeitos de swaps (R$35 milhões de equity swaps + R$55 milhões de swaps de dívida), enquanto o prejuízo líquido ajustado (ex-swaps) atingiu R$ 21 milhões. Por fim, a MRV divulgou uma política de queima de caixa zero para a Resia em 2024, com estabilização temporária das operações. Mantemos nossa recomendação de compra e preço alvo de R$ 17”, apontam os analistas da casa.

Maiores quedas

Blau (BLAU3)

A Blau (BLAU3) teve lucro líquido de R$ 99 milhões, com alta de 5,3% em relação aos R$ 94 milhões reportados no mesmo período do ano passado.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente ficou em R$ 49 milhões, com queda de 58,5% em relação aos R$ 119 milhões reportados no terceiro trimestre de 2022. A receita líquida, por sua vez, apresentou discreta alta de 0,3%, em R$ 363 milhões.

A Eleven ressalta que o resultado do 3T23 foi inferior em relação às suas estimativas, com a receita 4,8% abaixo do que esperava, com destaque especial para o impacto não-recorrente relacionado à compra vantajosa do Bergamo, no valor de R$ 121 milhões.

“Vale destacar também os R$ 316 milhões em investimentos realizados para expansão, sendo R$266 milhões investidos na Prothya, empresa europeia que coleta e fraciona plasma humano, R$31 milhões em P&D, e R$19 milhões em imobilizado. O lucro bruto ficou em R$ 111 milhões no período, com margem de 30,7% (-18,5 p.p.), impactada por menores preços nos produtos que são muito representativos para a companhia, e pelo aumento expressivo do custo de matéria-prima, que ficou em 56,4% da receita líquida, um aumento de 15,8% p.p. na comparação anual”, aponta.

Os analistas da casa reforçam que a consolidação dos saldos do laboratório Bergamo no balanço impactaram as variações das contas de capital de giro, fazendo com que o fluxo de caixa operacional ficasse negativo.

“A companhia tem um cenário bastante desafiador pela frente, tendo que endereçar as barreiras encontradas na expansão de sua receita, bem como melhorar significativamente o seu operacional dado a integração com Bergamo. Por outro lado, vemos com bons olhos os investimento realizados, visando diversificação de receita em moeda forte, e expansão da linha de produtos comercializados, ações que devem começar a render frutos num futuro próximo”, aponta. Assim, dado esse balanço, ainda mantém recomendação de compra para o papel, com preço alvo em R$ 34,00.

O BBA também aponta que a consolidação de Bergamo compensou o fraco desempenho orgânico das receitas, resultando numa receita líquida estável. Em termos de rentabilidade, a companhia sofreu forte pressão na rentabilidade bruta (-18,2 pp ano contra ano e 10,3 pp abaixo da sua estimativa) devido a múltiplos fatores, como o cenário competitivo desafiador e um pior mix de produtos. Mas, assim como a Eleven, o banco mantém recomendação de “compra” para BLAU3, com preço-alvo de R$ 30 ao final de 2023.

Minerva (BEEF3)

A Minerva Foods (BEEF3) encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 141 milhões, 0,3% menor que no mesmo período de 2022.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 11,5% na comparação, para R$ 713,7 milhões, e a receita registrou queda de 16,2%, para R$ 7,068 bilhões.

O Itaú BBA aponta que o Ebitda ficou 6% abaixo da sua projeção.

“Como resultado, esperamos que os investidores revisem para baixo suas expectativas de Ebitda para o ano, provavelmente em direção à banda inferior da expectativa de R$ 2,8-3,0 bilhões, esperada há alguns meses”, avalia.

O banco vê um baixo posicionamento dos investidores no papel, uma vez que a tese de investimento da companhia agora gira em torno da aprovação da aquisição de plantas de abate da Marfrig MRFG3) e da contribuição esperada dos novos ativos adquiridos.

Já o Bradesco BBI aponta o Ebitda abaixo do esperado, mas que o frigorífico gerou fluxo de caixa livre positivo (R$ 608 milhões) pelo segundo trimestre consecutivo, com a normalização do seu capital de giro retornando para R$ 581 milhões, enquanto a alavancagem financeira permaneceu praticamente estável ante o trimestre anterior, em 2,8 vezes (ante 2,7 vezes em 2T23).

O banco também destaca como grande catalisador para as ações as operações com a Marfrig.

“A recuperação dos preços ainda está atrasada e isso apoia a nossa visão mais cautelosa sobre o nome. Embora as ações da Minerva estejam sendo negociadas a 3,7 vezes o múltiplo EV, ou valor da empresa, sobre o Ebitda esperado para 2024, um desconto de 18% em relação à sua média histórica, uma reavaliação dos múltiplos dependeria da capacidade da empresa de acelerar a eficiência dos ativos recentemente adquiridos da Marfrig”, aponta a casa.

O mercado parece cauteloso em relação à recente aquisição de ativos da Marfrig, afirma a casa e, portanto, o sucesso desta nova operação deverá ser a chave para uma recuperação dos preços das ações.

CBA (CBAV3)

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) teve prejuízo de R$ 263 milhões, revertendo lucro de um ano antes. 

“Com relação ao 3T22 a variação é principalmente pela queda da receita líquida, além da variação negativa no resultado financeiro líquido, parcialmente compensado pelo melhor resultado de outros resultados operacionais e do imposto de renda e contribuição social”, destaca a CBA.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 46 milhões, com perda de 86% em relação no terceiro trimestre de 2022, que registrou R$ 331 milhões de Ebitda ajustado. A margem ajustada recuou 13 pontos percentuais, caindo de 15% para 2%.

A XP apontou que a CBA reportou resultados fracos no 3T23, embora melhores do que esperava, com a queda do Ebitda refletindo uma estrutura de custos pressionada em meio aos baixos preços do alumínio.

A CBA também anunciou um aumento de capital de R$ 140-206 milhões com desconto de 12% em relação ao preço de fechamento de ontem para reforçar sua posição de caixa (oferta representando 6-9% do número atual de ações). “Embora continuemos a ver valor a longo prazo na CBA, reconhecemos que as perspectivas a curto prazo deverão permanecer pressionadas pelos atuais preços do alumínio”, apontam os analistas.

O BBA também destacou o resultado como negativo, comas dinâmicas operacionais fracas e não parecendo que irão melhorar no curto prazo. Com o Ebitda dos últimos meses em queda e um FCF negativo, a alavancagem subiu para 9.7 vezes.

Banco do Brasil (BBAS3)

O BB reportou lucro líquido recorrente de R$ 8,8 bilhões no 3T23 (estável no trimestre, mas 4,5% maior no comparativo anual), 2,2% abaixo do consenso da Bloomberg.

Em termos de rentabilidade, o ROE (retorno sobre o patrimônio) ficou em 21,3%, ligeiramente abaixo do esperado pelo Bradesco BBI de 21,5% e estável em relação ao 2T23. O número ligeiramente abaixo do previsto foi atribuído principalmente a maiores despesas de provisão (5,3% acima do esperado), devido a R$ 507 milhões em provisões adicionais relacionadas a um cliente corporativo específico de grande porte (Americanas, AMER3), o que também levou a uma deterioração de 0,10 ponto percentual (p.p.) na inadimplência total.

“Não fosse esse caso específico, a inadimplência teria melhorado 0,1 ponto percentual em termos trimestrais, com uma melhoria significativa na qualidade dos ativos individuais (recuo de 0,3 ponto em termos trimestrais)”, avalia o BBI.

Excluindo a provisão adicional, o lucro líquido teria sido de R$ 9,2 bilhões (altas de 4,7% no trimestre e de 9,5% em base anual).

Enquanto isso, aponta, a margem financeira registrou um desempenho ainda forte (em linha com o esperado), com despesas operacionais controladas (em linha com a expectativa) e receitas de comissões positivas (2,6% acima do esperado).

O BBA viu o resultado como de neutro para positivo. “Como destaque fica a melhor carteira de crédito do setor, com crescimento de 2% no trimestre e 4% de crescimento de NII, com maiores spreads”.

Oi (OIBR3)

A Oi (OIBR3) divulgou seus resultados financeiros na noite da quarta-feira (8) e apresentou redução do prejuízo em 12,7% no terceiro trimestre. O desempenho foi considerado fraco por analistas e, na visão da Genial, “não há indícios de melhoras”.

“A empresa encontra-se em uma situação extremamente complicada, com queima de caixa e endividamento exorbitante (R$22,7 bilhões) e sem perspectivas de recuperação. Portanto, estamos mantendo nossa recomendação de venda, porém estamos reduzindo o preço-alvo de R$0,90 para R$ 0,60”, considera a corretora, em relatório sobre o balanço apresentado.

Aeris (AERI3)

Além dos resultados, a Aeris (AERI3), companhia que trabalha fabricando peças para o setor de energia eólica, anunciou o registro de uma oferta pública de distribuição primária de ações.

A companhia protocolou perante a Comissão de Valores Mobiliários pedido de registro de oferta pública de distribuição primária de ações ordinárias.

A oferta compreende a distribuição primária de 476.190.477 novas ações, ao preço de R$ 0,84 por ação, perfazendo o montante total de R$ 400 milhões.

A Aeris pretende utilizar os recursos líquidos para otimizar a estrutura de capital, reduzir o índice de alavancagem e suprir as necessidades de caixa para amortização das operações financeiras vincendas em 2024.

A família Negrão não deve exercer seu direito de preferência e passará a deter 37% de participação na empresa, ante os atuais 60,1%. Para exercer o direito de preferência, a família precisaria dispor de R$ 250 milhões, valor que deve ser bancado pelo BTG Pactual ((BPAC11), mas com um acordo para recompra nos próximos dois anos, pelo valor de até R$ 2,00 por ativo.

Sobre o balanço, a companhia teve um prejuízo líquido de R$ 28,7 milhões no terceiro trimestre de 2023, número maior do que o prejuízo de R$ 25,9 milhões do mesmo período do ano passado. O avanço se dá apesar de a receita operacional líquida ter crescido 41,6%, para R$ 885,8 milhões.

“A Aeris reportou resultados continuadamente pressionados no 3T23, com Ebitda de R$ 78 milhões ligeiramente abaixo de nossas estimativas, com o resultado ainda prejudicado por uma estrutura de capital abaixo do ideal. Do lado operacional, vemos um melhor ritmo de produção parcialmente compensado por preços médios mais baixos, com a contração da margem Ebitda no trimestre como um destaque negativo”, aponta.

Além disso, vê a redução da carteira de pedidos como uma das maiores preocupações em torno da tese de investimento da Aeris (que a empresa espera endereçar parcialmente no curto prazo). Sobre a oferta primária de R$ 400 milhões a um preço de R$ 0,84/ação (diluição de 39%), a XP vê como necessária neste momento, mitigando os riscos de liquidez no curto prazo (caixa + oferta cobrindo 102% da dívida com vencimento em 2025 esperado e 65% da posição total da dívida).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.